Friburguenses elegem as melhores pizzas da cidade

Opiniões se dividem, e unanimidade mesmo, só a preferência por esta delícia mundial, cujo dia é comemorado em 10 de julho
segunda-feira, 10 de julho de 2017
por Guilherme Alt

O dia dela, oficialmente, é 10 de julho, mas bem que pode ser todo dia, toda hora. Sempre deliciosa, simples ou complexa, quente ou mesmo dormida, a pizza pode ter  inúmeros sabores, e só não é boa no contexto político, quando tudo termina nela…

Aliás, a origem do bordão “tudo acaba em pizza” vem de episódios, no mundo da política e do futebol brasileiros, em que os protagonistas, depois de infindáveis brigas, discussões e bate-boca, pediam uma pizza para abrandar a fome e acalmar os ânimos, e tudo terminava bem.

Há quem se engane em pensar que a pizza é uma invenção italiana. Existe uma dúvida nesse quesito. Alguns afirmam que a pizza foi criada pelos egípcios, pioneiros na mistura de farinha e água. Outros acreditam que a invenção é grega, que faziam massas à base de farinha de trigo, arroz ou grão-de-bico e as assavam em tijolos quentes. A verdade é que a invenção foi parar em solo Italiano e, a partir daí, o país virou referência no preparo.

Hoje a pizza pode ser feita dos mais variados tipos. Não só a cobertura, mas também a massa ganhou modificações e não se restringe à tradicional farinha de trigo. No Brasil, São Paulo é referência, muito em função da influente imigração italiana que se instalou na capital.

Em Nova Friburgo, são mais de 50 pizzarias. O município não fica atrás dos grandes centros quando se trata de pizza. Aqui, muitos estabelecimentos atendem a gregos e troianos, ou, melhor dizendo, carnívoros, vegetarianos e veganos.

Num post veiculado semana passada na página de A VOZ DA SERRA no Facebook, o jornal pediu aos leitores que indicassem a melhor pizzaria da cidade. As mais citadas foram a Califórnia (hors-concours devido à sua peculiaridade de ser também um lanche rápido, diferentemente das demais), a Papillon e a Bragon (antiga Jardim Califórnia, em Conselheiro Paulino). Também foi muito citada a Estação das Massas. Muito procurada pelos friburguenses e turistas, a pizzaria oferece grande variedade de sabores, massas finas, bem trabalhadas e o recheio que vem sempre muito bem caprichado.

Receberam votos Bonna Pizza, Chakai, Quadratta, Alecrim, Prediletta, Pizzas do Cônego, Parma, Pizzaria Raiz, Pizzaria Ouro Preto, Galpão Gourmet, Massas Castel, Massas da Serra, Toronto Bakery, Pizzaria Girassol (São Pedro da Serra), TJ, La Bamba, Fogarelle, Cantina Camping, Serrana e Coelhão, além da massa feita por Scooby Weder, instrutor de panificação do Senai.

Califórnia: um caso de amor em fatias

São 51 anos no mesmo ponto, no coração da Praça Getúlio Vargas, bem na esquina com a Rua Portugal. A mais antiga pizzaria de Nova Friburgo conquistou de tal forma os friburguenses que está acima de qualquer concurso. Virou emblema, símbolo da cidade, assim como o Cão Sentado, como o teleférico, como o Au-Au.

De cada dez comentários no post da página de A VOZ DA SERRA no Facebook convidando os leitores a indicar a melhor pizza da cidade, seis mencionaram a Califórnia, disparada, como favorita. Também pudera. A cobertura de queijo sempre quentinha, generosa, formando fios elásticos sobre a massa com um gosto único, mata a saudade de quem chega em Friburgo ou a vontade de quem apenas passa com fome pela praça.

Valéria e Eduardo Sada, filhos de Wilson Sada e sobrinhos de Marco Aurélio Sada, donos da Califórnia, contam que o sucesso da pizzaria passa pela tradição de mais de meio século de existência. “Nosso pai e tio são donos há cerca de 30 anos e, nos primeiros 20 anos, sempre com o nome de Califórnia, o primeiro dono era um cara que tinha o apelido carinhoso de Zé Ladrão. Pizza sempre foi o nosso carro-chefe, e virou uma marca. Só a gente tem isso na cidade. O friburguense gostou e aprovou”, dizem os irmãos.

