Uma pesquisa feita recentemente por especialistas em trânsito, na Grécia, analisou o impacto do estacionamento ilegal—principalmente a famosa fila dupla—nas condições do trânsito e do meio ambiente em Atenas através de simulações. Os resultados foram claros: a redução da fila dupla melhora todos os indicadores do trânsito imagináveis.
Mas, aqui, vemos diariamente friburguenses persistindo nesta prática que, além de ilegal, demonstra a séria falta de cidadania e preocupação com o próximo, no contexto do espaço público. Quem nunca ouviu o batido e indesculpável clichê “são apenas dois minutinhos”? Para uma cidade cada vez mais preocupada com os problemas da mobilidade urbana, que se refletem diariamente em engarrafamentos e acidentes, nunca foi tão relevante discutir o papel que cada “mal-educado” tem em agravar a caótica situação do trânsito em Nova Friburgo.
É bem verdade que este é um município de médio porte com alguns problemas de cidade grande. No entanto, parece nunca ter deixado para trás a cultura de uma cidade de interior, na qual se atravessa ruas onde queira e se estaciona onde bem entender.
Temos de lembrar que a paradinha de “dois minutos”, inevitavelmente, causa um afunilamento das vias, o que pode ter um efeito dominó que só será realmente sentido em outro ponto da cidade. O caso clássico no Centro é a Rua Sete de Setembro, que convive com o movimento da rodoviária urbana, o estacionamento em locais proibidos e ainda por cima a mão dupla em alguns trechos: ou seja, de três faixas, às vezes somente uma continua trafegável. Quem realmente sente é o cidadão que vem da região norte do município, como Conselheiro Paulino, e que ficam presos na Avenida Governador Roberto Silveira, justamente porque o trânsito em uma área a vários quilômetros de distância não flui como deveria.
O que muitos esquecem é que, além do tempo perdido no trânsito, há também um custo econômico e social para a comunidade. Em cada minuto perdido no trânsito, o cidadão poderia estar produzindo um bem ou serviço, ou mesmo utilizando-o para seu lazer. Quantas horas cumulativas por dia não são perdidas desnecessariamente durante o seu deslocamento que poderiam ser utilizadas de maneira útil, seja passando com a sua família, amigos, ou mesmo trabalhando?
O prejuízo provocado por estacionamentos irregulares
Um estudo realizado por dois professores da Universidade Politécnica da Catalunha focou precisamente neste custo de oportunidade em centros urbanos. Através de cálculos matemáticos avançados, conseguiram estimar a perda econômica dos estacionamentos irregulares em 80 milhões de dólares para a cidade de Barcelona, e 2,5 milhões de dólares para o bairro Murray Hill, em Nova York, que abriga em torno de 70 mil habitantes.
Portanto, note-se que, além de atrapalhar a sua vida, o custo na economia é considerável. E isso tão somente para se ter a facilidade de comprar um pãozinho—“só dois minutinhos!”—, de carro, sem ter que procurar uma vaga. Portanto, mais do que nunca, é necessário uma maior fiscalização destas irregularidades e campanhas educativas visando mudar a cultura local para que o tempo economizado de um cidadão não seja o tempo perdido de muitos.
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