Carlos Emerson Junior
Será que a torre de telefonia celular de Riograndina, distrito aqui de Nova Friburgo, já está funcionando? Espero que sim, afinal a operadora responsável levou mais de um ano para colocá-la (se é que já colocou) em serviço. Defeito de construção? Falta de algum componente? Esquecimento? Vai saber!
Mas o que me chamou a atenção, além do óbvio pouco caso, foi uma foto mostrando que a torre foi erguida bem ao lado de uma residência. Minha primeira reação foi de espanto, já que a do Sans Souci fica lá em cima do morro, junto à estação de energia elétrica, bem longe de casa. A ideia de ter uma coisa dessas emitindo radiação durante 24 horas do dia não me agrada nem um pouco.
Só que aí me lembrei que sou ainda sou carioca e moro parte do tempo na capital fluminense, onde o que não faltam são antenas penduradas em postes, literalmente na frente de sua sala. Bastou chegar à janela e contar: uma torre gigantesca em cima de um prédio a apenas um quarteirão de distância e várias miniestações fixadas em postes no início e final da rua. Resultado, estou cercado de radiação por todos os lados.
A telefonia celular promoveu uma verdadeira revolução no Brasil. Segundo a Anatel, existem 254 milhões de linhas ativadas, muito mais do que a população do país. Apesar do preço salgado, o celular se transformou em um formidável instrumento de trabalho, inclusive substituindo a telefonia fixa com vantagens. Na verdade, somos todos dependentes desse serviço e a cada dia mais e mais utilidades vão sendo acrescentadas em seus aparelhos.
Mas, para conversarmos, acessarmos a web e nos divertirmos com vídeos e jogos, precisamos de sinal e para que o sinal chegue até nós, de mais e mais antenas, e é aí que o bicho pega: será que toda essa tecnologia pode fazer mal à nossa saúde? Ninguém sabe, ou melhor, certeza mesmo, ninguém tem.
Um relatório recente da Organização Mundial da Saúde (OMS), divulgado no último dia de maio deste ano, classifica o uso de celulares dentro da categoria 2B, que engloba fatores que podem influenciar o aparecimento de câncer (o documento pode ser baixado, em inglês, no endereço www.iarc.fr/en/media-centre/pr/2011/pdfs/pr208_E.pdf). Como era de se esperar, esse estudo está sendo criticado e a própria OMS admite que precisa de mais tempo para suas pesquisas.
De qualquer maneira, com radiação não se brinca e algumas medidas simples podem ser tomadas para diminuir o risco. Segurar o aparelho a uma pequena distância do ouvido, usar fones de ouvido para chamadas de voz ou simplesmente dar preferência às mensagens de texto sempre que possível. O nível de emissões cai rapidamente conforme aumenta a distância, por isso o simples fato de segurar o telefone a 1,5 centímetros do ouvido ou falar no viva voz, a uma distância de 30 centímetros, já pode ser considerada uma atitude segura.
Já quanto a questão das torres, aí não tem jeito, vamos ter que conviver com elas, até que inventem um sistema mais barato, menos invasivo e seguro. Apesar dos estudos inconclusivos, podemos muito bem usar o péssimo exemplo das cidades grandes para evitar uma explosão de antenas em nossa Nova Friburgo. O primeiro passo foi dado, temos uma lei municipal estabelecendo normas para instalação de torres de transmissão de antenas celulares.
A partir daí, é só uma questão de planejamento e bom senso.
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Até o final da década de 70, quem não fosse fumante estava perdido! Fumar era bonito, chique mesmo. Pessoas educadas e bem sucedidas na vida fumavam, bebiam e tinham seu carrão, não necessariamente nessa ordem. Qualquer atividade não seria completa se não fosse acompanhada de um cigarro inclusive, pasmem, ir à uma consulta médica.
Pois é, todo mundo fumava livre e despreocupadamente. A indústria do fumo era poderosa e responsável por boa parte do PIB do país, aliás, de qualquer país. A propaganda fazia questão de frisar que para ter sucesso era preciso fumar um Hollywood, o Lucky Strike separava os homens dos garotos... mas não das garotas, enquanto o Vila Rica nos ensinava que tínhamos que levar vantagem em tudo, certo?
Bom, todo mundo sabe o que aconteceu, não é mesmo? Os estudos de longo prazo apareceram provando que o tabagismo era um vício letal. Doenças como pressão alta, câncer de pulmão, câncer de bexiga, infarto do miocárdio, derrame cerebral, arteriosclerose, bronquite asmática, enfisema pulmonar e tantas outras entraram no dia a dia de todos e o hábito de fumar passou a ser considerado uma atividade de risco e de péssimo gosto. O charme acabou.
Hoje ninguém mais discute os malefícios do fumo e a questão é como ajudar quem ainda fuma abandonar o hábito. Aliás, o governo do Reino Unido, seguindo uma análise baseada em tendências de tabagismo e preços de cigarros nos últimos 50 anos, prevê que o uso generalizado do cigarro pode se extinguir até 2050. Hoje em dia apenas 20% dos britânicos (e norte-americanos) ainda fumam.
A propósito, larguei completamente o cigarro em 1978, dois anos depois de me casar com uma médica não fumante e acompanhar de perto o sofrimento de alguns de seus pacientes com DPOC, sigla para doenças pulmonares crônicas. Um belo dia avisei solene que não ia fumar mais, joguei no lixo o maço com os cigarros que restavam e pronto, passei os meses seguintes subindo e descendo literalmente pelas paredes, devorando caixas e caixas de balas de hortelã, vício que também consegui superar!
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Está bem, é especulação e sei que uma coisa não tem nada a ver com a outra mas não seriam as torres de celulares o cigarro de hoje?
* carlosemersonjr@gmail.com
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