Eloir Perdigão
Aquele remédio que não é mais usado serve para a Farmácia Comunitária, que assim supre os mais necessitados. E os de uso contínuo são os mais essenciais. No entanto, para que esses necessitados tenham seus remédios, gratuitamente, é importante que as doações continuem sendo feitas—o que tem acontecido, graças à credibilidade que a equipe da Farmácia Comunitária conquistou ao longo de seus 18 anos, a serem completados em 1º de junho deste ano.
A mais antiga colaboradora, Hilda Teixeira Soares, lidera a equipe da Farmácia Comunitária desde o começo, há 18 anos. E relembra, com um sorriso enorme, um pouco dessa história de amor ao próximo. “Tudo que está aqui não tem um tostão de dinheiro envolvido”, frisa Hilda. Entidades costumam fazer doações de medicamentos, porque, pelo estatuto, a Farmácia Comunitária não tem dinheiro. Se alguém quiser doar algum valor, os medicamentos são comprados e o doador recebe a fatura em seu nome. A farmácia recebe o medicamento e quem paga é o doador. Segundo Hilda, esse sistema gerou uma credibilidade muito grande e, por isso mesmo, as doações se sucedem.
A Farmácia Comunitária tem uma campanha permanente de doações de remédios. Está tão difundida que os próprios usuários da farmácia, quando vão pegar um remédio, muitas vezes levam outro. “Eles já estão conscientizados. Ele se beneficia, mas também faz questão de ajudar quem precisa”.
VOLUNTARIADO & PARCERIA– Toda a equipe da Farmácia Comunitária é formada por voluntárias. Só tem mulheres atualmente. São 12 no total. Todas colaboram com a Associação Comunitária de Apoio à Saúde (Acas), que é a mantenedora da Farmácia Comunitária.
Esse trabalho surgiu no Rotary Clube Imperador e até hoje tem apoio da Loja Maçônica Indústria e Caridade, que cede o espaço para o funcionamento. E essa parceria é destacada por Hilda. Ela cita também a Casa da Amizade das Senhoras dos Rotarianos, que faz duas doações anuais.
REMÉDIOS MAIS NECESSÁRIOS – Todos os remédios são bem-vindos à Farmácia Comunitária, porém os de uso contínuo são os mais necessários, como para controle da pressão arterial, diabetes e colesterol ou mal de Parkinson. Normalmente são usados pelo resto da vida do paciente. Por isso não param no estoque da farmácia. Saem todos.
Também são necessárias vitaminas para crianças e vermífugos. Normalmente, quando uma criança toma um vermífugo precisa tomar uma vitamina. “Vitaminas para crianças são fundamentais, a saída é grande”, salienta Hilda.
O melhor dessa história é que os friburguenses está colaborando. Para Hilda, a Farmácia Comunitária é um verdadeiro milagre. Nesses 18 anos de caminhada, mais de oito mil famílias e 40 entidades já foram atendidas. “A comunidade está engajada”, diz, Hilda, satisfeita. E complementa: “E exatamente porque nós nunca pedimos dinheiro, isso trouxe uma credibilidade muito grande para a instituição”.
COMEMORAÇÃO DOS 18 ANOS – Algumas campanhas já começam a tomar forma visando a comemoração dos 18 anos da Farmácia Comunitária. Uma delas é a apresentação do espetáculo “Beatles segundo a Cia. Filarmônica de São Paulo”, no Teatro Municipal, nos próximos dias 22, 23 e 24. A entrada inteira, que custaria R$ 80 pode sair a R$ 60 se a pessoa levar um remédio para a Farmácia Comunitária. Dependendo do preço do remédio—qualquer que seja—, pode ser vantajoso para quem compra.
Nesses 18 anos da Farmácia Comunitária qualquer remédio—principalmente os mais necessários—pode ser um bom presente. E Hilda arremata: “E a pessoa deve pensar que está dando presente não para a Farmácia Comunitária, e sim, para a comunidade que é atendida, gente do município inteiro”.
É bom lembrar que todo o atendimento na Farmácia Comunitária é gratuito—e mediante receita médica. E a equipe ainda “paga para trabalhar”, pois o cafezinho, material de limpeza e o material de escritório são bancados pelas voluntárias. Alguns outros materiais são conseguidos com empresários e comunidade em geral.
ATENDIMENTO – Os remédios são entregues na Farmácia Comunitária às segundas e quartas-feiras, a partir das 13h. As receitas são recebidas até às 15h. A equipe ainda permanece mais tempo a fim de repor os remédios, tirar os de validade vencida, arrumar.
Dependendo da necessidade de alguma pessoa, não havendo o remédio na Farmácia Comunitária, o Rotary Imperador entra em ação para consegui-lo. Os outros clubes de Rotary e outras instituições também colaboram para suprir a entidade.
A mais nova voluntária é a Ruth, há dois anos. Ela se identificou com a equipe da Farmácia Comunitária e diz que seu trabalho está valendo a pena, “porque servir ao próximo é muito bom. Eu tenho isto nas minhas veias”.
Leila Maria de Oliveira Andrade colabora há sete anos. Julga seu trabalho maravilhoso. “Eu acho que a gente recebe tantas bênçãos de Deus que tem que tirar nem que seja um dia para fazer alguma coisa pelos outros. Tem muita gente, muitas entidades precisando de serviço voluntário. É muito gratificante, a gente faz com muito prazer, é muito bom mesmo”, garante Leila, que aconselha todo mundo ajudar qualquer entidade. “A gente ajuda e faz mais bem à gente do que ao próximo”.
Terezinha Rapiso é colaboradora desde o primeiro dia de funcionamento da farmácia. Ela se encanta ao servir as pessoas e receber o agradecimento. E colaborar é com ela mesma, tanto que é também voluntária na Associação dos Ostomizados há 21 anos. “Faz muito bem. Melhor para a gente do que para eles. É melhor ajudar do que ser ajudada”, diz, sorrindo.
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