Cinco mil seiscentos e noventa. Este é o número de casos registrados de dengue, de janeiro a novembro deste ano, em Nova Friburgo. O dado, divulgado esta semana pela Secretaria Municipal de Saúde, já chama a atenção por si só, mas, quando comparado com o levantamento de 2015, se torna ainda mais assustador. Isso porque, durante todo o ano passado foram registrados 180 infecções pelo vírus da dengue, 5.510 a menos do que nos últimos 11 meses de 2016.
Apesar da maioria dos casos terem sido registrados no início deste ano, a Secretaria de Saúde já tem recebido notificações de novos infectados, por isso a pasta orienta que os cuidados sejam contínuos, pois há perigo de uma nova epidemia, principalmente de dengue. Para evitar que dados como esse voltem a se repetir, agentes da Subsecretaria de Vigilância Ambiental ainda estão intensificando as visitas domiciliares em diversos bairros, partindo daqueles que apresentaram a maior incidência da doença e proliferação do mosquito.
Ao todo, dez agentes têm sido responsáveis por fazer as visitas domiciliares, orientando os moradores sobre a forma correta de manter recipientes e a importância de acabar com o acúmulo de água parada. Em casos mais extremos, os agentes também podem aplicar o insumo (quando há água parada e não é possível removê-la ou já é possível identificar larvas do mosquito).
Este ano, a visitação já passou pelo distrito de Conselheiro Paulino e pelos bairros Cordoeira e Catarcione. Atualmente está no bairro Bela vista e deve seguir para Olaria nas próximas semanas.
“Nossos agentes inspecionam os locais propícios para a proliferação do Aedes aegpyti, mas a população precisa se conscientizar sobre a importância de fazer a limpeza constantes dos espaços”, afirma o coordenador de Vigilância Ambiental, Felipe Oliveira, explicando que a larva do mosquito se desenvolve em apenas uma semana e apesar de sobreviver por cerca de 30 a 40 dias, neste período, um único Aedes pode picar até 300 pessoas. Além disso, o ovo do mosquito pode resistir em recipiente seco por um ano, por isso a necessidade de limpar os recipientes e demais locais que possam acumular água semanalmente.
No início deste ano, o governo federal divulgou a criação de um kit que permitiria o diagnóstico simultâneo das três doenças transmitidas pelo Aedes aegypti: dengue, febre chikungunya e zika vírus. Segundo o governo, o material seria distribuído aos municípios até o fim deste ano. De acordo com a prefeitura municipal, entretanto, os kits ainda não foram disponibilizados.
Vírus da Zika
Este ano, o município ainda registrou sete casos confirmados de gestantes e outros 26 de não gestantes com o vírus da zika. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, nenhum dos bebês nasceu com microcefalia. Nos últimos meses, o país registrou mais de 250 casos confirmados de microcefalia ligados a infecção pela zika.
Fátima Cristina Barbosa, de 24 anos, mora no Jardim Ouro Preto e é uma das mães apontadas pelo levantamento da Secretaria Municipal de Saúde. A jovem começou a sentir os sintomas da zika com oito meses de gestação, mas, só após ter o bebê, recebeu o resultado positivo dos exames para o vírus. Já com sete meses, a pequena Isabelly faz visitas mensais a Apae para que os médicos acompanhem o seu desenvolvimento.
“Desde que ela nasceu eu a levo todo mês para que o médico a examine. Graças a Deus, ela está se desenvolvendo bem, sem sinais de microcefalia”, conta Fátima. Segundo a neuropediatra da instituição, Hanid Fontes, é preciso um acompanhamento prolongado para identificar ou não sintomas de microcefalia.
“Só pelo fato da mãe ter tido o contato com o vírus da zika, é necessário que a criança seja acompanhada por um neuropediatra até os seis anos de idade. Essa relação entre o vírus e a microcefalia ainda é uma questão muito nova, mas, até o momento, só encontramos casos de crianças que nascem muito comprometidas ou que apresentem a doença ao longo do crescimento. Isso porque, nem sempre é nos primeiros meses que acontece a parada do crescimento no perímetro cefálico. Às vezes, ela se apresenta com o tempo”, explica a médica alertando que “tamanho de cabeça normal não indica ausência de microcefalia”.
Mobilização contra o Aedes
Devido ao alarmante número de casos de dengue neste ano e a proximidade com o verão, estação em que há maior proliferação do mosquito, na última terça-feira, 6, o município reativou o Comitê de Mobilização Social contra o Aedes aegypti. O movimento conta com a participação de diversas instituições da cidade, como o 11º Batalhão de Polícia Militar, Tiro de Guerra do Exército, hospitais Raul Sertã, Unimed e Day Hospital; e as concessionárias Águas de Nova Friburgo e Empresa Brasileira de Meio Ambiente (EBMA) e visa unir forças no combate ao mosquito.
Durante a reunião foi citado que cada instituição do Comitê de Mobilização Social contra o Aedes aegypti será corresponsável pela mobilização da comunidade. Com o slogan “10 minutos salvam vidas”, a ação pretende conscientizar ainda mais a população sobre a importância da limpeza de locais propícios a proliferação do Aedes, mosquito transmissor dos vírus da dengue, zika e chikungunya.
De acordo com a gerente de Vigilância em Saúde do município, Fabíola Braz Penna, o preocupante aumento no número de casos de dengue pode estar atrelado a vários fatores.
“Temos um número muito baixo de agentes de endemia para realizar visitação em todos os imóveis da cidade, isso tem sido um problema. No entanto, a população precisa se conscientizar. O agente faz a visita de orientação, mas não é responsabilidade ele fazer a limpeza constante dos locais. Já tivemos uma epidemia de dengue este ano e, agora, a população também está ainda mais suscetível ao vírus da zika e da chikungunya”, afirma Fabíola.
De acordo com a prefeitura, um edital deve ser publicado em breve para a contratação de cerca de 50 novos agentes de endemias. O processo seletivo foi autorizado pela Câmara no início deste mês e já foi publicado em Diário Oficial.
A próxima reunião do Comitê de Mobilização Social contra o Aedes aegypti deve acontecer no dia 20 deste mês, terça-feira, às 10h30, novamente na Secretaria de Saúde. Nesse novo encontro cada instituição deverá apresentar sugestões e ações para o combate ao mosquito.
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