A melhoria nos indicadores de educação colocaram Nova Friburgo como a segunda cidade mais desenvolvida do Estado do Rio de Janeiro, segundo o Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM) 2015. A cidade avançou da terceira para a segunda posição no ranking da pesquisa anual, divulgada ontem, 7, pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan). O estudo acompanha o desenvolvimento socioeconômico do país pela avaliação das condições de educação, saúde, emprego e renda de todos os municípios brasileiros.
Os pesquisadores da Firjan analisaram dados oficiais de 2013 dos ministérios do Trabalho e Emprego, da Educação, e da Saúde. Segundo o relatório final, Nova Friburgo obteve 0,8314 ponto no ranking geral, nota melhor que a da capital Rio de Janeiro (0,8281). Ao comparar os indicadores dos estudos separadamente, os pesquisadores da Firjan registraram que, em um ano, o município avançou da 13ª para a sexta posição no índice educação, mas, caiu do 17º para o 30º lugar no indicador saúde e também retrocedeu da oitava para 10ª posição em emprego e renda.
Para chegar aos resultados, a equipe da Firjan coletou dados econômicos, como geração de emprego formal e salários médios; de educação básica, como as matrículas na educação infantil e desempenho no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb); e de saúde, como a quantidade de consultas pré-natal feitas pelas gestantes e o número de mortes por causas indefinidas. Os três vetores (economia, educação e saúde) receberam notas separadas. O índice geral é calculado por média, em que todos os parâmetros têm o mesmo peso. O resultado é uma nota que vai de 0 a 1 — quanto mais perto de 1, melhor a situação. Os dados oficiais de 2013 são os mais recentes disponíveis.
Além da segunda colocação no ranking estadual, Nova Friburgo é a primeira entre as cidades das regiões Serrana e Centro-Norte. O segundo lugar ficou com Petrópolis (0,7904), seguido de Teresópolis (0,7876), Macuco (0,7260), Bom Jardim (0,7242), Carmo (0,7226) e Cordeiro (0,7222). Dos 14 municípios que compõem as duas regiões, quase 70% (nove) avançaram no desenvolvimento. Já São Sebastião do Alto teve a segunda pior nota (0,5869) de todo o estado, ficando à frente apenas de Japeri (0,5442), na Baixada Fluminense. O melhor município fluminense é Resende, no Sul do estado, com nota 0,8441 ponto.
Duas Barras, Sumidouro e Macuco registraram avanços expressivos no período, justificados pela melhora no índice de emprego e renda. Já, Teresópolis, Macuco, Cordeiro e Duas Barras apresentaram avanços nas três vertentes do índice. O maior destaque da região foi no indicador educação: quase dois terços das cidades (64,3%) apresentaram alto desenvolvimento. Nesse indicador, Nova Friburgo e Carmo ficaram entre os dez melhores de todo o estado, ocupando a sexta e sétima posições. Cordeiro, Macuco, Cantagalo, São Sebastião do Alto, Trajano de Morais, Duas Barras e Teresópolis também evoluíram significativamente e alcançaram nota superior a 0,8100.
Já em saúde, cinco dos dez piores resultados do Rio de Janeiro estão aqui – Duas Barras, Cantagalo, Trajano de Morais, Santa Maria Madalena e São Sebastião do Alto. Apesar da avaliação ruim, Santa Maria Madalena avançou 11,2% no indicador saúde. Já Petrópolis, Nova Friburgo, Bom Jardim, Cachoeiras de Macacu e Teresópolis atingiram alto desenvolvimento nesse indicador.
Em relação ao quesito emprego e renda, nenhum dos 14 municípios da região foi classificado com alto desenvolvimento.Nova Friburgo (0,7831), Teresópolis (0,7333) e Petrópolis (0,7303) obtiveram desenvolvimento moderado.
Entre as capitais, o Rio de Janeiro é a quinta capital mais desenvolvida do país. Segundo a Firjan, os investimentos nos Jogos Olímpicos e na construção civil impulsionaram o município, que, em um ano, saltou da sétima para a quinta colocação entre as capitais do país com melhor desenvolvimento socioeconômico. A cidade está atrás de Curitiba, São Paulo, Vitória e Florianópolis, que completam a lista das cinco primeiras no IFDM 2015.
Crise e desenvolvimento estagnado
O estudo ainda destaca que crise econômica e a consequente retração nos índices de emprego e renda prejudicam o desenvolvimento do país e ameaçam a manutenção e expansão das conquistas sociais. De acordo com a Firjan, a projeção para este ano é de piora do quadro. O índice aponta que a nota brasileira, composta pelos indicadores de Educação, Saúde, Emprego e Renda, ficou em 0,7441 ponto, com aumento de apenas 0,2% na comparação com o ano anterior. Foi o menor avanço desde o início da série histórica do índice, em 2005, refletindo principalmente o desempenho negativo do IFDM emprego e renda. O indicador recuou 4,3% na comparação com 2012 e atingiu 0,7023 ponto.
Em 2015, esse indicador de emprego e renda poderá atingir 0,5204 ponto – menor patamar da série – já que o país deve perder mais de um milhão de postos de trabalho formais e a renda deve avançar menos que a inflação, corroendo o poder de compra do trabalhador. Os municípios, que tendem a ficar à mercê da conjuntura econômica, deverão ter menos recursos para expandir e, principalmente, para manter os programas sociais que viabilizaram o avanço nas áreas de educação e saúde nos últimos anos.
Na avaliação de 2005 a 2013, a Firjan destaca que a nota geral do país avançou 21,3%. Nestes oito anos, o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 35%, foram gerados quase 16 milhões de postos de trabalho formais e houve aumento do rendimento médio em 28%. O bom desempenho da economia no período foi determinante para a expansão de recursos – através do recebimento de tributos via arrecadação própria ou transferências - para o financiamento das políticas públicas e, consequentemente, para a maior atuação social dos governos. Nesse período, a despesa orçamentária per capita média das prefeituras nas áreas de educação e saúde registrou crescimento de quase 80%, já descontados os efeitos da inflação. E, em 2013, os indicadores de educação e saúde do índice atingiram 0,7615 e 0,7684 pontos, respectivamente.
Apesar do avanço nos últimos anos, a Federação ressalta que em 2013 o gasto per capita médio das prefeituras nessas áreas ficou estagnado e que ainda existem desafios, já que pouco mais de um terço dos municípios têm educação de qualidade e mais de quatro milhões de brasileiros ainda vivem em cidades sem atenção básica de saúde. Um dos alertas do estudo é sobre o desempenho dos alunos do Ensino Fundamental no Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) – um dos componentes do IFDM Educação. Caso o avanço (3,5%) observado em 2013 se mantenha nos próximos anos, o país só alcançará em 2031 a meta de 6,0 pontos inicialmente prevista para 2021 pelo Ministério da Educação. Veja o estudo completo em www.firjan.com.br/ifdm.
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