Vinicius Gastin
Quase 20 anos se passaram desde o jogo histórico entre Friburguense e São Cristóvão no Estádio Eduardo Guinle. Naquela tarde de 25 de maio de 1994, quase 12 mil pessoas compareceram ao estádio para presenciar um momento marcante na trajetória do clube. A vitória por 3x0, com dois gols de Dedei e um de Marcelo Rodrigues, garantiu ao Tricolor da Serra o acesso à primeira divisão do campeonato carioca.
"Quando pegamos o Friburguense, o futebol profissional do clube ainda era muito amador. Na época, eu e o Paulo Mendes começamos o processo de profissionalização. Preparamos a equipe e em 1994 conseguimos avançar. Com a chegada do Bris Belga, do Julio Marinho e dos jogadores, nós criamos um grupo muito forte. Terminamos o primeiro turno com oito pontos de frente em relação aos outros clubes. Na decisão contra o São Cristóvão, teve até ‘ola’ no Eduardo Guinle”, relembra Carlos Alberto Nideck, presidente do clube naquele ano.
Em 19 jogos, o Friburguense conquistou 12 vitórias, três empates e perdeu apenas quatro partidas. Ao todo foram 30 marcados e 12 sofridos. Uma campanha irretocável, que completará 20 anos em 2014. Para celebrar a data, ex-jogadores, integrantes da comissão técnica, imprensa local e colaboradores foram homenageados na última segunda-feira, 9, durante o encontro promovido pelo Friburguense na sede do clube.
"Hoje eu consegui um reconhecimento graças ao Friburguense.
As instituições têm um papel fundamental, e precisamos reverenciá-las”, destaca Julio Marinho, treinador da equipe em 1994.
Alguns personagens que já faleceram, como o atacante Dedei, foram representados por familiares. A grande maioria, entretanto, esteve presente à confraternização e recebeu um troféu e uma camisa do evento. Entretanto, as principais lembranças estão eternizadas no coração de cada atleta.

Capitão da equipe, Murillo fez a entrega ao gerente de futebol José Siqueira e ao atual presidente Wagner Faria

Julio Marinho e Almir Fonseca: treinador e auxiliar da equipe campeã

Adílio participa da festa e fala com carinho sobre a passagem pelo Frizão
Quatro campeonatos brasileiros, uma Libertadores e um Mundial de Clubes. Depois de tantas conquistas com a camisa do Flamengo, a carreira no futebol ainda reservava um desafio no mínimo diferente para o multicampeão Adílio.
"Na época o Bris falou que o Adílio queria vir, mas só poderia receber em dólar. Eu aceitei esse desafio. Acabava a partida, eu pagava ele. E o Adílio jogou todos os jogos, não faltou nenhum. É um profissional, uma pessoa maravilhosa, de personalidade ímpar, e representou muito para o Friburguense. Sempre foi diferenciado”, conta Carlos Alberto Nideck.
À época, o ídolo rubro-negro atuava no futebol alemão, e aceitou a oferta de 400 dólares por partida para disputar a série B do carioca. "Foi uma experiência muito boa. Conversei com o Bris Belga (supervisor de futebol), e ele me apresentou o projeto do Friburguense. De qualquer jeito, eu ficaria um período parado na Alemanha, enquanto o campeonato não começava. Decidi voltar para o Brasil”, lembra o jogador.
O tratamento diferenciado não gerou problemas. Pelo contrário. Os outros jogadores do elenco usufruíram da experiência do companheiro, considerada fundamental para o sucesso do Friburguense. "Formamos um grupo muito bacana. Durante os treinamentos, eu contribuí com as minhas experiências no Flamengo, na Alemanha, como as equipes se comportavam em campo. Apesar de ser uma segunda divisão, eu falei para eles que nós éramos jogadores de primeira, e todos absorveram isso. O trabalho da comissão técnica e do presidente também foram fundamentais.”
De fato, a simplicidade de Adílio foi o principal diferencial. Apesar de todo o currículo, abriu mão da faixa de capitão que pertencia a Murillo, e a liderança era exercida através das atitudes dentro e fora de campo.
"A união marcou muito. Lembro do jogo contra o São Cristóvão, onde o adversário também queria muito subir. Apenas um poderia chegar à primeira divisão, e nós conseguimos superá-los com muita determinação. A cidade se mobilizou, e os estádios lotavam em todos os jogos. Fomos campeões, subimos com o estádio lotado e fico feliz de ver o Friburguense hoje na elite. A cidade é excelente, todo mundo gosta.”
Aos 57 anos Adílio conserva a humildade que o tornou referência no mundo esportivo. Durante o reencontro com os ex-companheiros de Friburguense, atendeu a todos os pedidos de autógrafos e fotos, e revelou que ainda acompanha o Tricolor da Serra. "Sempre procuro informações através da internet, Facebook e outros meios. O Flamengo é o time do meu coração, mas o Friburguense e a cidade de Nova Friburgo estão na minha alma.”

