A Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) acaba de concluir seu aguardado relatório "Visões de Futuro – Potencialidades e Desafios para o estado do Rio de Janeiro nos próximos 15 anos”. O documento, de 77 páginas, foi elaborado com precisão regional, a partir de reuniões com prefeitos e empresários de todas localidades do estado. O encontro da Região Serrana aconteceu em Nova Friburgo no dia 25 de julho, e contou com a presença dos prefeitos Rogério Cabral (Nova Friburgo); Paulo Vieiras de Barros (Bom Jardim); Alex Rodrigues Leitão (Duas Barras); Carlos José Gomes de Souza (Trajano de Moraes); Paulo Cesar Gonçalves Madeira (vice-prefeito de Carmo); Saulo Gouvea (Cantagalo); Leandro Monteiro (Cordeiro); e Felix Monteiro Lengruber (Macuco).
A VOZ DA SERRA teve acesso em primeira mão ao documento final, que será entregue a todos os candidatos ao governo do Estado e autoridades municipais a partir desta segunda-feira, 29, e que também poderá ser lido no site da própria Firjan dentro de alguns dias.
Constatações gerais
Antes de mergulhar em especificidades, o estudo traça um panorama geral do Estado, apontando potencialidades e desafios considerados estratégicos para o futuro próximo.
"As visões de futuro apontam, em 5 a 15 anos à frente, para um Estado do Rio de Janeiro diferente do que conhecemos hoje. Uma Rota de Desenvolvimento estará plenamente visível, integrando o interior com a capital. Novas oportunidades aumentarão a força econômica do Estado, reforçando vocações e criando novas dinâmicas. Novos desafios irão se impor, em todas as regiões, demandando respostas do setor empresarial, da sociedade civil e do poder público. É necessário, desde já, trabalhar para aproveitar ao máximo as oportunidades futuras, investindo em todo o Estado na melhoria e ampliação da infraestrutura de transporte e logística, energia elétrica, gás natural e banda larga, insumos fundamentais para as empresas. Faz-se urgente assegurar áreas para instalação das indústrias, planejando a ocupação populacional para evitar a favelização. É primordial investir no aumento do nível educacional da mão de obra e na formação de professores, principalmente na educação básica e profissional. É primordial agir já.”
"Hoje, o Estado do Rio de Janeiro caracteriza-se por ser o maior produtor de petróleo e gás nacional, apresentar posição geográfica estratégica e infraestrutura logística privilegiada. Ademais, é o mais importante centro turístico no país, e seu crescimento historicamente esteve muito relacionado com a cidade do Rio de Janeiro. Parte dessa realidade está em transformação: os investimentos não estão mais restritos à capital. Grandes investimentos industriais e logísticos foram e ainda estão sendo realizados em diversas regiões no Estado, resultando em um processo efetivo de interiorização com o surgimento de novos núcleos de crescimento econômico. Em um período de 5 a 15 anos à frente, é possível visualizar a evolução desses núcleos para polos de desenvolvimento, ligados pelas principais rodovias que cortam o estado, que também recebem investimentos de adequação e ampliação. Isso permite vislumbrar uma "rota” no mapa do estado. Uma rota cuja parte troncal começa na região Sul Fluminense, atravessa a Baixada, passa pela Capital e pelo Leste Fluminense e avança para o Norte do Estado, com ramificações para a Região Serrana/Centro-Sul, o Centro Norte e o Noroeste Fluminense. Uma Rota de Desenvolvimento.”
O Centro-Norte fluminense
Referindo-se especificamente à região Centro-Norte Fluminense, composta pelos municípios de Bom Jardim, Cachoeiras de Macacu, Cantagalo, Carmo, Cordeiro, Duas Barras, Macuco, Nova Friburgo, Santa Maria Madalena, São Sebastião do Alto, Sumidouro, Teresópolis e Trajano de Morais, o documento aponta que "o desenvolvimento da região, no período de 5 a 15 anos à frente, está diretamente ligado à questão logística e à oferta de áreas adequadas para a expansão industrial. De fato, o desenvolvimento da região dependerá da qualificação da RJ-116, principal rodovia do Centro-Norte, que garante a integração com as regiões Noroeste e Metropolitana. A rodovia precisa ser duplicada para suportar o crescimento do tráfego de longa distância, em especial de veículos pesados, que conflita com o tráfego urbano. Será necessário construir, em especial, os contornos de Nova Friburgo e Cachoeiras de Macacu. Essas obras darão à região mais facilidade de conexão com outras regiões e com áreas de produção agroindustrial, além de criar novas áreas de expansão industrial”.
O estudo afirma ainda que "para dar suporte à atração de novas indústrias, municípios com áreas disponíveis precisam avançar na implantação de distritos industriais localizados nas margens das principais rodovias. Nos municípios que apresentam restrições topográficas e ambientais, que reduzem sua capacidade de instalar distritos industriais de médio e grande portes, o desenvolvimento do potencial industrial estará relacionado ao aproveitamento do espaço existente, através de identificação de áreas passíveis de serem ocupadas e a preservação e qualificação desses espaços”.
Ainda conforme a Firjan, nos próximos anos "a região verá fortalecer a indústria criativa, não apenas no segmento de moda, mas também com o desenvolvimento do setor audiovisual, hoje latente, mas com potencial. Em paralelo, as indústrias tradicionais da região continuarão a representar participação relevante na economia regional. Considerando a topografia e o histórico de ocupação, o desenvolvimento econômico no período poderá provocar aumento da pressão sobre a infraestrutura local, já insuficiente para a demanda atual. Portanto, para que a expansão econômica seja compatível com a desejada e seu impacto maximizado, diversas ações precisam ser feitas agora para preparar a região para esse futuro”.
Diante de tais constatações, o relatório identificou oito tópicos fundamentais para o desenvolvimento sustentável da região, que devem ser observados pelas futuras administrações. São eles a "Criação, Preservação e Adequação de Zonas Industriais”; "Adequação da Logística e Mobilidade Urbana”; "Disponibilidade e Qualidade de Energia Elétrica”; "Cobertura da Rede de Gás Natural”; "Ordenamento Habitacional”; "Sistema de Saneamento Ambiental”; "Prevenção contra eventos climáticos”; e "Educação e Qualificação da Mão de Obra”. Na íntegra do documento cada um destes pontos é explicado e respaldado por propostas e sugestões de ações concretas.
A presidente da Representação Regional da Firjan no Centro-Norte Fluminense, Márcia Carestiato Sancho, comentou a importância do documento como ferramenta de orientação para as futuras administrações. "Eu vejo o ‘Visões do Futuro’ como o grande desafio que iremos apresentar aos nossos governantes para que as indústrias, o serviço e cada região cresçam de forma ordenada e planejada, com a preocupação na questão da sustentabilidade e no desenvolvimento de forma adequada para cada região. Tenho a certeza de que, desta forma integrada e com todo apoio da Firjan, o Rio despontará como o estado com o maior crescimento e maiores investimentos do Brasil. Esperamos sinceramente que o governo aproveite de uma forma muito positiva as demandas e gargalos apresentados neste documento.”
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