Exposição com réplicas em papel machê de obras clássicas do artista de renome internacional está em cartaz no Centro de Arte. Vale a pena conferir a mostra, que tem ainda trabalhos dos artistas locais Felga de Moraes e Marcelo Auad
Henrique Amorim
Quem ainda não conhece o talento do artista plástico friburguense Zeppe, o “mestre da arte do papel machê”, com certeza vai se impressionar ao conferir seu talento ao confeccionar esculturas a partir de papéis amassados e retocados com tinta. Uma mostra de seu trabalho encontra-se no Centro de Arte (Praça Getúlio Vargas 71, subsolo) até o próximo dia 28 de setembro, na exposição organizada pelo Grupo Arte, Movimento e Ação (Gama) em homenagem ao pintor friburguense de fama internacional Alberto da Veiga Guignard. Na exposição “Uma história viva em busca de Guignard”, Zeppe reúne dezenas de réplicas em papel machê de personagens e obras retratadas nas obras de Guignard. A expressividade e a singeleza das esculturas impressionam. Na abertura da exposição na noite da última sexta-feira, 26, membros da cultura local não pouparam elogios ao talento de Zeppe. “Fico muito contente com essas homenagens de gente querida que se interessa pela cultura e pelas artes nesta cidade”, resumiu Zeppe.
O presidente do Gama, Chico Figueiredo, assim como o fundador, administrador do grupo e um dos organizadores da exposição, Júlio Cezar Seabra Cavalcanti, o Jaburu, acreditam que a mostra dos trabalhos de Guignard pela arte de Zeppe, além de aguçarem a curiosidade dos friburguenses sobre a arte de Guignard—infelizmente ainda não valorizado o quanto que merecia em sua terra natal—servirá ainda para incrementar as atividades culturais. “É muito bom ver as pessoas entrarem aqui, se impressionarem com o talento do Zeppe e ao mesmo tempo se interessarem em descobrir quem foi Guignard, conhecerem um pouco de seu legado e de sua fama mundo afora”, observa Jaburu. E Chico completa: “Em breve traremos caravanas de estudantes aqui para terem uma pequena aula de cultura com as obras de Guignard e conhecerem a arte do papel machê”.
A exposição reúne ainda nas salas Nêgo e Villa-Lobos trabalhos dos artistas locais João Baptista Felga de Moraes, também diretor de artes visuais do Gama, e Marcelo Auad. Felga destaca-se na mostra com diversas obras em desenho que chamam a atenção pelo realismo, desde figuras ecléticas até uma homenagem especial a Chico Figueiredo, que ganhou um quadro surpresa. Já Marcelo Auad foi alvo de muitas reverências com suas obras multicoloridas que harmonizam ambientes.
A mostra do Gama e Zeppe permite ainda aos visitantes uma viagem ao bucolismo das paisagens mineiras, à natureza bela e personagens típicos retratados nas pinturas de Guignard e à Nova Friburgo antiga, com fotos do restaurador Osmar de Castro, que selecionou fotos dos locais onde o “pintor dos pintores” (como Juscelino Kubitschek classificou Guignard) viveu parte de sua infância em sua terra natal. “Quem vier conferir esta mostra vai se encantar”, adianta o ator de teatro e diretor do Ponto de Cultura de Olaria, Rodrigo Guadagnini. A exposição “Uma história viva em busca de Guignard” pode ser vista de terça a domingo, das 10h às 21h, com entrada franca. Mais informações através do telefone 2533 1359.
Quem foi Alberto da Veiga Guignard
Alberto da Veiga Guignard foi um dos principais nomes da arte moderna brasileira. Ele nasceu em fevereiro de 1896 na antiga Rua 3 de Janeiro—atual Ernesto Brasílio—, no centro de Nova Friburgo, e aos dois anos de idade se mudou da cidade com a família. Especializou-se na pintura e destacou-se internacionalmente com exposições de quadros no Brasil e no exterior. Sua obra se caracteriza pela descrição e sensibilidade com traços leves e definidos, que revelam a extrema perspicácia e a destreza do nobre artista que, infelizmente, é pouquíssimo conhecido em Nova Friburgo. Guignard faleceu em 1962 em Belo Horizonte-MG. Seu corpo está sepultado na Igreja de São Francisco de Assis, na histórica Ouro Preto, interior de Minas. Guignard morou no Brasil até os 11 anos de idade, quando então se mudou para a Alemanha com a mãe, após a morte do pai. No exterior, lapidou seu dom nas escolas de belas-artes de Munique e Florença. Em 1944, de volta ao Brasil, Guignard incrementou o Instituto de Belas Artes de Belo Horizonte, revelando inúmeros talentos.
As reverências a Guignard feitas em Nova Friburgo são uma praça no Parque Santa Eliza, integrando o Circuito Turístico-Cultural Gama, a antiga Casa da Cultura do Country Clube, hoje Sala Guignard, e uma sala de exposições do Centro de Arte que leva o nome do artista. A obra mais famosa de Guignard, o quadro Vaso de Flores, foi arrematada há cerca de dois anos pelo ex-deputado federal Ronaldo Cezar Coelho por aproximadamente R$ 1, 8 milhão, num leilão em Nova York, nos Estados Unidos. A obra é definida pela crítica como uma verdadeira “relíquia das artes plásticas”.
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