Friburgo perde ex-vereador Dirceu Spitz, aos 90 anos

Corpo está sendo velado em sua residência e será enterrado no cemitério de Pedra Riscada, em Lumiar
terça-feira, 01 de agosto de 2017
por Ana Borges
O ex-vereador Dirceu Spitz (Foto: Arquivo AVS)
O ex-vereador Dirceu Spitz (Foto: Arquivo AVS)

“Houve um tempo — e bota tempo nisso! — em que a Câmara de Vereadores era denominada “Câmara Municipal dos Homens Bons”. A expressão “vereadores” sequer existia. Sem entrar em julgamentos de mérito, hoje, dificilmente os vereadores seriam conhecidos e reconhecidos por este adjetivo. Como o nome sugere, os “homens bons” eram líderes comunitários, pessoas que exerciam diversas funções em suas comunidades, movidos unicamente por amor à coletividade e o desejo de servir ao próximo”.

Assim começava matéria escrita pela jornalista Dalva Ventura, publicada em 20 de agosto de 2012, em A VOZ DA SERRA, sobre o ex-vereador Dirceu Spitz, falecido ontem, segunda-feira, 31 de julho, aos 90 anos. Seu corpo está sendo velado em sua residência e será sepultado nesta terça-feira, 1º de agosto, no cemitério de Pedra Riscada, em Lumiar, às 16h.

Sem salário, sem assessor nem carro à disposição

O ex-vereador Dirceu Spitz, importante líder político do distrito de Lumiar,  foi vereador por vários mandatos seguidos — seis ao todo, de 1967 e 1993 —, sendo que nos dois primeiros, sem nada receber. Depois é que começou a haver uma gratificação. Mesmo assim, apenas uma ajuda de custo — o equivalente a cerca de uns R$ 1.000 em valores da época.

“Hoje, ser vereador é uma profissão como qualquer outra. Naquela época, só podia ser vereador quem tivesse uma fonte de renda, porque mesmo no período em que nós recebíamos alguma coisa, era uma quantia muito pequena, não dava para sustentar a família. Quem era eleito continuava trabalhando, não podia parar não. Hoje é emprego mesmo”, disse ele na reportagem de Dalva.

Na primeira vez que se elegeu, Dirceu estava com 41 anos, mas desde os 14 anos, acompanhava seu pai na política. “Eu sempre tive tendência para isso e como Lumiar não tinha recurso algum, procurava atender o povo em suas necessidades: levava para o hospital, para a maternidade, as pessoas batiam na nossa porta quando precisavam de alguma coisa”, lembrou em 2012.

O ex-vereador contou que fazia tudo isso em seu próprio carro, sem pensar em receber nada. Seu partido era o PSD (Partido Social Democrata), que depois virou MDB (Movimento Democrático Brasileiro) e, mais tarde, PMDB. Foi eleito vereador seis vezes, a primeira em 1967, exercendo a função por 26 anos consecutivos. “Havia duas sessões por semana, como hoje, e eu passava mais tempo na estrada do que em casa. Tinha de dormir na casa de meu concunhado na cidade, só voltando para Lumiar no outro dia de manhã”.

Depois do fim do mandato, continuou exercendo uma importante liderança, em Lumiar. Na época, comentou que falta “vontade de trabalhar” aos vereadores atuais. “Na minha modesta opinião, um vereador não precisava ter tantos assessores nem fazer tanta indicação, moções e projetos de lei que não dão em nada”, concluiu na entrevista.

A direção e toda a equipe de A VOZ DA SERRA se solidariza com a família neste momento difícil.

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