Dava gosto ver o entusiasmo e a educação das crianças e jovens que lotaram o teatro municipal da Praça do Suspiro na noite de sexta-feira, 29, para acompanhar a final do Festival Estudantil de Poesias. Mais de 500 poetas entre sete e 14 anos, participaram do festival, que foi promovido pela Sociedade Musical Euterpe Lumiarense.
Com uma organização impecável de Débora Spezanes e Sandra Castro, o objetivo do festival foi levar as escolas a fazer uma reflexão crítica sobre a discriminação, em suas diversas facetas. A adesão foi bastante significativa, com a participação de 65% das 188 escolas de ensino fundamental públicas e privadas de Nova Friburgo. Participaram alunos dos nove anos escolares, dividido em cinco categorias. Em cada uma delas foram premiadas cinco poesias, aquelas que melhor uniram o conteúdo, o tema do festival, isto é, a discriminação, com a veia poética do autor.
Segundo Sandra Castro, a grande maioria dos autores abordou a discriminação racial e social. E, um ponto interessante: quase todos os participantes apontaram a solidariedade como a saída para a discriminação.
Foi muito difícil chegar às 25 poesias e, mais difícil ainda, escolher, dentre elas, as cinco que seriam classificadas em primeiro lugar. “Os estudantes de Nova Friburgo têm mesmo uma veia poética que deve ser estimulada para se desenvolver cada vez mais”, apontou.
A seleção foi feita em duas etapas. Houve concursos internos nas escolas para seleção das melhores poesias. Depois de pré-selecionadas pela comissão organizadora, as mesmas foram encaminhadas ao corpo de jurados encabeçado por Maria das Graças Simões.
A cerimônia de premiação contou com a presença do secretário municipal de Cultura, Roosevelt Concy, representando o prefeito Heródoto Bento de Mello, dos vereadores Manoel Martins, Edson Flávio e Professor Pierre e do secretário do Pró-Leitura, Álvaro Ottoni, que interpretou as cinco poesias classificadas em primeiro lugar.
Além de uma bela apresentação da Banda-Escola Euterpe Friburguense, sob a regência do maestro Marcos Botelho, foi exibido um vídeo sobre a Sociedade Musical Euterepe Lumiarense, que, surgida no final do século 19, quase morreu devido ao êxodo rural. “Temos um objetivo histórico, que é resgatar uma entidade centenária e também um objetivo cultural, que é promover a cultura, através da música, da dança, do teatro, do cinema e da poesia. Sem falar no objetivo social, que é oferecer ocupação aos jovens do 5º e do 7º distritos”, afirmou o presidente da entidade, Manoel Antônio Spitz Sodré. E, antes do anúncio dos vencedores, a apresentação de um monólogo baseado no livro O Diário de Luna.
Todos os classificados receberam medalha, troféu, certificado de participação, um kit com a boneca e o livro O Diário de Luna e um livro com as poesias premiadas, que foi editado justamente para esta ocasião. Os alunos que ficaram em quarto e quinto lugares receberam brindes da Cacau Show; quem ficou em segundo e terceiro lugar recebeu um aparelho MP3. Os grandes vencedores, além de todos estes prêmios, ganharam um passeio ecológico Trilhas do Araçari, com direito a acompanhante. A VOZ DA SERRA, parceiro de primeira hora do evento, ofereceu assinaturas aos primeiros colocados e também a publicação de suas poesias nesta edição.
Os cinco primeiros lugares
Discriminação racial: a negrinha
Hilary da Silva Santiago (Oito anos)
Escola Municipal Ruy Sanglard
Negrinha de pele escura
Rodeada de candura.
Vivia no meio dos pobres,
Mas usava roupas nobres.
Nascera como princesa,
Mesmo que sua cor fosse negra.
Era uma linda menina negrinha
Que usava linda trancinha.
Era adorada por todos,
Porque a todos amava.
Por onde ela passava,
Com sua beleza encantava!
Quem discrimina...
Beatriz Sangy Klein (nove anos)
Escola Municipal São Pedro da Serra
Quem discrimina não está com nada,
Nós somos todos iguais, vamos acabar com essa parada...
Quem discrimina não sente a dor de quem é discriminado,
Por este crime você pode ser condenado!
Você não pode julgar as pessoas pela cor,
Mas pode viver com medo!
Quem discrimina não tem consciência,
Que pode acabar em grandes consequências.
Quem discrimina não tem responsabilidade,
Pode destruir com qualquer sociedade.
A harmonia das raças
Rafael Rodrigues Recreio (11 anos)
Escola Municipal José Alves de Macedo
O homem consegue amar
Ele pensa
Ela é bela
Mais bela que a estrela da manhã
A partir deste momento
Fico imaginando a liberdade
Como fogo,
Ou quem sabe, uma semente de trigo
O que temos de melhor
É saber que cada ser é único
Não existe ninguém
Melhor que o outro
Viver em harmonia
É maravilhoso!