Valéria afirma que o público da pizzaria varia desde o mais jovem até o mais antigo e vem das mais diferentes classes sociais. O aspecto simples, porém aconchegante, da Califórnia ajuda a manter a boa fama. “É um ciclo que se renova a cada geração. Desde pessoas mais humildes até as pessoas com maior poder aquisitivo, aqui nós atendemos a todos os gostos e públicos. Crianças que pedem um lanche rápido a seus pais, passando pelas pessoas já conhecidas que sempre almoçam aqui, até um público mais antigo que sempre pede uma pizza para viagem ou sentam em aqui pra comer”, conta.

“Aqui as fatias saem a todo instante, o que de fato é o nosso diferencial”, afirma Eduardo, que chega a vender, em média, 1.500 fatias por dia, do meio-dia à meia-noite, de segunda a segunda. Os elogios à pizzaria vêm, em grande parte, de moradores mais antigos e que sempre frequentaram o lugar. “Geralmente são sempre os mesmos clientes que estão aqui direto. Eles falam que a pizza não mudou nada, o sabor é o mesmo. Além disso, turistas do Rio, de Teresópolis, de Cachoeiras compram pizza crua para poder levar para casa. Eles falam que os familiares gostam da pizza e pedem para levar. Nós viramos, de certa forma, um ponto turístico”, alegra-se.

Na Papillon, o pizzaiolo mais amado da cidade

Antônio Nicodemos, mais conhecido como Passarinho, trabalha há mais de 30 anos em uma das mais tradicionais pizzarias da cidade, a Papillon. Natural da Paraíba, Passarinho tentou a sorte primeiro em São Paulo, no fim da década de 70. Trabalhou por cinco anos em uma pizzaria da cidade, até ser descoberto pelo pai e tio de Marcelo Crescêncio, atual dono, junto com os filhos. A família queria abrir uma pizzaria em Friburgo e, após muita pesquisa, em 1983, inauguraram a Papillon, já com Passarinho como pizzaiolo.

Passarinho fez parte da fundação da Papillon. São 33 anos trabalhando no local que, inicialmente, alugava o espaço onde hoje é o Willisau Center. Depois a pizzaria passou a funcionar na Rua General Osório, onde permaneceram por mais de duas décadas, até chegar ao atual endereço, na Rua Oliveira Botelho.

“Fazer pizza é fazer arte”, brinca Passarinho. Para ele, se feito com prazer, tudo na vida tem sentido. E assim, há mais de três décadas fazendo pizzas para muitas gerações, afirma que a vontade continua a mesma.

“Eu gosto muito do que eu faço. A gente não pode fazer nada com má vontade. Esse é um dos segredos para fazer uma pizza boa”, revela.

Passarinho é a alegria da criançada. Muitos aniversários foram realizados na Papillon, e a cada festa a tão famosa bolinha com massa de pizza era distribuída para os pequenos. “Aquela massinha eu criei para distrair as crianças. Elas ficavam sem fazer nada, e como são muito agitadas, os pais tinham dificuldade de mantê-las distraídas. Então eu criei essa massinha à base de trigo, água, açúcar, e distribuo para elas brincarem”, conta.

Crescêncio, atual dono da Papillon, junto com a família, é só elogios ao funcionário que é a referência de pizzaiolo na cidade. “Nós temos o maior carinho pelo Passarinho. Quando nós o trouxemos de São Paulo, ele dormiu na nossa casa. Passarinho não é Crescêncio de nome, mas é de coração. Faz parte da nossa família e somos muito gratos por ele. Não é à toa que ele está com a gente há 33 anos”, reconhece.

Para Crescêncio, o carinho que o friburguense tem com a Papillon vem de décadas de respeito e trabalho duro para chegar a uma pizza bem feita e caprichada na cobertura. “Aqui nós temos produtos de excelente qualidade. Nosso investimento em marcas confiáveis é alto e o produto final é muito bom”, resume.

