Feira livre de Olaria pode ser transferida de local

Opções em estudo são Via Expressa ou pátio da Smomu; feirantes e clientes são contra mudança
terça-feira, 14 de agosto de 2018
por Guilherme Alt (guilherme@avozdaserra.com.br)
A feira na última quinta-feira: feirantes não querem saber de mudança (Fotos: Henrique Pinheiro)
A feira na última quinta-feira: feirantes não querem saber de mudança (Fotos: Henrique Pinheiro)

A famosa e tradicional feira livre do bairro Olaria sempre alvo de muito debate sobre uma possível mudança de local ganha mais capítulo. Existente há mais de 50 anos, a feira é realizada sempre às quintas-feiras, em uma versão menor, que ocupa parte da Rua Manoel Lourenço Sobrinho, a rua da quadra da Imperatriz de Olaria. Aos domingos, uma versão maior se estende pela Rua Presidente Vargas, a mais movimentada do bairro.

A feira é um ponto de encontro e de lazer para algumas pessoas. Não há quem não goste, mas há quem registre ressalvas. Apesar de a Secretaria Municipal de Ordem e Mobilidade Urbana (Smomu) se localizar no bairro, na Rua Vicente Sobrinho, nenhum agente de trânsito costuma ser escalado para orientar os motoristas, assim como não há fiscal de Posturas para organizar melhor a feira.

Ao que parece, a ideia de transferir a feira para o pátio do estacionamento da Secretaria Municipal de Ordem e Mobilidade Urbana (Smomu) tem ganhado força, mas não é bem-vinda para a maior parte dos feirantes e dos frequentadores. Ventilou-se a possibilidade, também, de ser construído um mercadão no espaço a ser desocupado, semelhante ao da Cooperativa dos Feirantes da Vila Amélia, para o melhor funcionamento  da feira. Poderia, até mesmo, funcionar diariamente. Outra opção é a transferência da feira livre para o parque de eventos da Via Expressa.

Feirantes não aprovam a mudança

“Eu trabalho na feira de Olaria há 25 anos e não concordo com a mudança. A feira vai perder a característica principal de ser uma feira livre, para as pessoas transitarem pela rua e comprando os nossos produtos. Colocar dentro de uma propriedade, com muro e  portão, vai acabar inibindo as pessoas”, disse um feirante que preferiu não se identificar.

O desejo da permanência no local é quase uma unanimidade. Os feirantes não acreditam que um espaço coberto e bem estruturado seja construído. “O que vai acontecer é que irão mudar a nossa estrutura para dentro dos muros da Secretaria de Ordem e Mobilidade Urbana, nos colocar em um local com espaço reduzido, que impossibilite os feirantes de estacionar seus caminhões para descarregar as mercadorias com a justificativa de que vai melhorar a estrutura da feira”, afirma outro feirante.

O grande medo dos feirantes com a possível mudança é que o público costumeiro não frequente mais a feira livre do bairro e passe a comprar os hortifrutigranjeiros em sacolões. “O pessoal está acostumado a vir para cá, para a Rua Manoel Lourenço Sobrinho. O local é aberto, de fácil acesso. Se levar a feira para um local fechado, vai inibir os clientes cativos que compram todos os domingos na feira há mais de 20 anos. Existem idosos que, se a feira mudar para a Via Expressa, não teriam condições de carregar seus carrinhos de compra. Atravessar de uma pista para outra se tornaria perigoso. Além do fato de que, tendo sacolões e supermercados em Olaria com preços competitivos, nós sairíamos na desvantagem”, observa um feirante.

Associação vai fortalecer movimento  

Uma associação dos feirantes de Olaria está sendo criada para fortalecer o movimento. Leoni Teixeira, representante dos feirantes, afirma que muitos comerciantes do bairro reclamam da presença das feiras livres e fazem lobby para a mudança no local. “Eles (os lojistas) reclamam que a feira atrapalha o movimento, mas eu não entendo, porque a feira gera esse movimento. Muitas pessoas saem de suas casas para vir à feira e aproveitam para comprar comércio local. Isso é mais um benefício do que algo ruim”, acredita Leoni.

Na última quinta-feira, 9, quando a feira livre também é realizada em Olaria, A VOZ DA SERRA foi de barraca em barraca perguntar para os feirantes sobre a possível mudança. Todos foram unânimes em responder que preferem continuar do jeito que está.

No comércio ao redor da feira, somente a proprietária de uma loja disse ser a favor da mudança. Segundo ela, a transferência da feira livre para outro espaço a deixaria mais bem organizada beneficiando os feirantes. “Acho que para eles, ir para um local com estrutura, banheiros e cobertura seria o ideal”, acredita a comerciante.

O que diz a prefeitura

A Prefeitura de Nova Friburgo informou que a proposta está em estudo e que já foram feitas duas reuniões com a Associação dos Feirantes para discutir a questão.  O motivo da mudança seria o transtorno que o fechamento das ruas para a realização das feiras livres às quintas-feiras e aos domingos provoca na passagem de veículos como ambulâncias e viaturas. Contudo, a prefeitura reforça que só será feita alguma mudança se houver concordância de ambas as partes no estudo que está sendo elaborado.

 

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