Fora dos gramados, a simplicidade de Adílio marcou a carreira recheada por títulos importantes
A campanha de 1994
27/02 - Friburguense 1x0 Bayer
06/03 - Serrano 0x1 Friburguense
13/03 - Friburguense 2x0 Saquarema
20/03 - Friburguense 4x0 Olympico
26/03 - São Cristóvão 2x0 Friburguense
03/04 - Friburguense 1x1 Barreira
10/04 - Entrerriense 0x2 Friburguense
17/04 - Friburguense 2x0 Barra Mansa
21/04 - Bonsucesso 1x2 Friburguense
24/04 - Friburguense 0x0 Portuguesa
01/05 - Mesquita 2x4 Friburguense
07/05 - São Cristóvão 1x0 Friburguense
14/05 - Saquarema 0x1 Friburguense
18/05 - Friburguense 3x0 Bayer
Quadrangular Final:
22/05 - Friburguense 2x1 Saquarema
25/05 - Bayer 1x1 Friburguense
29/05 - Friburguense 3x0 São
02/06 - Entrerriense 1x0 Friburguense
05/06 - Friburguense 1x2 Entrerriense

Edição de A VOZ DA SERRA sobre o acesso, em 1994
Os agraciados
Diretoria: Carlos Aberto Nideck (presidente), José Antonio Verly (vice-presidente de Futebol), Manoel do Nascimento (secretário), Angelo Tesoriero (diretor de futebol), Alexandre Marcos Ferreira (ex-presidente), José Luis Lins (empresário).
Comissão Técnica: Bris Belga (supervisor), Edmilson Batista Freire (Maninho), Julio Cesar Alves Marinho (treinador), Paulo Cesar Fagundes (preparador físico), Luis Henrique de Andrade (treinador de goleiros), Almir Fonseca Coelho (técnico dos juniores), Waldir Torres da Costa (médico), Mário Nacif Jorge (massagista), Valdeci Lima Russo (roupeiro)
Goleiros: Adilson Pereira dos Santos, Luis Henrique de Andrade, Marcos Vinicius Robadey (Moreira).
Laterais: Carlos Alberto Hora (Beto), Alessandro de Oliveira (Sandro), Carlos Roberto Souza (Tim), Ailton de Souza.
Zagueiros: Jorge Luis do Carmo (Neném), Leandro Correa Oliveira, Jorge André da Silva, Daniel Ribeiro de Souza.
Volantes: Eduardo Oliveira Dias, Murilo Cerqueira Guedes, Emerson Ribeiro (BH), Alexandre da Costa Rosa (Terê), Edmilson da Silva (Cuiabá).
Meias: Evandro Oliveira Ferreira, Adílio de Oliveira Ferreira, Ricardo Moreira (Ricardinho), Marcelo Rodrigues Pinto (Borró).
Atacantes: Everaldo da Costa Alves, Anderson Alves da Silva, Ozeias Luis Ferreira, Sinei Pereira da Costa (Dedei).
Colaboradores: Paulo Azevedo (Prefeito), Henrique Cordeiro, Manoel Valdeci, Elizangela M Borges (Lili), Ivanir Marqui, Maria Tereza Clemente, José Henrique Clemente.
Imprensa: Luis Fernando Bonan e José Emilsom Perrut Duarte.
Homenagem Especial: Wagner Faria, José Eduardo Siqueira e Jorge Carioca (LAJHA).

Foto histórica no gramado do Eduardo Guinle eterniza o time de 1994 do Friburguense

Homenageados receberam um troféu do evento como lembrança
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