Bragon, em Conselheiro, tem todo o cardápio todo à base de massa de pizza

Os donos da Bragon (junção dos sobrenomes Brantes e Gonçalves), Herisson Gonçalves e Natiele Brantes Gonçalves, estão no ramo há cerca de seis anos. “Quando nós ficamos cientes de todas as indicações da população de Friburgo, o sentimento foi de felicidade e dever cumprido. Queríamos que nossos clientes se sentissem satisfeitos e aprovassem nossos produtos. Estamos sempre inovando. Todo mês o cardápio ganha algum prato diferente e isso atrai mais pessoas”, diz Natiele.

Para Herisson, essas novidades fazem parte do diferencial da Bragon, que recebe público de diferentes localidades. “Não somos só um restaurante de bairro. Pessoas de

Cônego, Mury, Bom Jardim, Lumiar e outros lugares vêm aqui com frequência. Nós baseamos nosso cardápio todo em massa de pizza. Temos pratos de entrada, um sanduíche mexicano, tortinha de chocolate, todos à base de massa de pizza. A resposta dos clientes tem sido muito boa”, comemora.

São 37 sabores de pizza, mais os pratos com a massa de pizza. Apesar de a casa não abrir às segundas-feiras, neste Dia da Pizza, 10 de julho, excepcionalmente, as portas estarão abertas. “É sempre um prazer receber nossos clientes e uma satisfação saber que eles gostam tanto da nossa pizza”.

No Trilhas do Araçari, um festival de pizzas para vegetarianos (e carnívoros também)

Em meio a um verde exuberante e uma fogueira acesa nas noites mais frias, o restaurante Trilhas do Araçari, em Mury, é especialista quando se trata de atender ao exigente público vegetariano. Os pratos são preparados com ingredientes da horta orgânica que fica à disposição dos clientes.

Nas noites de sextas-feiras, acontece o festival de pizzas vegetarianas: são dez opções de sabores salgados e duas doces: gorgonzola com cebola caramelizada, mix de cogumelos, quatro queijos, quatro verdes, marguerita clássica, horta, couve com pimenta, escarola com cebola roxa, abobrinha e alho em lâminas.

Para a sobremesa, os sabores de banana, côco e açúcar demerara (refinado do mascavo) e chocolate com semente de girassol crocante.

O restaurante ainda dá aos clientes a oportunidade de participar do “colha e pague”: uma atração que permite levar para casa as hortaliças cultivadas no local.

As dicas do "pizzólogo" Faminio Spreafico para uma massa perfeita: minimalista e um dedo de borda

Há 20 anos, quando chegou de vez para morar em Nova Friburgo, Flaminio Spreafico tinha como objetivo ter um espaço onde pudesse colocar suas habilidades culinárias em prática. “Fiz pizzas para as noites de música do Hotel Akaskay, depois o Pizza e Jazz no Refúgio dos Falcões, as Sextas de Pizza  no Trilhas do Araçari, e atendo sempre que alguém me pede uma ajuda sobre o tema, seja o desenvolvimento de um produto específico, a instalação de um forno doméstico ou a montagem de uma pizzaria. No tema da pizza, costumávamos organizar  oficinas infantis lá no Trilhas do Araçari e hoje mantenho com a Defumados Friburgo, no Vale dos Pinheiros, um espaço para ensinar também aos adultos. Percebi que muita gente constrói um espaço gourmet com forno a lenha, mas não sabe nem por onde começar”, diz o especialista.

A pedido de A VOZ DA SERRA, o “pizzólogo” Flaminio deu alguns conselhos para se preparar uma boa pizza italiana:

1 - A pizza precisa ser minimalista, a começar pela massa: um composto de farinha, fermento biológico e água. E só.

2 - Nas coberturas, a regra “menos é mais” deve ser respeitada.

3 - A quantidade do que cobre deve ser proporcional à espessura da massa. O excesso é sempre prejudicial.

4 - Gosto de dar uma volta pelo mercado e escolher o que está na época, mais fresco e saboroso, para cobrir minhas pizzas.

5 - Tomates, pimentões doces, cebola, alho, abobrinhas, berinjelas, cogumelos, embutidos, defumados, diferentes queijos, quase tudo pode cobrir pizzas. Deixe a criatividade dominar, mas por favor; não se afaste da linha da simplicidade!

6 - Ah, e já ia esquecendo: um dedo de borda, hein!

 

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
TAGS: Gastronomia | inverno | Frio | Turismo
Publicidade