Farra das antenas de celular encontra resistência na Câmara

segunda-feira, 23 de setembro de 2013
por Jornal A Voz da Serra
Farra das antenas de celular encontra resistência na Câmara
Farra das antenas de celular encontra resistência na Câmara

Eloir Perdigão

As antenas repetidoras de telefonia celular (estações de rádio base —ERBs) se proliferam por todo o município. E nem sempre regularizadas. A VOZ DA SERRA tem publicado denúncias de moradores de vários bairros descontentes com a implantação dessas antenas, em altas torres, pois estão temerosos com as consequências, principalmente quanto à saúde. Mas essa farra está com os dias contados, pois o vereador Wellington Moreira (PRP) decidiu usar a legislação já existente para pôr ordem na questão. E já colhe uma vitória junto com os moradores do Loteamento Solares II: a empresa que construiria uma antena de celular no local retirou material e funcionários.

Moradores da Rua Balmant, no Loteamento Solares II, liderados por Janderson Siqueira da Costa, levaram uma denúncia ao vereador considerando-se indignados pela instalação irregular de uma antena de celular entre dois imóveis daquela rua. Averiguando a denúncia, Wellington descobriu que uma companhia pretendia instalar ali uma antena de 35 metros de altura. No dia 8 de julho passado os moradores deram entrada no Protocolo da Prefeitura pedindo providências. O vereador ressalta que o Executivo fez sua parte, tendo, no início de agosto, embargado a obra. Pouco depois a Guarda Ambiental esteve no local também determinando a paralisação da obra, por estar irregular, sem autorização da Prefeitura ou placa do engenheiro responsável, mas com o padrão de luz já implantado.

Baseando-se em leis já existentes, Wellington cita que a ligação elétrica das ERBs pela companhia de energia elétrica somente poderá ser efetuada mediante autorização da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, após a finalização do processo de licenciamento, o que a construtora não possuía. Ainda citando a legislação, o vereador destaca que numa distância horizontal menor que 300 metros dos imóveis a ERB não pode ser instalada. A lei em referência é do ano 2003, de autoria do então vereador Carlos Lyra. Além disso, a lei estipula que a distância mínima entre as ERBs é de dois quilômetros, o que também não estava sendo respeitado. Esse equipamento não pode ser instalado próximo de depósitos de líquidos inflamáveis (postos de combustíveis), numa distância de um quilômetro — outro erro, já que o posto mais próximo ficava a 900 metros. "A construção dessa antena seria um absurdo”, afiança o vereador. Ele se referiu ainda a uma lei de 1990, de autoria dos vereadores Marcelo Verly, Vanor Cosme e do então vereador e hoje prefeito Rogério Cabral, que impõe às prestadoras de telefonia celular manter no imóvel onde estiver instalada a ERB, em local visível, placa de identificação com informações sobre área de emissão de radiação eletromagnética não ionizante, nome e endereço da prestadora, número da licença de funcionamento emitida pela Anatel, número da licença de instalação emitida pela Prefeitura, número da licença de operação também emitida pela Prefeitura e número da revisão de licença de operação igualmente emitida pela Prefeitura anualmente. Nada disso a empresa possuía. Também não havia sido formada a comissão técnica de acompanhamento dos processos de instalação e funcionamento das fontes de radiação de telefonia celular de recepção móvel no município de Nova Friburgo, com representação das empresas prestadoras, Prefeitura, Câmara e comissão de técnicos especializados. "Nada disso aconteceu”, ressaltou Wellington.

O vereador classificou de "farra” o que vem acontecendo com relação à instalação de antenas de celular na cidade por parte das operadoras. "Uma bagunça, uma imoralidade”, acrescenta. Há cerca de 20 dias atuando no caso, o vereador tem mantido contato com a imprensa para denunciar essa questão e cobrar solução do Executivo, que ele elogia pela atuação. "Isso é um desrespeito à cidade, tanto ao Executivo quanto ao Legislativo, é como se a cidade não tivesse representantes legais e estão fazendo tudo de qualquer maneira”. E o vereador Wellington conclama a todos que estejam se sentindo prejudicados por essas antenas que o procurem na Câmara para tratar do assunto. "Eu sei que esses equipamentos fazem parte do desenvolvimento, mas que as operadoras respeitem a cidade, o Legislativo, o Executivo e cumpram as leis”, enfatizou Wellington, preocupado com as consequências dessas antenas para a saúde dos vizinhos até 300 metros, como casos de câncer e problemas no coração, olhos, memória e até aprendizado das crianças. 

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