Frizão inicia caminhada no Carioca 2014

A partir deste sábado, o Friburguense começa a escrever novas páginas de uma história de 35 anos na primeira divisão do futebol carioca. O duelo contra o Bangu, às 17h, no Eduardo Guinle, marcará a continuidade de uma trajetória que teve início ainda como Fluminense de Friburgo, com a derrota por 7x0 para o Botafogo, em 7 de fevereiro de 1979. O então "azulino” terminou a competição na 14ª colocação, com quatro vitórias, quatro empates, nove derrotas e 12 pontos conquistados em 17 jogos. Foram seis gols marcados e 19 sofridos.

Desde então, o histórico do Friburguense na principal divisão do futebol estadual é repleto fatos marcantes: quedas, acessos e uma longa sequência na elite, entre 1998 e 2010. Um destes fatos, inclusive, ocorreu antes mesmo da estreia na série A, contra o adversário deste sábado. O palco foi o Maracanã, no dia 5 de dezembro de 1976. 

Mais de 146 mil espectadores prestigiaram o jogo preliminar contra o Bangu pelo Torneio da Integração (uma espécie de Copa Rio da época). Os torcedores presentes, na verdade, queriam assistir à semifinal do Campeonato Brasileiro entre Fluminense x Corinthians, partida esta marcada pela invasão corintiana ao estádio. Debaixo de muita chuva, o Bangu levou a melhor sobre o Flu de Friburgo, e venceu por 3x0 com dois gols de Luisão e um de Gilberto.

O Friburguense iniciou a preparação para o campeonato carioca há dois meses. Desde a reapresentação, a equipe passou por períodos de treinamentos intensos, com direito a duas viagens, para Santa Rita do Sapucaí e Santana de Cataguases. A equipe de Gerson Andreotti disputou quatro amistosos: venceu Macaé, Seleção de Santana de Cataguases e Tupi, e sofreu uma derrota para o time mineiro. 

Para o estadual deste ano, o Frizão aposta na manutenção da base e um banco de reservas com mais opções. Abedi foi a principal contratação, enquanto o goleiro Léo Conceição, o lateral Léo e o meia Willian chegam para compor elenco. Todos eles serão opções no banco de reservas, ao lado de jogadores como Felipe e Damião, destaques durante a disputa da Copa Rio. Os retornos de Flavinho, Lucas, Marcelo, Ziquinha e Zé Victor, além do próprio Andreotti, deixam o time mais encorpado e qualificado.

"Não vou dizer que estou ansioso, mas com uma expectativa muito boa. O Friburguense tem um time entrosado, que fez bons amistosos e já tem uma identidade”, destaca o comandante tricolor.

A tabela de jogos prevê uma sequência de três jogos consecutivos fora de Nova Friburgo e outras duas sequências de duas partidas longe de casa. Os jogadores, no entanto, minimizam o fato e apostam no histórico de bons resultados como visitante. "Nosso time é rápido e entrosado, e costuma jogar bem fora de casa. Temos que viver o jogo a jogo, e ter calma se os resultados não acontecerem. Mas tenho certeza de que estamos preparados para fazer uma boa campanha”, analisa o atacante Ziquinha.

Se dentro de campo o Friburguense investiu pouco em contratações, fora dele os investimentos foram altos. O estádio Eduardo Guinle passou por uma série de reformas, que custaram mais de 50 mil reais aos cofres do clube. Ampliação dos portões de entrada e saída de torcedores nas sociais, construção de um novo portão nas descobertas e estacionamento para os ônibus das equipes visitantes foram as principais mudanças na parte estrutural.

No interior, as arquibancadas foram pintadas, e duas novas cabines para a imprensa foram construídas nas sociais. As arquibancadas descobertas passam a ser divididas em setores A, B, C, D, E e F, de acordo com as cores dos assentos (cada conjunto, azul ou vermelho, representará uma letra). As cadeiras foram numeradas, e o torcedor terá o lugar garantido de acordo com a indicação no ingresso. Nas sociais, o processo será o mesmo, apenas dividindo as cadeiras entre "cobertas” e "tribuna.” 

Dono da melhor média de público entre os times de menor investimento em 2013, o Friburguense espera repetir o sucesso nesta temporada. A diretoria do clube anunciou que manterá os preços do ano passado. Os ingressos para as descobertas serão comercializados a R$20, com a meia-entrada a R$10. Nas sociais, os torcedores pagarão o mesmo valor: R$20 e R$10, para sócios do clube. 

Em 2013, o torneio teve média de 2.369 pagantes por jogo, e o Friburguense apresentou números superiores: 2.540 por partida, mais da metade do registrado por Botafogo e Fluminense e pouco menos que a metade da torcida do Vasco. O Tricolor da Serra foi um dos quatro clubes do estado que lucraram com as bilheterias no estadual.

O objetivo do Friburguense no carioca está definido e o discurso é o mesmo entre jogadores, comissão técnica e dirigentes. Disputar a série D deste ano é considerado fundamental para a manutenção das atividades durante o ano no clube, além de representar a possibilidade de ascensão no cenário do futebol nacional. Para tanto, o Frizão terá que ser o melhor entre os times médios que não disputam alguma divisão do Campeonato Brasileiro (Macaé, Duque de Caxias, Madureira e Boavista). "Não podemos parar no final de março e voltar a jogar apenas em setembro. É ruim para o clube e para os profissionais. Precisamos de um calendário completo, pois só desta forma o Friburguense poderá crescer”, afirma o gerente de futebol José Siqueira.

No entanto, o sonho friburguense vai além da quarta divisão. Há exatos dez anos, o Tricolor da Serra disputava uma semifinal de turno pela última vez. À época, o time comandado por Antônio Carlos Roy empatou por 1x1 com o Vasco, no Maracanã, e acabou eliminado da Taça Rio nos pênaltis. Desde então, o clube bateu na trave em algumas oportunidades, mas não conseguiu figurar entre os quatro melhores times.

"Essa fórmula de pontos corridos favorece ao grande e dificulta a vida dos pequenos, mas nada é impossível. Vamos por etapas, e se conseguirmos manter uma regularidade, nós poderemos almejar esse algo mais”, pondera Siqueira.