Sem o apoio de voluntários e empresários, a Casa Madre Roseli não teria sobrevivido tanto tempo
A rigor, a obra social que desde sua fundação funciona no mesmo endereço na Rua General Osório, esteve perto de ser encerrada em 2012. "Quando a Irmã Lucimar, que estava à frente da instituição, foi chamada a fazer pastoral da família em Goiás no ano passado, não tínhamos outra freira para ficar aqui. A casa ia fechar”, relembra Maria Christina Gonçalves Fernandes Brum, diretora-secretária da Madre Roseli. "As irmãs, no entanto, pediram que nós déssemos continuidade ao trabalho, e temos feito isso desde então, por amor a essas crianças”, continuou Christina.
Duas instituições em uma
É importante destacar nessa altura que a Escola Municipal Santa Paula Frassinetti e a Obra Social Madre Roseli são instituições independentes, ainda que funcionem em sintonia e no mesmo endereço.
A Casa Madre Roseli atende em regime de semi-internato a 50 meninas entre o 1º e o 5º anos do ensino fundamental. As meninas ficam na casa das 7h às 17h, fazendo todas as refeições e recebendo tratamento multidisciplinar voltado à formação "humana, cultural e social das crianças acolhidas”, conforme estabelecem os objetivos da instituição. Até 1999, no entanto, as irmãs ainda tinham que levar as crianças às suas respectivas escolas, num esforço que crescia na mesma proporção do aumento da cidade.
Naquele ano nós fizemos o pedido à prefeitura para que as crianças pudessem estudar aqui, com professores da rede municipal. Então cumprimos todos os trâmites, e no ano 2000 a escola passou a funcionar, a princípio atendendo apenas às meninas da instituição”, relembra Maria Christina. "No entanto, sendo uma escola municipal localizada no centro da cidade, logo nós começamos a receber pedidos por parte de outros pais. A escola passou a receber alunas de fora, e num determinado momento chegamos a ter 300 crianças por aqui. Esse número superava nossa capacidade, e hoje a escola tem 240 meninas matriculadas.”
Existem, portanto, rotinas diferentes para as crianças que estudam na escola, e para as que, além disso, ainda são acolhidas pela instituição. As aulas acontecem à tarde, e as atividades exclusivas da obra social são realizadas de manhã. Entre 7h e 12h as meninas recebem acompanhamento pedagógico com duas professoras, que as ajudam com aulas de reforço e com as tarefas de casa. "A gente também tem uma parceria com o Sesc, então uma vez por semana elas vão até lá ter aulas de artesanato, e dessas oficinas saem coisas muito legais”, orgulha-se a vice-presidente Marisa Canellas. "Também temos aulas de inglês com a professora Marilda Izabel Pereira, capoeira com o Mestre Caroço, e atendimento dentário com a dentista Maria José Salarini. Todos são voluntários, assim como os diretores, que ainda incluem o secretário executivo Igor Brandão Azambuja e o tesoureiro Cláudio Antônio Costa. Além desses voluntários, temos seis funcionários em nossa folha de pagamento”, explica Christina.
Uma das professoras, Maria Janete dos Santos Jasmin, falou a respeito da sensação de trabalhar num ambiente de assistência social. "Nesse momento de minha vida, trabalhar aqui tem sido a melhor coisa do mundo. Principalmente depois que eu fui transferida para as turmas de crianças menores, porque elas me trazem muita riqueza, muito carinho, e muitos ensinamentos também”, afirmou.
Como ajudar
A instituição Madre Roseli depende de donativos de pessoas físicas, apadrinhamento das crianças, doações da comunidade, doações oriundas de penas alternativas e do aluguel que passou a receber no fim de 2012 para o funcionamento da escola. Entre as doações, a obra também recolhe roupas e calçados que possam ser vendidos no famoso bazar.
"Ao longo desses anos nós passamos por muitas dificuldades, e atualmente temos problemas para encontrar voluntários. Muitas pessoas se animam a ajudar, mas raramente estabelecem um vínculo duradouro. Geralmente saem quando arrumam algum emprego”, lamenta Maria Christina. "Precisamos de voluntariado para tarefas extraclasse, de qualquer natureza que possa acrescentar algo a essas crianças. Música, por exemplo. Nós gostaríamos de ter um coral infantil, a gente tem um piano, temos violão... Aulas de balé também. Coisas assim nos ajudariam muito. Também temos um laboratório com 18 computadores que está parado por falta de professor de informática. Voluntários fazem enorme diferença. A nossa ideia aqui é de que as crianças tenham o lugar mais aconchegante possível, dentro de nossas limitações”, continuou a diretora-secretária.
E não apenas voluntários, mas também empresários que, em datas específicas, fazem sua parte para ajudar na formação das alunas. "Às vezes a gente se desespera, as festas vão chegando e não sabemos como vamos fazer, então surge alguma ajuda do nada e tudo dá certo. E temos também as empresas que ajudam em épocas fixas, como a Stam, que todo fim de ano presenteia as meninas com mochilas e todo o material escolar de ótima qualidade. Na páscoa, a Cacau Show e a Conexão Pilates doam ovos de páscoa. A Indusmold, a Andarella e o Sr. Elcy Abreu também são grandes parceiros, sempre ajudando quando a gente precisa. Nosso material de odontologia, por exemplo, foi doado pelo Rotary Clube. Felizmente temos muitos parceiros, e sem eles e nossos voluntários a instituição não teria sobrevivido tanto tempo”, encerrou a vice-presidente Marisa Rodrigues Canellas.
Marisa Rodrigues Canellas, vice-presidente da instituição
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