Friburgo já fez parte da preparação brasileira para Copas do Mundo

Em 1954 seleção disputou 3 amistosos no Eduardo Guinle e, em 1962, ainda sem Granja Comary, se concentrou aqui
sexta-feira, 01 de junho de 2018
por Vinicius Gastin (esportes@avozdaserra.com.br)
Registros da época exaltaram o time de Nova Friburgo: melhor “sparring” para a seleção
Registros da época exaltaram o time de Nova Friburgo: melhor “sparring” para a seleção

A estreia do Brasil na Copa do Mundo deste ano, na Rússia, terá um gosto especial: afinal de contas, o primeiro adversário será a Suíça. Exatamente no ano do bicentenário de Nova Friburgo. Desta forma, um telão será colocado no centro da cidade, para que os friburguenses e visitantes possam acompanhar, juntos, o duelo inaugural para o time de Tite.

Apesar das poucas perspectivas atuais, o município já recebeu a Seleção Brasileira em preparação para uma Copa do Mundo, e curiosamente em um dia 16 de maio (aniversário de Nova Friburgo), no ano de 1954. Os 138 anos da cidade, à época, foram comemorados no estádio Eduardo Guinle, onde o Brasil encerraria a preparação para a Copa do Mundo daquele ano. A partida foi uma espécie de tira-teima de outros dois encontros. No primeiro, o Brasil venceu por 3 a 2. Miguel Ruiz (foto) e Otacílio marcaram para o time de Nova Friburgo. No segundo treino, nova derrota por 1 a 0 (gol de pênalti, cobrado por Brandão).

A vitória de Nova Friburgo por 1 a 0, com gol de Jael aos 38 minutos do primeiro tempo, na meta à esquerda da Tribuna de Honra, fechou o ciclo de amistosos (alguns historiadores e pessoas presentes ao Eduardo Guinle contestam, e afirmam que o tento foi marcado por Jorge). "Ainda me lembro de muitas coisas. Eu já havia jogado no Botafogo, mas essa foi uma grande experiência. Para os colegas era a grande oportunidade, e nós fizemos frente à Seleção Brasileira," relembra Miguel Ruiz.

 De acordo com os registros históricos, 25 mil pessoas estiveram presentes ao estádio do Friburguense. A renda foi de 90 mil cruzeiros. Durante a passagem da seleção por Nova Friburgo, inclusive, Miguel foi convidado por Zezé Moreira e participou do segundo treino do time verde e amarelo na vaga de Luizinho. Os grandes jornais do país na época consideraram Nova Friburgo como o melhor "Sparring" (uma espécie de parceiro de treinos) para o Brasil. A Seleção Brasileira ficou hospedada no Hotel Sans-Souci, e contava com regalias como alimentação, concentração e estrutura de um clube profissional.

Os atletas da seleção friburguense, ao contrário, trabalharam durante os dias das partidas e foram liberados antes do horário para estarem em campo. "Eu mesmo trabalhei durante o dia inteiro na Única, saí às 14h, fui para o campo e mudei a roupa. Muitos jogadores trabalhavam em fábricas e no comércio", relembra Miguel.

Em 1962 a seleção brasileira retornou a Nova Friburgo, desta vez em preparação para o Mundial do Chile, que seria disputado naquele mesmo ano. A seleção de Garrincha, Pelé, Didi, Nilton Santos e outros craques se concentrou em Nova Friburgo. O Centro de Treinamento da Granja Comary, em Teresópolis, só foi construído anos depois, em 1987. Segundo publicação na sessão Acervo, do jornal carioca O Globo, “na chegada à cidade, no dia 9 de abril (de 1962), os jogadores foram recebidos com aplausos pelos moradores durante desfile do ônibus que levava o grupo”.

Além da Seleção Brasileira, Nova Friburgo também recebeu os grandes clubes do Rio de Janeiro para as chamadas pré-temporadas. No entanto, desde o final da década de 90 e início dos anos 2000, o município dificilmente é especulado como destino provável de algum time carioca. Este ano, o Botafogo até cogitou a hipótese de realizar parte da preparação na cidade. Torcedores friburguenses do alvinegro mantêm boa relação com os atuais dirigentes do clube, que receberam a proposta e gostaram da ideia. Entretanto, alguns detalhes impediram a concretização.

Entre as exigências dos cariocas estava a proximidade de estruturas de hospedagem, campo para treinamento, academia, dentre outras. À época, Nova Friburgo concorreu com um resort, em Domingos Martins, no Espírito Santo, que oferecia melhores condições, reunidas em um único espaço. A proximidade com a capital fluminense poderia até ter sido um diferencial, caso as outras exigências fossem cumpridas. No fim das contas, o Botafogo desistiu da viagem para o estado capixaba e fez toda a preparação no próprio Rio de Janeiro.

Ficha Técnica

Nova Friburgo 1 x 0 Brasil

Data: 16/05/1954 – 15h

Estádio Eduardo Guinle

Público: 25 mil pessoas

Renda: CR$ 90 mil

Nova Friburgo: Horst (Esperança), Ivan (Esperança), Leoni (Friburgo), Nilton (Fluminense) e Ivair (Conselheiro); Cléo (Esperança), Arley (Serrano), Otacílio (Fluminense) e Paulo Banana (Friburgo); Miguel Ruiz (Friburgo) e Jorge (Serrano).

Técnico: Virgílio Laginestra (Binha)

Brasil: Veludo (Fluminense), Djalma Santos (Portuguesa), Pinheiro (Fluminense), Salvador (Internacional) e Nilton Santos (Botafogo); Bauer (São Paulo), Julinho Botelho (Portuguesa-SP), Humberto Tozzi (Palmeiras) e Didi (Fluminense); Índio (Flamengo) e Maurinho (São Paulo).

Técnico: Zezé Moreira

 

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