Carlos Emerson Junior
A movimentação começou no sábado, bem cedinho: caminhões estacionando, o pessoal do trânsito fechando uma parte da via, tendas montadas na calçada, holofotes, rebatedores de luz e equipamentos de som para todos os lados, um gerador enorme alimentando toda essa parafernália. Apesar da chuva fina que caia desde a véspera, a equipe de filmagem de “Mato sem cachorro” montou o seu set bem na nossa rua e, sem mais delongas, iniciou os trabalhos. Afinal, tempo é dinheiro, não é mesmo?
O que parecia ser um transtorno acabou virando diversão pura e o relacionamento com os moradores foi tão bom que ficamos com pena quando as filmagens terminaram no domingo. O trânsito não foi afetado e o único pedido dos produtores foi para que o público fizesse silêncio quando as cenas eram gravadas. Os três principais protagonistas, Leandra Leal, Bruno Gagliasso e um cachorro da raça Border Collier, são muito simpáticos, apesar do último não ter entendido o meu pedido de autógrafo!
Para quem ama o cinema, foi uma festa. Gostei e fico pensando que o Rio, uma cidade tão fotogênica e receptiva, bem que podia ser mais usada para essas atividades tal como Nova York, que se orgulha de receber a produção de quase todos os filmes e séries em suas ruas e praças. E olha que o nova-iorquino é muito mais fechado que do que nós!
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Você já se sentiu um turista na cidade onde nasceu, cresceu e morou a vida inteira? Pois é, foi exatamente essa a sensação que tive neste fim de semana chuvoso e solar, na Cidade Maravilhosa. Uma coisa eu garanto: faz tempo que via tantos “gringos” por metro quadrado como em Copacabana. A cidade, ou melhor, o bairro está bem policiado e, finalmente de forma discreta, sem aqueles fuzis apavorantes pendurados nas janelas das patrulhas. A sensação de segurança melhorou e quando o sol saiu, todo mundo foi para as ruas, no caso, a praia.
No entanto, colocando-me no lugar de um turista (o que de certa forma não é mentira, já que moro aqui em Nova Friburgo), senti falta de placas indicativas em inglês. Aliás, chega a ser preocupante o desconhecimento da língua inglesa pela população carioca. Pouquíssimos motoristas de táxi dominam o idioma e, inexplicavelmente, as informações dos novos pontos de ônibus e das estações do metrô são apenas em português. Se o Rio quer fazer bonito nos Jogos Olímpicos de 2016, tem que começar a mudar esse quadro agora.
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O uso das bicicletas no Rio cresceu exponencialmente. Mesmo que a maioria ainda as use para o lazer, é indiscutível que as novas ciclovias e ciclofaixas são úteis e o serviço de aluguel é um sucesso. O sistema é barato e a liberação é feita através de qualquer celular, de forma prática e segura. Não por acaso, a empresa já fala em ampliação e, graças ao uso intenso, os casos de furto e vandalismo diminuíram drasticamente.
Numa boa, torço para que os cariocas percebam que as bikes são a saída mais simples para evitar a que o trânsito do Rio fique igual ao de São Paulo. O mesmo vale para a minha querida Nova Friburgo.
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Incompreensível mesmo é ver o comércio de rua fechar as portas a partir de uma hora da tarde dos sábados e não abrir nos domingos. Já ouvi falar que isso se deve à concorrência dos shoppings mas, será mesmo? Quem garante que pessoas vão aos, está bom, centros de consumo exatamente porque as lojas do bairro não estão abertas? Os moradores do Rio adoram as ruas e, a não ser no alto verão, quando o calor fica insuportável, não vejo nenhum motivo para pegar uma condução e bater perna dentro de um edifício sem uma vista sequer.
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Fiquei com pena, mas não deu para conferir a mostra “Impressionismo: Paris e a modernidade”, que está levando uma multidão ao Centro Cultural Banco do Brasil, no centro da cidade, para apreciar algumas obras de gênios como Monet, Renoir, Cézanne e Van Gogh. Mas tudo bem, tenho até 13 de janeiro do ano que vem para repetir um fim de semana como turista no Rio.
Aliás, um programão, palavra de carioca.
carlosemersonjr@gmail.com
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