Friburguense tira menção honrosa no Prêmio UFF de Literatura

sexta-feira, 09 de maio de 2008
por Jornal A Voz da Serra
Friburguense tira menção honrosa no Prêmio UFF de Literatura
Friburguense tira menção honrosa no Prêmio UFF de Literatura

Ordilei Alves da Costa chega ao jornal trazendo a tiracolo o livro no qual foi publicada sua primeira crônica. A dedicatória dá uma idéia de sua personalidade simples e modesta: “Neste viveiro de pássaros de ricas plumagens eu pareço um filhote sem penas. Mas já faço parte da fauna”.

Os olhos azuis de Ordilei deixam transparecer o quanto está orgulhoso por ter sido contemplado com uma menção honrosa no Prêmio UFF de Literatura, promovido pela editora da Universidade Federal Fluminense. A crônica Aconteceu na UFF tem como personagem um excêntrico professor, Gustavo Augusto, um antiamericanista doente, que um certo dia recebe um convite para trabalhar numa empresa americana, com direito a salário de US$ 25 mil e outras tantas regalias. O desfecho acontece em plena festa de aposentadoria do reitor e é surpreendente, como devem ser os contos.

O prêmio, naturalmente, animou-o ainda mais a continuar trilhando o caminho da literatura. Com mais de dez contos prontos, Ordilei vem participando de diversos concursos e seu primeiro livro deve sair em breve. “Já estou até com alguns cacoetes de escritor”, admite. O fato é que Ordilei sempre teve facilidade de desenvolver histórias, desde o tempo em que redigia textos para publicidade. “É só buscar a idéia central”, ensina. “Escrever é um trabalho como outro qualquer, basta dedicar um tempo diário para isso. Claro que em alguns dias a mente está aberta, a coisa flui com maior facilidade. Noutros, parece que a coisa não anda, a inspiração não vem”, diz. Por isso mesmo, faz questão de escrever todos os dias, nem que seja para revisar algo já esboçado, melhorar algum trecho ou reformular uma idéia. Muito meticuloso e exigente com seu texto, Ordilei burila o material até achar a palavra exata, inverte os períodos, às vezes volta até seis, sete vezes ao mesmo ponto, até se dar por satisfeito. “O que não quer dizer que tenho alta qualificação”, diz, com a humildade que lhe é peculiar.

Ordilei trabalhou a vida inteira com vendas e marketing, mas depois que se aposentou vem se dedicando cada vez mais à comunicação, embora no momento esteja dando assessoria à Sociedade Esportiva Friburguense (SEF), clube do qual foi presidente. Além de escrever e pesquisar, também está apresentando um programa semanal de entrevistas e assuntos variados na TV Focus (canal 20 da TV a cabo local), Friburgo Vitrine, toda sexta-feira, às 18h. Ele também está debruçado sobre um projeto que acalentava desde a juventude: escrever um livro sobre a Nova Friburgo de sua infância e juventude, nas décadas de 50 e 60 do século passado, tendo como foco o trem da Leopoldina, de saudosa memória. O livro, que já tem até título – O apito do trem – está quase pronto.

Sua idéia é fazer um painel da época, misturando ficção com cenas reais. Para tanto, foi fundo na pesquisa. Esgotou todas as fontes da internet, passou tardes e tardes no Pró-Memória e foi incontáveis vezes ao Rio de Janeiro fazer pesquisas no Museu do Trem, na Biblioteca Nacional e a da Rede Ferroviária. O resultado compensou. Hoje ele já tem uma visão razoável do que a ferrovia representa para o Brasil atualmente e a necessidade do país ter, o quanto antes, uma malha ferroviária decente.

A descoberta da veia literária de Ordilei surgiu depois que ele se rendeu às “verdades da sincronicidade”, termo criado pelos estudiosos do assunto para designar as chamadas coincidências. Isso aconteceu em 2002, quando leu o livro Profecia Celestina e tomou conhecimento da energia que, segundo ele, este novo milênio fatalmente trará à tona.

Desde então, nunca mais teve dúvidas de que as chamadas coincidências são regidas por uma lei energética. Isso foi confirmado mais uma vez agora, afirma Ordilei, contando que participou do concurso da UFF porque teve acesso a um folheto sobre o mesmo no Museu do Trem, no Engenho de Dentro, quando fazia uma pesquisa para seu livro. “Tenho certeza de que aquele papel não estava ali por acaso. Nada no mundo acontece por acaso”, diz.

Ordilei também acredita firmemente que quando se persegue um sonho com determinação e perseverança, as barreiras e portas se abrem instantaneamente. E um de seus sonhos, adormecido pelas circunstâncias da vida, sempre foi escrever um livro. À medida que começou a dar asas à imaginação, a coisa foi fluindo. A primeira crônica já foi publicada e o primeiro livro sairá em breve. Ele tem ou não tem motivos de sobra para comemorar?

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