Friburgo perde Luhli, ícone da contracultura nos anos 70

Cantora, compositora e artesã de prestígio nacional tornou-se uma das mais queridas agitadoras culturais de Lumiar
quinta-feira, 27 de setembro de 2018
por Adriana Oliveira (aoliveira@avozdaserra.com.br)
Friburgo perde Luhli, ícone da contracultura nos anos 70

Uma das figuras mais emblemáticas do movimento hippie e da contracultura nos anos 70, Heloísa Orosco Borges da Fonseca, a Luhli, morreu nesta quarta-feira, 26, aos 73 anos.  Nas palavras de uma amiga  desolada com a perda, “Luhli, com sua generosidade, fez da vida um encontro entre amigos”. Ela morava em Lumiar há mais de dez anos.

Foi trabalhando com artesanato no Rio que Luhli conheceu Ney Matogrosso. Logo tornou-se co-autora de músicas gravadas pelo Secos e Molhados, como "Fala” e "O Vira”,  além de compor canções gravadas por Tetê Espíndola e Zélia Duncan.  Sua dupla com a também cantora e compositora Lucina, amiga de mais de 40 anos, rendeu oito discos, sendo o mais cultuado o primeiro deles, lançado em 1979 e vendido de mão em mão durante os shows.

O estilo de vida das duas, que moravam num sítio em Mangaratiba junto com o fotógrafo Luiz Fernando Borges da Fonseca e  trabalhavam de forma independente, vivendo somente de arte, foi tema de documentário, o "Yorimatã”.

Mais de 30 anos após a formação da dupla e dez anos depois de sua dissolução, Luhli mudou-se em 2007 para Lumiar, tornando-se uma das maiores agitadoras culturais da região. Ali montou o ateliê Viva Raiz, onde vendia tambores que ela mesma criava.  Também fazia instrumentos de percussão experimentais, artesanato, miniaturas e chocalhos. “Teve um carnaval em que vendi 40 tambores”, contou em entrevista À VOZ DA SERRA, em 2014.

Na mesma entrevista, ela revelou que sua maior influência musical foi seu pai, de descendência espanhola. “Quando eu era criança, em Vila Isabel, tinha um violãozinho que era meu brinquedo favorito. Nessa época comecei a aprender meus primeiros acordes. Depois, na adolescência, quando a bossa nova estourou, eu pirei. A gente se reunia na minha casa para ouvir bossa nova, conversar sobre música. Um tempo depois eu comecei a conhecer música de raiz americana, como gospel e blues. Mas eu também gosto muito de música pantaneira, dos irmãos Espíndola, Tetê, Alzira, e também os violeiros, como o Almir Sater”.

Luhli estava estava internada no CTI do Hospital Municipal Raul Sertã há quase um mês, com infecção pulmonar. Ela deixa duas filhas. O velório e a cremação estão sendo realizados no Cemitério do Caju, no Rio.

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