Firjan lança projeto para marcar o centenário da indústria de Nova Friburgo

segunda-feira, 19 de setembro de 2011
por Jornal A Voz da Serra

A importância do segmento industrial para Nova Friburgo está no coração da sua história. Nos dias de hoje, mesmo com a crise do setor têxtil, a indústria chega a ser responsável por 41% do PIB do município. Para registrar a passagem dos 100 anos da Indústria em Nova Friburgo, completados em 11 de junho deste ano, a Firjan prepara diversas ações comemorativas.

Já está agendada para outubro a exposição “100 anos da Indústria”, mostrando desde o início da industrialização—que começou com a Cenf (hoje Energisa) e Arp, seguida pela Ypu, Filó e Haga—até os dias atuais, com destaque para o setor de moda íntima. A Exposição da Indústria será junto com a Exposição “100 anos de luz”, realizada pela Energisa. “O principal objetivo destas comemorações é marcar o centenário da indústria de Nova Friburgo de forma compatível com a sua importância histórica na transformação econômica e social de nossa cidade. Essa luz do passado é importante para nos iluminar nos dias de hoje”, afirma o presidente da Firjan Regional, Vicente Bastos.

Além dos representantes das protagonistas—algumas de nossas principais indústrias—as ações envolvem também a parceria com setores da sociedade como o Departamento de História da Faculdade Santa Dorotéia (UCP), a Colônia Alemã, a Associação Comercial (Acianf), além de pesquisadores e interessados.

O conselheiro da RR Firjan e coordenador do Comitê Centenário da Indústria de Nova Friburgo, Antônio Carlos Cordeiro, destaca que, após quatro reuniões de trabalho, foram colhidos testemunhos de industriais e historiadores. “Podemos afirmar que, com o advento da industrialização, em 1911, houve uma grande mudança na estrutura econômica e social de Nova Friburgo. A história da industrialização de Friburgo é riquíssima e com fatos muito interessantes. Devemos muito aos empresários alemães do início do século passado, com destaque para Julius Arp, que foi sem dúvida, o principal protagonista, estando à frente da Cenf, Arp e, como acionista, na Ypu e Filó”, lembra ele.

CONCURSO DE MONOGRAFIAS - O projeto de Comemoração do Centenário prevê ações de curto e médio prazo. No curto prazo, a Firjan prepara, além da Exposição comemorativa, o início de uma pesquisa acadêmica junto com o Departamento de História da FFSD. Para aprofundar o conhecimento do período em questão, será elaborado um Concurso de Monografias, a ser realizado em conjunto com a FFSD.

Palestras e outras formas de divulgação do relevante conteúdo histórico estão previstas, e as atividades deverão se estender para o próximo ano. Como legado, a perspectiva é que sejam publicados um livro e um videodocumentário sobre o tema, culminando na realização de um Memorial da Indústria. “A história da industrialização de Nova Friburgo está contada até 1940. Depois de 1950 não temos nada publicado, precisamos recuperar os dados deste período”, destaca Cordeiro.

As reuniões quinzenais na sede da Representação Regional da Firjan, em Nova Friburgo, têm funcionado como verdadeiros seminários sobre a história da cidade. Convidado, o professor João Raimundo, doutor em História, apresentou alguns aspectos de seu trabalho sobre a industrialização de Nova Friburgo, publicado no livro Teia Serrana.

Em sua apresentação, o professor João Raimundo falou sobre alguns aspectos prévios à chegada da indústria, como a implantação da malha ferroviária, em 1873 e a fundação, em 1886, do Colégio Anchieta e, em 1893, do Colégio Nossa Senhora das Dores. O professor citou também alguns pontos que impulsionaram a industrialização de Nova Friburgo, como: os embates políticos entre a aristocracia rural liderada por Galiano das Neves e o discurso modernizante de Galdino do Valle Filho; a presença do empresariado alemão em Nova Friburgo: Julius Arp e Maximilliam Falck (fundadores da Arp e da Ypu); e a chegada da energia elétrica. As principais indústrias se instalaram aqui a partir de 1911, com a planta da, então, Fábrica de Rendas Arp. Em 1912 foi fundada a Fábrica Ypu; em 1925, a Fábrica de Filó (hoje Triumph); e em 1937, a Haga.

O diretor da Haga, José Luiz Abicalil, contou sobre a origem do setor metalmecânico na região apresentando a “árvore genealógica” do setor, que tem na fábrica Haga a sua raiz. Já o professor Ricardo Costa informou a linha de pesquisa de sua dissertação de mestrado, na qual deverá estudar a história da industrialização a partir de 1930. Entre vários outros convidados dos encontros na Firjan também participaram: Sonia de Araújo, Osmar Castro, Nelson Augusto Bohrer, Dalva Brust, Viviane Vecchi e Richard Ihns.

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