Familiares do jovem morto no início deste mês no Cordoeira afirmam que ele foi executado por um policial militar. Bruno Pereira Santana, de 25 anos, estava comemorando seu aniversário na frente da casa da mãe, na Rua Darcília dos Santos, quando teria se desentendido com PMs e foi morto a tiros. O policial disse que agiu em legítima defesa. A família, porém, contesta a versão do agente.
Na noite do último dia 7, policiais militares foram ao bairro, por volta das 20h, verificar a realização irregular de um baile funk, e encontraram Bruno dançando em cima de um carro. Segundo a PM, ao lado dele, pessoas se aglomeravam em um quiosque, onde havia bebidas alcoólicas e equipamentos de som para a realização do baile. Um dos agentes da Supervisão do 11ºBPM desembarcou da viatura e pediu que o som fosse desligado, mas foi desacatado por uma mulher que estava operando o equipamento.
Sandra Lúcia Pereira Santana, mãe de Bruno, contou na última sexta-feira, 14, outra versão. Segundo ela, a família estava comemorando o aniversário de 25 anos do rapaz. Ela confirmou que o jovem estava em cima de um carro, mas negou que a festa era um baile funk.
“Nós estávamos comemorando o aniversário do meu filho. Foi a primeira festa dele. Era um churrasco, com bolo. Havia crianças, idosos e vizinhos na minha casa. Os policiais chegaram com truculência e mandaram minha filha desligar o som. Depois eles foram até o carro onde estava o Bruno e o derrubaram de lá. Aí começou a confusão”, contou a mulher.
A PM, por outro lado, informou que o jovem teria descido do veículo e agredido o policial. Outra equipe de apoio da PM chegou ao local no momento da agressão e Bruno teria fugido por um beco. Ele voltou em seguida e atirou contra o policial. O PM revidou e baleou o rapaz. O Corpo de Bombeiros foi acionado para socorrer Bruno, mas ele morreu antes de ser atendido pelos paramédicos.
De acordo com a irmã de Bruno, Daniella Pereira Santana, o rapaz estava um pouco embriagado e realmente agrediu o policial, mas ela nega que Bruno tenha atirado. “Depois da agressão, o PM deveria ter dado voz de prisão ao Bruno, mas ele não fez isso. Durante a confusão, alguns convidados correram para suas casas. Meu irmão fugiu pela rua e voltou com uma arma. Ele escorregou na frente de casa, caiu e a arma disparou, mas o tiro não atingiu ninguém. O policial foi até ele, mandou minha outra irmã, de 22 anos, sair da frente, e atirou nele”, denuncia Daniella.
Após a morte, a perícia técnica da Polícia Civil foi acionada para fazer os registros sobre o caso. O corpo de Bruno foi levado para o Instituto Médico Legal (IML). Em meio à confusão, a irmã mais velha do jovem, de 26 anos, foi levada para prestar depoimento na 151ª DP, mas, de acordo com a família, ela não teria visto a morte do irmão, por isso, não disse que Bruno foi executado pelo policial.
“A irmã não disse isso durante o depoimento. Nós procuramos outros parentes dele, mas eles não quiseram falar. É importante que registrem o depoimento para ajudar nas investigações”, informou o delegado da 151ª DP, Mário Arruda. O caso foi registrado como homicídio e não como legítima defesa.
O comando do 11º BPM também pede que, além da delegacia, a família registre a denúncia no batalhão para que uma investigação interna seja aberta para apurar o caso. “É estranho a família não ter nos procurado até agora. A Polícia Militar tem ótima relação com a população de Nova Friburgo e nossos policiais não têm históricos de ceifar vidas sem legítima defesa. Todos os procedimentos foram realizados de acordo com a lei durante a ocorrência, inclusive, a arma e a munição usadas no caso foram apreendidas pela Polícia Civil. A família deve procurar a delegacia e o batalhão para registrar a denúncia”, disse o sub-comandante do 11º BPM, Francisco Novaes.
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