Henrique Amorim
A culpa é da alta nos preços dos barris de petróleo no mercado internacional — que chegaram semana passada a US$ 109 na bolsa de Nova York e a US$ 123 na de Londres devido às tensões recentes no Oriente Médio e o dólar fraco. De quebra, há ainda quem aponte o reajuste de 2% no Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) como fator.
Argumentos oficiais não faltam para justificar a disparada nos preços dos combustíveis, mas quem paga a conta — diga-se de passagem, bem amarga — são os consumidores.
Depois do reajuste médio de 16% no preço do etanol, que já chega a custar em alguns postos de Nova Friburgo R$ 2,59 o litro, foi a vez da gasolina ter alta de 7% em média nas bombas. De R$ 2,69, o litro, o preço pulou para R$ 2,99 em diversos postos de combustíveis do Centro. A versão aditivada do combustível pesa ainda mais no bolso e já custa até R$ 3,09 o litro.
Resultado: muita reclamação e até queda nas vendas.
— Tinha cliente cativo que toda vez em que vinha aqui mandava encher o tanque. Desta vez, quando viram as placas com os novos preços, resolveram colocar até 15 litros. Todo mundo está reclamando. A gente, que não tem nada a ver com isso, é que acaba escutando — diz o frentista de um posto de combustíveis no Centro de Nova Friburgo.
Outro observa que os carros flex (movidos a gasolina ou etanol) deixaram de ser vantagem.
— De dez carros flex que param aqui no posto só abastecemos com etanol dois ou três. Mesmo com aumento os motoristas estão preferindo a gasolina — disse o gerente do posto, conformado com a queda de 20% na procura da gasolina aditivada. — Está caro mesmo — reconhece.
O profissional liberal Carlos André de Souza Eleutério, 46 anos, viaja a Cordeiro pelo menos duas vezes por semana e se assustou com os novos preços dos combustíveis.
— Pensei inicialmente que os preços estavam errados. Tive que rodar a cidade e abasteci num posto de Conselheiro Paulino, onde o litro da gasolina estava a R$ 2,79. É um absurdo. Com uma alta dessas, o preço de tudo vai subir — acredita, dizendo que já pensa em reduzir as viagens ou passar a fazê-las de ônibus.
O governo justifica a disparada no preço do etanol com a entressafra da cana de açúcar e a consequente redução da oferta no mercado. Os aumentos também atingiram o óleo diesel, que já chega a R$ 2,19 o litro, e muitos caminhoneiros que transportam hortifrutigranjeiros para a Ceasa no Rio de Janeiro já cogitam o repasse desse custo extra para o preço final das mercadorias. Até o gás natural veicular (GNV) já não atrai tanto os consumidores. No único posto que oferece o combustível, no bairro Duas Pedras, o GNV sai a R$ 1,94 e sobram queixas . Em Natal-RN, o Ministério Público já questiona o motivo da grande alta com ações na Justiça.
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