Fotos de Regina Lo Bianco alertam para o futuro de Nova Friburgo

quinta-feira, 08 de maio de 2008
por Jornal A Voz da Serra

"Todo friburguense deveria ver.” A afirmativa certeira é de Tereza Albuquerque de Mello, do Pró-Memória. Ela me recepciona à porta da Usina Cultural Energisa, onde chegava, ao fim da tarde daquele 1° de maio, para ver a exposição fotográfica Nova Friburgo Memória, que Regina Lo Bianco inaugurava. Tereza referia-se exatamente à mostra, que estará aberta à visitação pública por todo este festivo mês de maio do 190° aniversário do município, e mencionava um ponto que, para muitos, pode ser uma surpresa. Sobretudo para aqueles acostumados a ver seu trabalho impregnado somente das belas cenas dos últimos anos.

Mas eu já sabia, mesmo antes de adentrar os salões. Além de suas já consagradas fotos de belezas naturais, lugares especiais e todo o bucolismo, por exemplo, desde locais como Lumiar, São Pedro da Serra, Boa Esperança, Rio Bonito e mesmo de um já desgastado coreto em nossa praça principal, que ganhou destaque por seu ângulo revelador, a fotógrafa inovou, acrescentando imagens de uma Nova Friburgo que vai crescendo de forma descontrolada.

Acostumados a ver sempre as fotos das mais belas paisagens, nesta exposição Regina nos leva a refletir, através de dois painéis, instalados no espaço do Café da Usina Cultural, com fotos de imagens fortes e de impacto acerca de uma realidade dos nossos atuais dias friburguenses.

Sobretudo aquelas que revelam um crescimento desordenado encostas acima, de construções que se misturam num emaranhado confuso de prédios, mesmo em alvenaria. É a pressão urbana tomando o espaço de nossa exuberante vegetação.

Que cidade veremos?

A pedido da própria fotógrafa, na condição de secretário executivo do movimento Nova Friburgo 200 anos, escrevi um dos textos de apresentação da mostra. Procurei pontuar o questionamento a que as imagens nos remetem. Em contraposição ao brilhante texto do historiador e professor Jorge Miguel Mayer, cujo título convida: “Vamos ver Nova Friburgo”, interrogo, entretanto: “Que Nova Friburgo vamos ver?”. E é exatamente o que as fotos de Regina propõem: um alerta, como também a própria fotógrafa questiona em texto de sua autoria: “Que Nova Friburgo estamos construindo?”. Outro texto, que aborda o aspecto histórico, é do professor João Raimundo de Araújo.

Exatamente no mês em que completa o 190° ano de sua fundação, pelo Decreto do Rei D. João VI que autorizou a pioneira colonização suíça no Brasil, a exposição de fotos cumpre, ainda, uma função benemérita. Ao fim da mostra, a fotógrafa doará, com apoio da Energisa (empresa concessionária de energia elétrica), parte das fotos para o acervo do Centro de Documentação Histórica, o Pró-Memória da Prefeitura. Na verdade, um autêntico presente da artista no aniversário da cidade.

Serviço:

Exposição Nova Friburgo Memória

Galeria da Usina Cultural Energisa (antiga Cenf)

Praça Getúlio Vargas 55 (entrada pela Rua Dante Laginestra)

Visitação: segunda a sexta-feira / 9h30 às 19h30

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