Friburgo perde o cineasta Roberto Farias, aos 86

Realizador de clássicos como "O assalto ao trem pagador" lutava contra um câncer, no Rio
segunda-feira, 14 de maio de 2018
por Jornal A Voz da Serra
O cineasta Roberto Farias (Reprodução da web)
O cineasta Roberto Farias (Reprodução da web)

Morreu nesta segunda-feira,14, aos 86 anos, no Rio de Janeiro, o cineasta friburguense Roberto Farias. De acordo com a Central Globo de Comunicação, o realizador de clássicos como "O assalto ao trem pagador" (1962) e de várias chanchadas estava internado no hospital Copa Star, em Copacabana, onde fazia tratamento contra um câncer.

Roberto Farias será velado no Memorial do Carmo, na Zona Norte do Rio, e o enterro acontecerá em Nova Friburgo.

Roberto Figueira de Farias é irmão do ator Reginaldo Faria e tio do também ator Marcelo Faria – o "s" a mais no sobrenome foi devido a um erro durante registro no cartório.

Chegou ao Rio para cursar Belas Artes e acabou indo trabalhar na empresa cinematográfica Atlântida. A produtora se tornou um marco no cinema nacional, com mais de 60 filmes no meio do século passado, especialmente as chanchadas – produções baratas e de grande apelo popular.

Farias tem no currículo mais de 25 filmes como produtor e diretor. De 1957 a 1960, fez seus primeiros quatro longas: “Rico ri à toa” (1957), “No mundo da lua” (1958), “Cidade ameaçada” (1959) e “Um candango na Belacap” (1960). Dirigiu ainda sucessos de público como “Os paqueras” (1968), “Roberto Carlos e o diamante cor de rosa” (1968) e “Roberto Carlos a 300 quilômetros por hora” (1971). Em 1981, dirigiu “Pra frente Brasil”, premiado nos festivais de Berlim, Huelva e Gramado, entre outros. O filme falava da tortura na ditadura militar.

Também trabalhou na TV, onde dirigiu minisséries como "As Noivas de Copacabana" e "Memorial de Maria Moura". Também foi responsável por episódios do programa "Você decide". Farias foi o diretor-presidente da Academia Brasileira de Cinema e diretor geral da Embrafilme entre 1974 e 1978.

Em nota, a diretoria colegiada da Ancine expressou "profundo pesar" pelo falecimento do diretor e que "se solidariza com os amigos e familiares de Roberto Farias, com a certeza de que sua obra permanecerá como referência e inspiração para o cinema nacional".

Desde a infância, Roberto era apaixonado por cinema e sua carreira começou nos lendários estúdios da Atlântida Cinematográfica, fundada em 1941 no Rio de Janeiro, onde foi assistente de direção em diversos filmes até estrear na direção de "Rico Ri à Toa" (1957), comédia com o ator Zé Trindade. Em pouco tempo, tornou-se um nome admirado no mercado cinematográfico. Deste modo, Nova Friburgo se estabelecia como celeiro de cineastas.

A consolidação no mundo do cinema veio com o filme "O Assalto ao Trem Pagador" (1962), sua obra-prima, e, posteriormente, consegue ser versátil em suas criações ao fazer uma trilogia de aventura com o cantor Roberto Carlos, ídolo pop da Jovem Guarda. Assim surgiram "Roberto Carlos em Ritmo de Aventura" (1968), "Roberto Carlos e o Diamante Cor-de-Rosa" (1970) e "Roberto Carlos a 300 Quilômetros por Hora" (1971).

Não tardou que o Brasil se tornasse pequeno para Roberto. O filme "Pra Frente, Brasil" (1982) foi ousado e ganhou prêmios no Festival de Berlim (Alemanha). Seu último longa-metragem foi o sucesso de bilheteria "Os Trapalhões no Auto da Compadecida" (1986). Desde então tem se dedicado à televisão, dirigiu séries televisivas como "As Noivas de Copacabana" (1992) e "Memorial de Maria Moura" (1994), na TV Globo.

O cineasta sempre trabalhou intensamente pelo cinema em outras esferas, se tornou o primeiro cineasta a ser nomeado diretor geral da Embrafilme e sua gestão coincide com um dos períodos de maior público de filme nacional em relação ao produto estrangeiro; fundou em 1965 a Difilme, distribuidora do Cinema Novo; presidiu o Sindicato Nacional da Indústria Cinematográfica; Hoje, o querido friburguense ocupa a cadeira de Diretor Presidente da Academia Brasileira de Cinema.

Em toda a sua carreira, Roberto foi assistente, montador, roteirista, produtor, distribuidor e diretor, segue em plena atividade e relevância, não deixa apagar a chama que mantém o cinema nacional vivo e produtivo.

Filmografia:

  • "Rico ri à toa" (1957)
  • "No mundo da lua" (1958)
  • "Cidade ameaçada" (1959)
  • "Um candango na Belacap" (1960)
  • "O assalto ao trem pagador" (1962)
  • "Toda donzela tem um pai que é uma fera" (1966)
  • "Os paqueras" (1968)
  • "Roberto Carlos e o diamante cor de rosa" (1968)
  • "Roberto Carlos a 300 quilômetros por hora" (1971)
  • "O fabuloso Fittipaldi" (1973)
  • "Pra frente, Brasil" (1981)
  • "Os trapalhões e o auto da Compadecida" (1987)

Televisão:

  • "Faça sua história" (2008)
  • "Sob nova direção" (2004 a 2007)
  • "Decadência" (1995)
  • "Memorial de Maria Moura" (1994)
  • "As noivas de Copacabana" (1992)

O corpo de Roberto Farias foi velado nesta terça-feira, 15, no Memorial do Carmo, no Rio, das 9h às 17h. O velório em Nova Friburgo, sua cidade natal, será no Memorial SAF, das 11h às 14h desta quarta-feira, 16. O sepultamento será restrito aos familiares.

A direção e toda a equipe de A VOZ DA SERRA se solidariza com a família Faria neste momento difícil.

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