Liliana Sarquis
A Seleção Brasileira entrou em campo com o que, até então, é considerada a equipe titular. Mas, jogando contra uma equipe mais forte do que a do amistoso anterior, a equipe canarinho logo começou a deixar a torcida apreensiva, mostrando um futebol confuso e pouco eficiente.
Muitas faltas marcaram o início do jogo. Aos dois segundos — isto mesmo, dois segundos — a Sérvia já havia derrubado Neymar. Aos quatro minutos nova falta sobre o camisa onze, mas a jogada continuou e Luiz Gustavo também foi atingido na sequência do lance.
Daí em diante, o que se viu foi um jogo amarrado, com muitas faltas dos dois lados. O Brasil, com uma saída de bola lenta, não se achava em campo. Na metade do primeiro tempo, parecia que a Sérvia abriria o placar. Aos 40 minutos uma esperança: Neymar sofreu falta de Matic próximo à grande área, mas David Luiz cobrou e isolou.
Aos 43 minutos um susto: Julio César devolve a bola nos pés do adversário. Um impedimento salvou o Brasil de um gol claro. Para alívio, o primeiro tempo terminou com apenas um minuto de acréscimo, expondo muitos erros de toda a equipe.
Segundo tempo: enfim, o gol
Em menos de um minuto outro susto: Neymar escorregou e torceu o joelho. Mancou por alguns minutos, mas logo se recuperou. O jogo continuou amarrado, com faltas. A Sérvia dava alguns sustos até que Fred, aos 13 minutos, matou no peito um cruzamento de Thiago Silva, deixou o zagueiro Ivanovic para trás e mesmo caído abriu o placar. Um belo gol que mexeu com o jogo. O Brasil melhorou, dominou o jogo, mas as finalizações ainda não estavam resultando no aumento do placar. Aos 16 minutos ainda sofreu com um contra-ataque sérvio, mas a bola saiu pela linha de fundo sob a proteção de Daniel Alves. Aos 19 minutos, Felipão fez a segunda substituição: saiu Paulinho, que não estava jogando bem, e entrou Fernandinho. Logo depois a Sérvia mexeu, trocando Tadic por Zoran. O lateral brasileiro Maicon também teve a sua chance, substituindo Daniel Alves.
Aos 27 minutos um erro do árbitro tirou o segundo gol do Brasil. O gol de Hulk foi considerado pelo auxiliar Milciades Saldivar em impedimento. Felipão fez novas mudanças: Maxwell entrou no lugar de Marcelo e Fred, muito aplaudido, saiu dando lugar a Jô. O técnico Ljubinko Drulovic também resolveu mudar, colocando Gudelj, Mrdja, Vulicevic e o goleiro Lukac nos lugares de Markovic, Petrovic, Basta e Stolkovic, respectivamente. A última substituição ficou por conta da entrada de Bernard, saindo Neymar sob aplausos, embora não tenha repetido a atuação do jogo contra o Panamá.
Aos 43 minutos a Sérvia quase marca, mas Maicon conseguiu tocar pela linha de fundo. A última emoção foi aos 45 minutos, quando Jô cabeceou para o gol sérvio, mas Lukac defendeu. Fim de jogo. Agora é esperar que a seleção se acerte para a estreia quinta-feira, 12, contra a Croácia, país que aliás fez parte da extinta Iugoslávia, assim como a Sérvia.
Brasil 1x0 Sérvia
Ficha Técnica
Estádio: Morumbi (SP)
Público: 67.000 pagantes
Brasil
Júlio César
Daniel Alves (Maicon)
Thiago Silva
Marcelo (Maxwell)
Paulinho (Fernandinho)
Luiz Gustavo
Oscar (Willian)
Hulk
Fred (Jô)
Neymar (Bernard)
Técnico: Luiz Felipe Scolari
Sérvia
Stolkovic (Lukac)
Basta (Vulicevic)
Ivanovic
Mitrovic
Kolarov
Dusko Tosic
Matic
Jojic
Tadic (Zoran)
Radosav Petrovic (Mrdja)
Markovic (Gudelj)
Técnico: Ljubinko Drulovic
Árbitro: Enrique Cáceres
Auxiliares: Dario Gaona e Milciades Saldivar
O talento faz diferença, mas nem sempre
Vinicius Gastin
Um adversário sem compromisso, bem postado e qualificado com a bola nos pés. A Sérvia jogou de forma semelhante ao que se espera da Croácia na estreia do Mundial, e o Brasil teve dificuldades. Os croatas, ao enfrentarem o adversário mais forte do grupo na primeira partida, virão "sem responsabilidade”, assim como os sérvios. Uma derrota é natural, enquanto um empate ou mesmo uma vitória deixariam a seleção leste-europeia em boas condições no grupo A. A diferença de motivação entre um amistoso e um jogo de Copa de Mundo existe, mas fica o alerta e a necessidade de alguns ajustes. O Brasil não pode de depender de lampejos.
O primeiro tempo terminou sob vaias da torcida presente ao Morumbi. Pode ser um exagero pelo caráter amistoso da partida, mas em tese justifica-se. A Servia parecia motivada e disposta a marcar o Brasil como num jogo oficial. Assim o fez, e o time de Felipão não encontrou alternativas para escapar do bloqueio feito a partir do campo ofensivo, tampouco das faltas — algumas exageradas. Com a entrada de Paulinho, a expectativa era por uma saída de bola mais rápida e qualificada, algo que não aconteceu. O camisa oito foi até mais participativo, porém tão pouco eficiente quanto Ramires e Hernanes, testados contra o Panamá. Os erros de passes e a lentidão para fazer a bola chegar ao ataque proporcionaram alguns contra golpes à Sérvia. No fim do primeiro tempo, dois lances traduziram os 45 minutos iniciais de um Brasil desorganizado na defesa e pouco concentrado. Thiago Silva e David Luiz se atrapalharam, e um impedimento salvou a Seleção. Pouco depois, Julio Cesar errou a saída de bola e deu novo susto. Pouco antes, o goleiro havia salvado o Brasil. De positivo, talvez, apenas os inúmeros cruzamentos à grande área, algo exaustivamente treinado por Felipão. Na parte defensiva, a eficiência prevaleceu, mas no ataque a bola aérea não funcionou.
Willian foi a tentativa para dinamizar o jogo brasileiro na segunda etapa. Com Paulinho mais perto da grande área, o Brasil criou nos minutos iniciais, mas os passes errados atrapalhavam. Neymar, até então, preocupou mais o torcedor brasileiro com as quedas e expressões de dor do que a defesa adversária. Foi necessário um lançamento preciso de Thiago Silva no peito de Fred para tirar o zero do marcador. O talento supera retrancas e más atuações. E faz o time crescer. A vantagem teve o maior domínio brasileiro como consequência, embora a Sérvia tenha carimbado a trave de Julio Cesar. A equipe de Felipão foi mais veloz com a entrada de Fernandinho, mas ainda é difícil avaliar se o volante do Manchester City será melhor opção que Paulinho. Por ora, resta acreditar na qualidade individual dos jogadores brasileiros, dar um voto de confiança na equipe campeão da Copa das Confederações e lembrar que o desempenho do Brasil foi totalmente diferente em jogos oficiais. A mistura de motivação e talento, somada a alguns ajustes, pode ser o combustível para o hexacampeonato.
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