Fé e ciência

quarta-feira, 18 de maio de 2011
por Jornal A Voz da Serra

No alto da fachada do belo Teatro do Colégio Anchieta, estão escritas, em latim, estas duas palavras: Fides et Scientia — Fé e Ciência. Por que será que elas estão ali? Certamente para mostrar que o Colégio Anchieta tem como finalidade, no seu trabalho educativo, a missão de educar seus alunos nos ensinamentos da Fé e da Ciência. A conjunção “e”, ligando as duas palavras, mostra que não há incompatibilidade entre uma e outra. Mostra que existe uma harmonia perfeita entre os ensinamentos da Fé cristã e os ensinamentos da Ciência.

A fé nos ensina as verdades reveladas por Deus, que se encontram nas Sagradas Escrituras: Antigo e Novo Testamento e, de modo especial, nos Evangelhos, que nos transmitem os ensinamentos de Jesus. Jesus é a revelação plena das verdades essenciais da nossa fé cristã, a saber: que o seu Pai é também nosso Pai; que o Espírito Santo habita em nós, iluminando-nos e fortalecendo; que a nossa vida não termina com a morte, mas continua para sempre junto de Deus; vida futura, que é só de felicidade; que os nossos pecados foram perdoados pela sua paixão e morte na cruz e que a sua ressurreição garante a nossa.

A missão da Igreja fundada por Jesus sobre Pedro e assistida pelo Espírito Santo é esta: transmitir com fidelidade o que Jesus ensinou, não modificando; contudo, atualizando seus ensinamentos para serem vividos pelos homens e mulheres do nosso tempo, levando sempre em conta as exigências culturais de hoje.

A ciência pesquisa com a luz da razão humana todas as realidades da natureza. Explora os seres nela existentes sob todos os aspectos. Daí, a multiplicidade de ciências, cada qual tendo o seu campo de estudo. E esse campo é tão grande que é impossível uma pessoa se tornar especialista em todas as ciências. Cada cientista, um médico, por exemplo, é especialista em um setor da sua respectiva ciência.

Os progressos das ciências, como sempre aconteceram, acontecem hoje. Nunca se viu tanto progresso no macrocosmo (o estudo do Universo) e no microcosmo (estudos dos genes e do DNA que formam o código da vida, por exemplo). Esses progressos trazem imensos benefícios para a humanidade .

Hoje, destacam-se sobre a ciência da vida as pesquisas sobre células-tronco e sobre a clonagem. Naturalmente, surge, aqui, a dúvida: segundo a ética e a aplicação prática dos ensinamentos do Evangelho, é lícito fazer clonagem de um ser humano? É lícito usar células-tronco de um embrião humano? A Igreja, indo de contrário a muitíssimas opiniões favoráveis, diz que NÃO. Não, porque a vida, seja ela extrauterina ou intrauterina, a partir da concepção, é inviolável. Nisso, a Igreja segue o ensinamento fundamental de Jesus: “Eu vim para que todos tenham vida”.

E, justamente aqui, questiona-se: pode haver oposição entre fé e ciência? Em vez de se dizer fé e ciência, não deveríamos dizer fé ou ciência? Não, porque tanto a fé como a ciência têm sua origem no mesmo e único Deus. O mesmo Deus que nos revela as verdades da fé, é o que criou todo este mundo maravilhoso. Deus não pode se contradizer. Ele ensina falando o que recebemos pela fé e ensina criando o que acatamos pela ciência.

Se houver oposição aparente, é porque a verdade da fé foi mal entendida, principalmente quando se interpreta a Bíblia ao pé da letra. A Bíblia mal interpretada pode levar a conclusões erradas que se opõem a apresentações da ciência ou, quando a ciência ultrapassa os seus limites, apresenta conclusões filosóficas, morais ou religiosas que não competem a ela. Alias, a fé completa a ciência e a ciência pode levar à fé. Não são poucos os cientistas que foram ou são homens e mulheres de fé.

Os progressos das ciências trazem ou deveriam trazer bem-estar para todos e a vivência da fé cristã traz ou deveria trazer uma vida vivida na solidariedade e na prática da justiça. Concluindo: fé e ciência e não fé ou ciência.

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