Vivemos um momento histórico. O Brasil atingiu em abril passado o índice de 3.279 salas de cinemas comerciais em funcionamento no país, ultrapassando o pico da série histórica no ano de 1975, em que se chegou a 3.276 salas em funcionamento (segundo levantamento realizado pela Coordenação de Monitoramento de Cinema, Vídeo Doméstico e Vídeo por Demanda da Superintendência de Análise de Mercado).
A Agência Nacional do Cinema (Ancine) inaugura em seu site o Painel Interativo de Salas de Cinema, com publicação inédita de dados do Parque Exibidor brasileiro. Nele é possível acompanhar a distribuição das salas comerciais por estado ou município. Os dados estão sendo contabilizados desde 1971. Historiadores acreditam que na década de 1950 e 1960 o Brasil possuía cerca de seis mil salas comerciais, mas os dados não são oficiais ou não foram contabilizados. Essa crença se dá pela investigação que vem sendo feita e pelo enorme sucesso dos filmes do Mazzaropi, ao saber que estes fizeram muito mais público do que é dito como recorde hoje em dia, mas também não possui dados oficiais. Assim, ficam de fora da série histórica.
O Estado do Rio de Janeiro está em segundo lugar na quantidade de salas comerciais no Brasil com 368, perdendo apenas para São Paulo, que possui 1.038 salas. A capital do Rio está em primeiro lugar na quantidade de salas (216), em segundo temos Niterói (24) e em terceiro, o município de São Gonçalo (14). A Região Serrana não está completamente abandonada: Petrópolis possui oito salas, Nova Friburgo conta com seis e Teresópolis, apenas três salas. Os demais municípios da Serra Fluminense não possuem salas de cinema.
A nossa querida Nova Friburgo já teve seus tempos áureos do cinema, segundo a historiadora Janaína Botelho. Muitas salas de rua estiveram presente na história da cidade, com data de início em 1912 e fechamento em 1994. Posteriormente, as salas retornaram dentro dos shoppings como conhecemos hoje.
A primeira sala foi inaugurada em 1912 com o nome de Cinema Leal, seguido de Cine Teatro, Cine São José, Cine-Teatro Leal, Cinema Império, Cinema Glória, Cine Eldorado, Cine Marabá, Cine São Clemente, Cine Sant’Anna, Cine Theatro Almeida, Cine São José, Cinema São João, Cinema Éden, Cine São Luiz, Ideal Cinema, Cine Nacional, Cinema Odeon e o Cine São José, o último cinema do município, fechando suas portas no ano de 1994. Um total de 19 salas comerciais ao longo da história.
Hoje a cidade possui apenas seis salas, localizadas em espaços desenhados prioritariamente para o consumo: os shoppings. Não existem mais portas abertas para a arte no espaço urbano, aquele letreiro que você avista quando passa pela rua. O shopping definitivamente não é um espaço democrático, e o cinema segue o mesmo caminho, cada vez mais elitizado, destinado a poucos.
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