O anúncio da venda do casarão do antigo Colégio Nova Friburgo, feito esta semana pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), deixou ex-alunos e ex-funcionários preocupados com o destino do imponente complexo amarelo, em estilo neoclássico, no alto do Parque da Cascata, na Vila Nova. A FGV está pondo o imóvel à venda pela primeira vez e recebe propostas até o dia 6 de julho.
“Ficamos preocupados, porque nosso propósito é fazer renascer o colégio”, disse o engenheiro e presidente da Associação de Ex-Alunos, Professores e Servidores do Colégio Nova Friburgo, Fernão Gondin da Fonseca. “Temos vários projetos e gostaríamos que local fosse usado por alguma instituição de ensino que fizesse o bom aproveitamento daquela área. Será vendido para quem?”, preocupa-se ele.
No anúncio publicado nesta quarta-feira, 6, em A VOZ DA SERRA e também disponível na página fgv.br/novafriburgo, a FGV tornou público o interesse na venda do terreno, que tem 1.619.208,52 metros quadrados, sendo 17.093 metros de área construída, por um valor de venda estimada por especialistas em R$ 15 milhões.
O complexo é composto pelo prédio principal, onde funcionou o colégio, com três pavimentos e um auditório-teatro com capacidade para 700 pessoas (foto), além do prédio anexo, ocupado no passado por uma escola primária. Há ainda o ginásio com quadra poliesportiva, uma quadra de futebol, pista de atletismo, duas quadras de esporte na área externa, piscina e 44 casas, sendo 41 no campus e três externas.
Construído para ser um cassino, o espaço foi a sede do Colégio Nova Friburgo, um internato e semi-internato que foi referência de ensino no país, entre os anos 1950 até 1977. Anos depois do fim da instituição, o complexo foi cedido ao Instituto Politécnico do Rio de Janeiro (IPRJ), da Uerj, até 2011, quando a tempestade de janeiro destruiu o acesso ao local e afetou a estrutura dos prédios.
Terra batida e mato
A Uerj mudou-se para as instalações da Fábrica Filó, no bairro Lagoinha, no ano seguinte, deixando o imóvel da antiga Fundação, como ainda é conhecido o casarão amarelo, em desuso. Com a via principal bloqueada por um deslizamento de encosta, a Rua Gabriel Rastrelli que, segundo Fernão Fonseca começou a ser aberta em 1958/59, teve que ser concluída para dar novo acesso ao casarão.
“O deslizamento foi causado por um desleixo da Uerj, que não fez canaletas para escoamento das águas das chuvas e asfaltou a rua, prejudicando a permeabilidade da via”, criticou o engenheiro e ex-aluno.
A Uerj e a FGV travaram durante anos uma batalha judicial em torno das responsabilidades pela manutenção do espaço. Nesta quarta-feira, 6, a equipe de A VOZ DA SERRA esteve no local e viu que a nova rua ainda não recebeu calçamento. É de terra batida e cheia de buracos. A via anterior, a Rua Alberto Rangel, continua bloqueada para veículos. É possível passar a pé por lá, mas a encosta tem sinais de deslizamentos recentes.
Fechado há cerca de seis anos, o gigantesco imóvel cercado pela Mata Atlântica é vigiado por dois seguranças. A equipe de reportagem não foi autorizada a entrar, mas observou, mesmo de longe, que os prédios estão se deteriorando. O mato cresce em volta. As fotos internas que ilustram essa reportagem foram feitas no ano passado, durante visita do prefeito Renato Bravo e da associação de ex-alunos e funcionários ao local.
Na ocasião, Bravo realizou uma inspeção nas instalações para execução de futuros projetos voltados à população no local, mas nenhuma das ideias saiu do papel. Nesta quarta-feira, 6, o prefeito disse que torce para que “o prédio de grande relevância histórica para a cidade seja utilizado em algum projeto de interesse público”.
Procurada, a FGV informou que decidiu pela venda do imóvel para que possa fazer novos investimentos na área de ensino e pesquisa acadêmicos das suas unidades do Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília. “As propostas para compra do imóvel tem que ser encaminhadas até o dia 6 de julho à Diretoria de Operações da FGV”, informou. Outros detalhes em fgv.br/novafriburgo.
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