Há cerca de um mês no comando do 6º Grupamento de Bombeiro Militar em Nova Friburgo (6º GBM), o tenente-coronel Alexandre Pitaluga foi o convidado do programa Bloco de Notas, do site de A VOZ DA SERRA, esta semana. O 6º GPM atende, além do município friburguense, outras nove cidades do Centro-Norte fluminense.
Na entrevista, comandante fez um balanço dos primeiros 30 dias no cargo e revelou as principais dificuldades que a corporação irá enfrentar em breve. Em julho, a região entra em estágio de atenção por conta do típico período de estiagem que, infelizmente, todos os anos, resulta em um alto número de incêndios florestais, muitos, de grandes proporções e de grande dificuldade para o combate.
Além disso, Pitaluga ressaltou a importância da população se conscientizar sobre a importância do pagamento da taxa de incêndio e o que ela significa para a melhoria das unidades do Corpo de Bombeiros em todo o estado.
AVS: Qual o balanço destes primeiros 30 dias a frente do Corpo de Bombeiros de Nova Friburgo?
Tenente-coronel Pitaluga: Estou fazendo a continuidade do trabalho desenvolvido pelo comandante anterior (coronel Fábio Gonçalves), seguindo as orientações do comando geral do Corpo de Bombeiros do Estado do Rio de Janeiro, para nos prepararmos para este período de estiagem que se inicia com alto número de ocorrências de incêndios florestais, não só em Nova Friburgo, mas em toda a Região Serrana.
Aqui em Friburgo são duas épocas que expiram grandes cuidados e atenção, chuvas fortes e estiagem que provocam as queimadas. Existe uma relação entre esses dois eventos?
Com certeza. Onde há um empobrecimento do solo, das matas ciliares, por conta das queimadas, fatalmente teremos problemas de deslizamentos durante o período das chuvas fortes de verão. O intervalo entre uma estação e outra é pequeno e não há tempo hábil para as matas devastadas pelo fogo se regenerarem.
E como prevenir que o solo fique fragilizado?
Em relação às queimadas, temos um planejamento que começou no último mês, para identificar os locais onde há essa maior incidência de problemas. Estamos em contato com o diretor do Parque Estadual dos Três Picos, além do Batalhão Florestal e o comandante do 11º Batalhão da PM, o coronel Eduardo Vaz Castelano. Como nós cobrimos uma área grande, fazemos um pedido à população para que nos ajude. Ao identificar uma pessoa colocando fogo em lixo, principalmente em área urbana, ou um princípio de incêndio, nos avise imediatamente pela central 193. Nós do Corpo de Bombeiros, em conjunto com a Guarda Florestal e as polícias Civil e Militar, vamos autuar o suspeito para que sirva de exemplo.
E com relação às chuvas fortes?
É importante ficar atento às rachaduras em paredes, pisos... prestar atenção na movimentação do terreno, como queda de barranco, porque são fortes indícios de um futuro deslizamento. A inclinação de árvores é outro sinal. Essas características, quando constatadas no local onde a pessoa reside, precisam ser informadas imediatamente à Defesa Civil para que sejam feitas inspeções e tomadas as providências necessárias. Além disso, é importante acompanhar e seguir as orientações dos informes da Defesa Civil pela mídia ou até mesmo por mensagens de texto nos celulares cadastrados.
O 6º GBM atua não só em Nova Friburgo como também em outras cidades vizinhas da região. Como oferecer um serviço eficiente, de qualidade e que salve vidas numa área tão extensa?
Em Nova Friburgo temos a sede do 6ºGBM. Para que possamos chegar a tempo nos locais de ocorrências e atender a população em diversos pontos da região, operamos com quatro destacamentos em Bom Jardim, Cachoeiras de Macacu, Cantagalo e Cordeiro. A região próxima a Teresópolis é atendida pelo destacamento do GBM da cidade vizinha que fica no distrito de Bonsucesso, às margens da rodovia RJ-130, a Nova Friburgo-Teresópolis.
Qual o efetivo que o Corpo de Bombeiros dispõe para atender a nossa região?
Atualmente contamos com 69 bombeiros militares a disposição do Corpo de Bombeiros, somente em Nova Friburgo.
E quantas viaturas?
Na cidade, nós temos seis viaturas em perfeito estado. Neste momento, estamos atentos às necessidades de manutenção das viaturas porque vamos entrar em um período crítico que é a estiagem e o combate aos incêndios florestais demanda maior utilização da frota. Nossos veículos serão usados exaustivamente, até outubro. Estamos fazendo uma manutenção preventiva e separando outros equipamentos para manutenção futura.
No final do ano passado, o Corpo de Bombeiros recebeu do governo do estado, uma ambulância, nova. Isso só foi possível, graças a arrecadação com a Taxa de Incêndio. É um exemplo da importância de se pagar esse tributo. Que outros benefícios a corporação adquire com essa taxa?
Não só na aquisição de ambulâncias, mas também utilizamos esse recurso com os helicópteros para transportes interhospitalares e neonatal e, claro, o combate a incêndios. Tudo tem um custo muito alto. Cordeiro agora conta com uma ambulância, fruto do pagamento da taxa de incêndio. A taxa de incêndio nos proporciona uma melhoria nas condições de trabalho dos nossos militares, além de uma eficiência maior nas ocorrências. É bom lembrar que em caso de urgência o número para a população nos acionar é o 193 (ligação gratuita). Muitas das ocorrências são relativas ao número 192, que a prefeitura administra, mas estamos em contato sempre.
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