Friburgo, celeiro de atletas: craque a gente faz em casa

Cidade torna-se referência em formar campeões pelos octógonos mundo afora
sábado, 01 de setembro de 2018
por Guilherme Alt (guilherme@avozdaserra.com.br)
O campeão Edson Barbosa
O campeão Edson Barbosa

Edson Barboza Jr., 32 anos

  • Kickboxing: 28 lutas, 25 vitórias e 3 derrotas.
  • UFC: 25 lutas, 19 vitórias e 6 derrotas.

Principal nome de Nova Friburgo no octógono, Edson Barboza Jr. (foto principal) aos poucos vai galgando seu espaço no hall dos melhores lutadores do mundo. O friburguense, sempre bem cotado nas casas de apostas a cada vez que luta, está bem próximo do tão sonhado embate pelo cinturão dos pesos leves. Aos 32 anos, Juninho, que luta desde os 8, tem um cartel impressionante de vitórias, como ele mesmo conta.

“Minha primeira luta foi amor à primeira vista. Ali eu já sabia o que eu queria para a minha vida. No Brasil, eu ganhei tudo que tinha pra ganhar lutando muay thai, fui muito bem preparado. Nova Friburgo sempre teve grandes lutadores, eu e o Marlon somos parte desse crescimento, mas acho que o nome de Friburgo já vinha sendo muito bem representado no cenário da luta antes de nós dois. Roberto Castro, Anderson França, Flávio Serafim, uma galera do jiu jitsu muito boa são nomes que alavancaram Friburgo nos ringues de todo o mundo. A luta é o esporte que representa bem o nome de Friburgo. Temos muitos talentos entre os melhores do mundo, em diversas modalidades e categorias. Isso faz com o que a cidade continue revelando lutadores. O friburguense já possui em seu DNA um espírito guerreiro, e o sucesso mundo afora é apenas uma consequência. A cada luta que eu faço é uma história diferente, tem sua marca, mas não tem como negar que a primeira luta que eu fiz pelo UFC, no Rio de Janeiro, foi marcante. Tive muita vontade de chorar. Lutar e vencer no Rio depois de muito tempo foi algo inexplicável. Acredito que a parte do psicológico é mais importante que a parte técnica. Eu sempre digo que lutar com os punhos e pernas qualquer um luta, mas lutar com a cabeça não é para qualquer um. Quem está no topo hoje domina essa parte muito bem, ela faz muita diferença. O UFC nunca foi uma meta, mas, quando apareceu na minha vida, eu abracei o desafio. O importante sempre foi lutar, não importa o evento. Eu gostaria de lutar outra vez com todos os seis que me venceram no UFC, porque eu sei que tenho condições de reverter o resultado. Apesar disso, eu não mudaria nada na minha trajetória. Todas as vitórias e derrotas foram importantes na minha carreira, aprendi bastante com cada luta.”

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Jorge Coutinho, 25 anos

  • UFC: 17 lutas, 12 vitórias e 5 derrotas, sendo 7 vitórias por nocaute.

Conquistas: Kickboxing Open 2014, tetracampeão brasileiro de kickboxing, octacampeão estadual, campeão carioca profissional nas modalidades Low Kicks e K1 Rules 60kg, campeão peso leve do Strikers Kickboxing, campeão panamericano, eleito melhor atleta de 2014 e 2016 e atleta mais eficiente de 2017, tricampeão da taça Guanabara, já lutou os principais eventos profissionais da América Latina (WGP Kickboxing, Skaus Combat, Jungle Fight, Shotoo Brasil). Tem como ídolo Edson Barboza, Marlon Moraes, Robinvan Rooslamen e Gokhan Saki.

“O que nos faz referência na luta (Nova Friburgo) são os nossos precursores, aqueles que abriram as portas antes para que os atletas da cidade fossem visto como joias em potencial. Edson Barboza Jr., Marlon Moraes e Roberto Castro (falecido) inspiraram muita gente, inclusive a mim. Em cada luta tento buscar meu espaço, impor meu ritmo. Acredito que o psicológico seja 60%, a técnica é consequência de uma mente bem preparada. Apesar de já ter um cartel muito bom de títulos, ainda tenho alguns sonhos. Eu gostaria muito de lutar contra o atleta argentino Ignacio Capllonch, ele é muito renomado no exterior, com muita experiência, seria uma luta que me alavancaria bastante no cenário internacional. Nas minhas derrotas, procuro sempre aprender algo para que elas não se repitam, elas tem a sua importância e por isso não gostaria de mudar nenhum resultado.”