Vamos amar o próximo
Pois cada pessoa nos passa algo especial
Viver respeitando o outro
Não tem nada igual
Da minha janela vejo...
Luiz Felipe Dutra Santos (11 anos)
Colégio Nossa Senhora das Mercês
Olhando da minha janela,
Vejo o mundo ao meu redor:
Mundo de diversas raças, cores e tons.
Homens, mulheres, crianças e jovens
De pensamentos e ideias divergentes,
Sobre suas formas de pensar, falar e agir.
Povos com aversão a outras raças, credos e religiões,
Fazendo julgamentos sem nenhuma noção.
A perfeita criação humana,
Fecha-se ao longo dos anos
Com a disseminação do precoceito e
Nasce o imperfeito.
Olhando de minha janela
Percebo que meus pensamentos prematuros
Não estão prontos para a vida.
Precisamos olhar além de uma simples janela,
Respeitando as diferenças
Entre todos os seres.
Sem título
Thiago Cler Franco (14 anos)
Sítio Escola Papette
Abrem-se as porteiras,
A multidão enfurecida corre.
O percurso é desconhecido
E seu fim esperado e merecido.
Vem a galopes a multidão.
Se um se desequilibra,
Todos caem no chão.
Mas, se após a queda,
Não se reerguer,
Pisam em cima sem nem perceber.
A galopes desconcertados
Não se vai longe.
Ir na direção errada, nem pensar,
Ou a multidão irá te atropelar.
Se um olho é maior que o outro,
Não deixe ninguém ver,
Pois nele podem se perder.
Branco, negro ou alazão.
A cor influencia sua destinação.
Igualdade não há.
Sinceridade não há.
Honestidade não há.
Caráter não há.
Só há esperança
De paz e muita bonança.
Ao meio, já não se tem muitos.
Pudera!
Não é qualquer maneira
Que se passa pela grande peneira.
Ao fim, chegam poucos.
Só os que têm um bom equilíbrio,
Galopes perfeitos,
Que formam sempre na direção certa,
Que têm olhos do mesmo tamanho
E a cor mais encantadora.
Os que ficaram para trás
Tentam chegar ao fim de qualquer maneira;
Se adaptar e perder sua identidade
Ou bater o pé e lutar por toda eternidade.
A grande multidão é feita
De “eles” e “elas”.
Só os ignorantes não percebem.
Mas são os ignorantes que dão tom
À grande corrida.
Sendo desta maneira, então,
Não tem fim a discriminação.
Os 25 autores classificados
Ana Cláudia da Costa de Oliveira - Colégio Estadual Carlos Maria Marchon
Ariel Aquila Zimbrão - Colégio Estadual José Ribeiro Serafim
Ariel de Aguiar Ramos - Colégio Estadual Dr. Vicente de Moraes
Beatriz Sampaio Klein - Escola Municipal São Pedro da Serra
Breno Machado Roberto - Escola Parque Folly
Francianni Eccard Costa - Escolas Municipal Juscelino Kubitchek de Oliveira
Geovana dos Santos Couto - Escola Municipal Vevey La Jolie
Gustavo Veiga Sanglard - Escola Municipal Dante Magliano
Hilary da Silva Santiago - Escola Municipal Ruy Sanglard
Jorge Luiz de Souza Oliveira - Escola Municipal Estação do Rio Grande
Karen Lissandra Jaccoud Paula Pinto - Colégio Nossa Senhora das Mercês
Lucas Ramos de Souza - Escola Municipal Estação do Rio Grande
Luiz Felipe Dutra Santos - Colégio Nossa Senhora das Mercês
Luiz Fellipy Gratinal Demani - Colégio Modelo
Manoela Sanches Montechiari Valente - Colégio Nossa Senhora das Mercês
Marcella Claudino dos Santos - Escola Municipal Ruy Sanglard
Maria Clara Mizeret Schimidt - Escola Municipal São Pedro da Serra
Mylena Tavares Freiman - Escola Municipal Acyr Spitz
Nicolly Moreira de Queiroz - Escola Municipal Odette Penna Muniz
Pablo Toledo Feldman - Escola Estadual Municipalizada Boa Esperança
Poliana Balla - Sítio Escola Papette
Rafael Rodrigues Recreio - Escola Municipal José Alves de Macedo
Thiago Cler Franco - Sítio Escola Papette
Victória Oliveira de Souza Freiman - Colégio Nossa Senhora das Mercês
Vinícius César Brandão Leal - Escola Municipal São Judas Tadeu
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