Quem procurou a UPA de Conselheiro Paulino nesta quarta-feira voltou mais uma vez para casa sem o atendimento. Os funcionários da unidade prosseguiram com a paralisação iniciada na última terça-feira, 11, e atenderam apenas aos casos de urgência. Os profissionais reivindicam melhores condições de trabalho e adequação dos salários ao piso das categorias. Ainda de acordo com eles, os vencimentos estariam atrasados, informação não confirmada pelo município. A ideia da greve partiu dos médicos e teve a adesão dos demais funcionários.
Durante os últimos dois dias, os pacientes que procuraram a unidade foram orientados a seguir para o Hospital Municipal Raul Sertã. O movimento neste que é o único hospital público da cidade foi intenso nos primeiros dias desta semana, e a demora na marcação de consultas gerou inúmeras reclamações. Alguns funcionários da UPA, que preferiram não se identificar, revelaram que o eletrocardiograma estaria quebrado desde novembro do ano passado e que o Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj) já teria sido notificado sobre os problemas estruturais. As condições precárias de trabalho, inclusive, levaram a médica Marise Eiras a pedir demissão recentemente. Os responsáveis pela unidade do sexto distrito não foram autorizados a falar sobre o assunto.
Secretário nega a falta de remédios
Em nota, a Prefeitura de Nova Friburgo negou a falta de remédios, mas confirmou que alguns equipamentos da unidade de Conselheiro Paulino não estão funcionando, e outros deixaram de operar momentaneamente. Uma nova licitação está sendo providenciada e a empresa vencedora ficaria responsável pela manutenção dos aparelhos. As negociações para o fim da paralisação continuam, mas ainda não há previsão para a normalização das atividades. O secretário de Saúde, Eduardo Moiolli, diz, inclusive, que a responsabilidade do pagamento dos salários é da Cruz Vermelha. "Este é um serviço terceirizado. Houve um atraso na entrega das folhas de pagamento pela Cruz Vermelha à Prefeitura. Os salários vencem no quinto dia útil, e por isso, não há motivo para a paralisação. Mandamos uma ambulância para o local para prestar os atendimentos de maior urgência”, argumentou em entrevista a uma emissora de televisão.
Moiolli também afirmou que o estoque de remédios da unidade está completo. Entretanto, o Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro informou na última terça-feira, através de nota, que visitou a unidade e verificou falta de medicamentos e materiais.
A UPA de Conselheiro Paulino atende, em média, 300 pacientes por dia. Na última segunda-feira, 10, um dia antes da paralisação, pouco mais de 320 atendimentos foram registrados. Além de Nova Friburgo, a Unidade de Pronto Atendimento de Conselheiro Paulino recebe a população de pelo menos outras dez cidades da região. As maiores procuras são por clínicos gerais e pediatras.
"Minha filha precisa de atendimento regular, e eu não consigo nem aqui e nem em outra unidade. Recolhi mais de 600 assinaturas em Conselheiro Paulino e vou entregar no gabinete do prefeito. A saúde não pode ficar do jeito que está”, reclama a costureira Marlucia Soares dos Santos, que há um ano encontra dificuldades para realizar o tratamento de nefrologia da filha de sete anos de idade.
Justiça recomenda funcionamento da UPA com meta de 50% dos médicos
Ontem à tarde, a 1ª e a 2ª promotorias de Justiça de Tutela Coletiva de Nova Friburgo recomendaram à Prefeitura de Nova Friburgo e à Cruz Vermelha de Barra Mansa, gestora da UPA de Conselheiro Paulino, e aos grevistas que garantam a manutenção de pelo menos 50% dos médicos, enfermeiros e demais funcionários para atendimento à população, já que os serviços de saúde são essenciais.
Deixe o seu comentário