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- Eu adoro comer e fazer feijoada! Este poema foi lido por mim no CVT – Café Literário – e me deu vontade de dividi-lo com todos vocês! Espero que gostem! Ainda mais sendo de Vinícius de Moraes! E hoje é dia de feijoada!
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FEIJOADA – Um dos mais famosos pratos regionais do país, é uma técnica portuguesa aliada a ingredientes nacionais. Com cerca de um século de existência, até finais do século XIX não apresentava as características que tem hoje. Inicialmente era uma comida de escravos, mais simples e rudimentar, de grãos e partes do porco desprezadas pelos senhores. Hoje é cozido de feijão-preto e carnes (lombo, carne-seca, toucinho, linguiça, pé de porco, orelha, rabo de porco etc.), bastante temperado com um refogado de cebola, alho, louro e gordura, acrescido de sal e pimenta. Serve-se acompanhado de arroz branco, fatias de laranja, couve cortadinha e refogada, farofa e molho de pimenta. Na Bahia, a feijoada é preparada com feijão-mulatinho, e não com feijão-preto, usado no Sul e Sudeste.
receitas
FEIJÃO GORDO
INGREDIENTES: Um quilo de feijão-preto, catado, 500g de carne-seca, demolhada, 500g de costelinhas frescas e levemente fritas (seladas), 1 linguiça portuguesa em rodelas, 2 paios em rodelas, 250g de bacon, cortados em pedacinhos, 3 colheres de sopa de óleo, 1 cebola, cortada em pedacinhos, 5 dentes de alho, espremidos, 3 folhas de louro, sal e pimenta-do-reino a gosto.
MODO DE PREPARO: Coloque numa panela de pressão grande o feijão, a carne-seca, o paio, a linguiça e o louro. Deixe cozinhar por 30 minutos. Abra a panela e coloque as costelinhas seladas e cozinhe por mais 15 minutos. Faça um refogado com o óleo, até que o bacon fique dourado. Acrescente o alho e a cebola e refogue bem. Coloque uma concha de caldo do feijão e deixe apurar. Verifique o sal e acerte-o se for necessário e acrescente a pimenta. Misture ao feijão deixando pegar gosto. Sirva com rodelas de pão ou uma bela guarnição de feijoada.
RENDIMENTO: 12 porções.
NOTAS: O feijão gordo é parente da feijoada, principalmente para aqueles que querem rapidez ou por preguiça. Podem ser colocadas as carnes que o leitor preferir! Esse feijão é excelente para uma roda de samba, de “causos”, ou de amigos que adoram uma cachaça! Reúna o seu grupo, sendo ele qual for!
BOM APETITE!
Feijoada à minha moda – Vinícius de Moraes
Amiga Helena Sangirardi
Conforme um dia prometi
Onde, confesso que esqueci
E embora — perdoe — tão tarde
(Melhor do que nunca!) este poeta
Segundo manda a boa ética
Envia-lhe a receita (poética)
De sua feijoada completa.
Em atenção ao adiantado
Da hora em que abrimos o olho
O feijão deve, já catado
Nos esperar, feliz, de molho
E a cozinheira, por respeito
À nossa mestria na arte
Já deve ter tacado peito
E preparado e posto à parte
Os elementos componentes
De um saboroso refogado
Tais: cebolas, tomates, dentes
De alho — e o que mais for azado
Tudo picado desde cedo
De feição a sempre evitar
Qualquer contato mais… vulgar
Às nossas nobres mãos de aedo.
Enquanto nós, a dar uns toques
No que não nos seja a contento
Vigiaremos o cozimento
Tomando o nosso uísque ontherocks.
Uma vez cozido o feijão
(Umas quatro horas, fogo médio)
Nós, bocejando o nosso tédio
Nos chegaremos ao fogão
E em elegante curvatura:
Um pé adiante e o braço às costas
Provaremos a rica negrura
Por onde devem boiar postas
De carne-seca suculenta
Gordos paios, nédio toucinho
(Nunca orelhas de bacorinho
Que a tornam em excesso opulenta!)
E — atenção! — segredo modesto
Mas meu, no tocante à feijoada:
Uma língua fresca pelada
Posta a cozer com todo o resto.
Feito o quê, retire-se o caroço
Bastante, que bem amassado
Junta-se ao belo refogado
De modo a ter-se um molho grosso
Que vai de volta ao caldeirão
No qual o poeta, em bom agouro
Deve esparzir folhas de louro
Com um gesto clássico e pagão.
Inútil dizer que, entrementes
Em chama à parte desta liça
Devem fritar, todas contentes
Lindas rodelas de linguiça
Enquanto ao lado, em fogo brando
Dismilinguindo-se de gozo
Deve também se estar fritando
O torresminho delicioso
Em cuja gordura, de resto
(Melhor gordura nunca houve!)
Deve depois frigir a couve
Picada, em fogo alegre e presto.
Uma farofa? — tem seus dias…
Porém que seja na manteiga!
A laranja gelada, em fatias
(Seleta ou da Bahia) — e chega
Só na última cozedura
Para levar à mesa, deixa-se
Cair um pouco da gordura
Da linguiça na iguaria — e mexa-se.
Que prazer mais um corpo pede
Após comido um tal feijão?
— Evidentemente uma rede
E um gato para passar a mão…
Dever cumprido. Nunca é vã
A palavra de um poeta… — jamais!
Abraça-a, em Brillat-Savarin
O seu Vinicius de Moraes
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