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Guilherme Garcia, 23 anos

  • UFC: 17 lutas, 13 vitórias e 4 derrotas.

Conquistas: campeão estadual 2018 pela CBMTP, três vezes campeão brasileiro pela CBMTP, campeão brasileiro pela CBMM, bicampeão carioca pela CBMTT/ IFMA, campeão Copa Centro-Oeste de Muay Thai em Brasília, vice-campeão brasileiro pelo Conselho Nacional de Muay Thai, participação no Mundial da Itália de 2017.

“Apesar de tantas conquistas, eu luto só há quatro anos. Sou novato no meio de tantos renomados, porém o que decide quem é quem são os treinos e as competições. Comecei a treinar sem pretensões de competir, mas, em três meses de treino, fui convidado a fazer minha primeira luta e aceitei. Foi a melhor coisa da vida. Quando o juiz levantou minha mão, tive a certeza que era isso que eu queria pra mim. Tenho como ídolo o tailandês Buakaw. Sempre antes das minhas lutas eu assisto a seus vídeos no YouTube. É um cara que joga simples e que apresentou ao mundo todo o real muay thai.  Tive a oportunidade de representar meu país em uma competição internacional, na Itália, e entrar em um ringue tão longe da minha terra carregando a bandeira do Brasil nas costas foi algo surreal. Me emociono até hoje. Durmo e acordo relembrando esse momento. É muito legal ter esse reconhecimento nos eventos de luta. Quando sabem que tem friburguenses na área, ficam ansiosos para assistirem às guerras, porque sabem que os caras são bons . A galera de Friburgo se dedica muito, corre dobrado, estuda muito, isso faz com que sejamos tão bem representados. Na luta, tudo tem que estar alinhado. A parte técnica, física e psicológica. Costumo dizer que se a cabeça não estiver "blindada" é melhor nem subir no ringue. Não tem um aspecto que seja mais importante que o outro. O lutador precisa estar bem tecnicamente, fisicamente e psicologicamente. Se um desses fatores estiver alterado, não vai sair boa coisa. Tenho um sonho de lutar profissionalmente na Tailândia contra um tailandês. Tenho certeza que estou próximo deste grande dia. O muay thai é originário da Tailândia e logicamente os tailandeses fazem da melhor forma. Ganhar de um tailandês dentro da Tailândia seria algo inesquecível. No último Campeonato Brasileiro da CBMTP eu lutei contra um adversário do Maranhão e sofri um corte na testa oriundo de uma cotovelada. Esse corte me deixou sangrando pelo resto da luta. Demorei muito a focar na luta novamente após ter o meu psicológico abalado. Tenho certeza que, se tiver outra chance, o resultado poderia ser diferente.”

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Mestre Celso Martins, presidente da Confederação Brasileira de Muay Thai Profissional (na foto, à direita)

“Friburgo desponta como formador de lutadores. Estamos com uma geração boa. O Guilherme Garcia vem de conquistas, o Juberlan Frias é um atleta de ponta aqui da cidade, o próprio João Coutinho tem se destacado demais e é uma realidade da nossa cidade. Eu vejo que o friburguense tem uma perseverança, uma vontade diferenciada, e isso faz toda a diferença. Eu já dei aula em vários lugares do Brasil, morei nove anos na Europa e desde 2009 estou em Friburgo porque vi que a dedicação dos atletas é impressionante. Os atletas de Friburgo são de alto nível, e é por isso que a cidade se destaca nessa parte. Como presidente da CBMTP, costumo trazer seminários para que os atletas adquiram conhecimento, buscamos parcerias. Nas competições nós temos árbitro bem pagos, que se motivam a estudar mais sobre o esporte e oferecer um serviço de excelência. É um conjuntos de fatores que faz com o que o esporte seja cada mais justo, de alto nível e que nossos atletas tenham desempenho satisfatório.”

 

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