Filtro solar: você não vai querer ficar sem

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012
por Jornal A Voz da Serra

O verão já chegou, e é seu dever proteger-se na estação mais quente do ano e reconhecidamente a mais prejudicial à pele. Você sabia que a grande maioria da população ainda não utiliza filtro solar? Mas sua utilização pode evitar diversas doenças, inclusive o câncer de pele, além de ser um ótimo acessório contra o envelhecimento precoce. Na verdade, o filtro solar deve ser usado em qualquer lugar, independente da estação do ano. Seja na praia ou na serra, todo tipo e cor de pele precisam de proteção.

O culto da pele bronzeada e da marquinha de biquíni no imaginário do brasileiro, da “Garota de Ipanema” à “Garota da Laje”, vem perdendo força para as peles pálidas e saudáveis. Numa entrevista com o dermatologista José Henrique Bon, o caderno Light esclareceu algumas dúvidas sobre o filtro solar, o principal acessório do uma pele bem-cuidada.

LIGHT - Na praia ou piscina, quais procedimentos deve-se tomar para proteger a pele?

JOSÉ HENRIQUE BON - É necessário usar um filtro solar de proteção máxima. Mas isso não é tudo. Procure sempre ficar debaixo de um guarda-sol, utilize boné, óculos de sol e se exponha somente em horários adequados. Não se esqueça de quando entrar na água reaplicar o filtro. E também tem a questão de que, quando as pessoas saem da serra, por exemplo, e vão para a praia, a pele não está preparada para aquele tipo de radiação. Com isso, a atenção precisa ser redobrada.

LIGHT - Qual o critério para a escolha do fator proteção adequado para cada pele?

JOSÉ HENRIQUE BON - Para escolher o filtro solar adequado é necessário levar em consideração a cor, o tipo de pele, se a pele tem manchas ou não, qual o local de exposição etc. Lembrando que o correto é utilizar o filtro a partir do FPS 30—para qualquer pele.

LIGHT - Qual a frequência de aplicação do filtro solar para que haja total eficácia em dias normais?

JOSÉ HENRIQUE BON - O ideal é que haja reaplicação a cada três ou quatro horas, mas os pacientes mais precavidos fazem aplicação a cada duas horas. É interessante falar da questão dos filtros que dizem ser resistentes à água. Para nós, dermatologistas, é necessário reaplicar a cada entrada na água ou sob excesso de transpiração. É o caso dos atletas, por exemplo.

LIGHT - Qual o filtro solar adequado para uma pele oleosa e/ou acneica, típica de adolescentes?

JOSÉ HENRIQUE BON - A pele oleosa ou acneica, geralmente a do adolescente, precisa de um cuidado especial. Todos os produtos devem ser livres de óleo. O mercado hoje já tem uma gama imensa de produtos específicos com cosméticas, ou seja, com composições cada vez melhores. Por exemplo, os filtros gel, água gel, fluidos etc.

LIGHT – Qual a idade ideal para a criança começar a usar o filtro solar?

JOSÉ HENRIQUE BON - A idade mais indicada é a partir dos seis meses, sendo utilizado um filtro específico para criança. Porém, o medo maior do médico dermatologista é a mãe bobear, deixando a criança exposta ao sol indistintamente, e daí causar insolação. Os pais precisam ficar atentos à reaplicação do produto e evitar que as crianças fiquem expostas em horários inadequados.

LIGHT - Algumas vezes o filtro solar pode irritar os olhos...

JOSÉ HENRIQUE BON - As empresas hoje fazem produtos específicos para cada parte ou setor do rosto ou corpo. Por quê? Porque as peles do nosso corpo possuem texturas diferenciadas. O caso da pele da pálpebra se assemelha à pele do saco escrotal, que juntas formam a pele mais fina e sensível do corpo humano. Então é interessante tratar essas áreas com produtos que sejam específicos. Sentiu alguma irritação? Suspenda o uso e passe somente ao redor dessa área. Faça uso contínuo de bons óculos de sol para proteger ou troque de produto, sob recomendação médica, até se adaptar. O importante é também utilizar o bom senso.

LIGHT – Há problema utilizar no rosto um filtro recomendado para o corpo?

JOSÉ HENRIQUE BON - A pele do rosto é diferente da do corpo, por isso, se o paciente tem acne, por exemplo, e a pele do corpo é seca, obviamente não poderia utilizar um filtro que fosse comum aos dois. Mas, em muitos casos a pessoa utiliza o mesmo filtro e não tem problema não. Isso varia muito. Todavia, o médico indica sempre produtos específicos para cada área.

LIGHT - O que você diz sobre os filtros que já vêm com base, que se usam para maquiagem? Protegem tanto quanto um filtro convencional?

JOSÉ HENRIQUE BON - No início dos lançamentos de filtros solares, via-se muito aquele filtro físico, que fica branquinho, tipo pasta d’água. Pois bem, grosso modo, esses filtros são como uma camada refletora, ou seja, o sol bate e volta, não penetrando na pele e protegendo-a. Com o tempo os laboratórios passaram a investir no filtro químico, onde a composição utilizada garantia proteção máxima e absorção melhorada. No caso das bases com filtro é interessante porque são como filtros químicos e físicos. Então, disfarçam as manchas e dão proteção duplamente elevada. Mas é sempre bom ficar atento à questão do óleo. Esses produtos estão progredindo em termos tecnológicos, mas muitos deles ainda não são oil free (sem óleo).

LIGHT - Existe um filtro solar que já seja antirrugas, ou isso é só uma jogada de marketing?

JOSÉ HENRIQUE BON - O filtro solar já é, por si só, um antirrugas valente. Mas os laboratórios estão agregando diversas patentes nesses produtos para que eles se potencializem. Hoje você pega um filtro solar que tenha ácido hialurônico, ácido retinoico e outros diversos componentes que, associados, formam um produto potente no sentido antienvelhecimento e proteção solar.

LIGHT – E a questão da alimentação para o bem-estar da pele?

JOSÉ HENRIQUE BON - Hoje a dermatologia está muito expansiva nessa área, porque os nutracêuticos, que são as cápsulas de suplemento dentro da área dermatológica, estão em pleno avanço. São nutrientes antienvelhecimento precoce, para fortalecimento de cabelos e unhas, anticelulite etc. Geralmente esses produtos são coadjuvantes, não substituindo outras práticas de tratamentos. Mas essas cápsulas estão tentando acompanhar a evolução numa sociedade em que se alimentar bem e ter práticas de exercícios físicos são coisas raras. Geralmente as contraindicações são poucas. Mas deve-se observar os açúcares, que para os diabéticos é fator crucial. Outra coisa importante é estar atento à ingestão de excessos de vitaminas.

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