O Prêmio Construindo a Nação é concedido pelo Instituto da Cidadania Brasil, que promove concursos em todo o país entre estudantes das redes pública e particular de ensino. O prêmio, realizado anualmente, é dividido em três categorias: fundamental, médio e EJA (Educação de Jovens e Adultos). No estado do Rio de Janeiro a grande vencedora na categoria EJA foi a turma de alunos da classe anexa do Sesi, formada por funcionários da Caenf.
O prêmio surgiu em 1998, para estimular as escolas a criarem projetos voltados para a cidadania. Nova Friburgo apresentou o projeto Crescer Construindo, que inclui atividades extraclasse, como visitas a museus e bibliotecas no Rio de Janeiro e maior participação na comunidade. A diretora da escola, Karina Mello, diz que o resultado foi muito além do ensinar a ler e escrever. “À medida que o projeto foi sendo desenvolvido, eles foram conhecendo e praticando os direitos e deveres de um cidadão, de forma mais crítica e consciente. Começaram a perceber e respeitar os diferentes pontos de vista, usar o diálogo como instrumento de difusão de ideias e a definir com mais condições o que eles querem para si, para suas famílias e para suas comunidades. Este prêmio é o reconhecimento dos benefícios de uma educação diferenciada, que busca ampliar as oportunidades de inclusão social. Mas somente é possível quando o empregador tem a visão de investir na qualidade de vida dos seus funcionários”, explica Karina.
Há dois anos, a concessionária estimulou seus funcionários a voltarem a estudar. As aulas foram aplicadas na própria empresa, após o horário de expediente. Garra e força de vontade foram essenciais para eles permaneceram na empresa depois de um dia inteiro de trabalho, vencendo o cansaço e a vontade de ir para casa descansar e ficar junto da família. Para o encanador Daniel da Rocha Pereira, o esforço valeu a pena. “Com a educação a gente começa a ver a vida de outra maneira e a correr atrás de outras oportunidades, que antes a gente não enxergava ou não tinha confiança para tentar conseguir. Hoje, a convivência com a minha família melhorou muito. Eu chego em casa e posso estudar com a minha filha e passar um pouco do que aprendi. Antes ela pedia para eu ajudar a fazer o dever de casa, mas eu não sabia nada. Agora estou passando alguma coisa que eu sei. E isso compensa qualquer sacrifício”, diz Daniel.
Muita coisa mudou também para Carlos Henrique da Silva, que conta com orgulho as suas conquistas. “Eu trabalho na rua fazendo manutenção das redes de água. Eu ficava sempre no meu canto, porque não sabia falar direito e conversar com o cliente. O meu colega é que tinha que perguntar e fazer a anotação da O.S. (ordem de serviço). Agora, quando preciso falar com o cliente na rua eu já peço informação e desenvolvo bem. Eu já tive muitas conquistas depois que comecei a estudar e uma delas foi a minha carteira de habilitação, que era um sonho meu. Eu não só evoluí no estudo, como renovei minha confiança para lutar pelos meus direitos de cidadão”, conta Carlos Henrique.
Segundo o superintendente da Caenf, Alexandre Bianchini, o grupo Águas do Brasil, que assumiu recentemente a administração dos serviços de água e esgoto no município, mantém um programa de incentivo à formação integral de seus colaboradores e já renovou o contrato com o Sesi para o segundo segmento do ensino fundamental. “Esta turma é exemplo de determinação e superação, resultado de um esforço em conjunto: as esposas e filhos tiveram que esperar um pouco mais para eles chegaram em casa e os professores tiveram que ir adequando o ensino às necessidade do grupo. Mas, acima de tudo, é a gratificação para aqueles que não se acomodaram por não terem estudado em outras épocas de suas vidas e não desperdiçaram a oportunidade de reconstruir sua identidade e valorização dos diretos como cidadão”, diz Alexandre.
A premiação vai acontecer no dia 31 de março, na cidade do Rio de Janeiro. As outras vencedoras foram: na categoria ensino fundamental, a Escola Sesi-Centro de Atividades Edgar Medeiros, de Itaperuna; e, no ensino médio, a Escola Estadual Dr. Andrade Xavier, de São Gonçalo.
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