Conseguir uma consulta pelo Sistema Único de Saúde (SUS) não é uma tarefa fácil. Desde os hospitais aos postos de saúde, a saga para garantir o atendimento obriga muitos pacientes a passar a madrugada em filas. Na manhã desta quinta-feira, 10, aproximadamente 200 pessoas, que já estavam há horas no posto de saúde Sylvio Henrique Braune, no Suspiro, ainda aguardavam para a marcação de consultas de diversas especialidades médicas. Isso porque além da enorme procura por atendimento, o Sistema de Regulação do Sistema Único de Saúde (Sisreg-SUS), que agenda as consultas, ficou horas fora do ar. Muita gente voltou para casa sem a marcação da consulta.
Maria José Fernandes, 65 anos, chegou às 6h e, às 11h, ainda esperava na fila. “Vim marcar um urologista para o meu marido, mas estou pensando em desistir. Faz cinco horas que estou aqui e ainda tem muita gente na minha frente”, disse ela. De acordo com demais pacientes que estavam na fila, a rede onde são registradas as marcações parou de funcionar. “Teve gente que passou a madrugada inteira aqui e só saiu às 10h da manhã. A fila estava ainda maior e parece que foi o computador que deu problema”, explicou Reginaldo Moura, 48 anos.
Segundo um funcionário do posto, que preferiu não se identificar, às 8h30, aproximadamente 200 pessoas aguardavam no local.
No posto, situado na Rua Plínio Casado, no Centro, a marcação de consultas é realizada pelo Sisreg, todo dia 10 de cada mês, para diversas especialidades como neurologia, cardiologia, reumatologia e ortopedia, por exemplo. No entanto, a oferta mensal não é garantia de atendimento, já que as vagas são limitadas.
Maria Lúcia Queiroz, 63 anos, estava em busca de um reumatologista, mas vai ter que aguardar pelo menos até janeiro do ano que vem. “Esta é a quarta vez que venho. Cheguei às 5h e pensei que conseguiria, mas me informaram que não há mais vagas para o médico que preciso. A funcionária disse que é para eu voltar dia 10 de dezembro e, se eu conseguir, serei marcada pra janeiro”, explicou ela.
Arthur Gomes de Souza teve um pouco mais de sorte. Para não correr o risco de ir embora para casa sem uma vaga, ele decidiu chegar às 3h. “Eu preferi vir bem cedo para não perder a oportunidade. Vim marcar um ortopedista para minha esposa”, disse ele, após sete horas de espera para agendar a consulta para o dia 5 de dezembro.
Depois de diversas tentativas e vários meses de espera, Pedrina Augusta Sangy, apesar da demora, também vai voltar para casa um pouco menos preocupada. Ela chegou às 4h e às 10h40 conseguiu fazer a marcação de uma consulta para um proctologista. “Esse é o terceiro mês que venho, ou seja, 90 dias buscando por atendimento”, falou.
A equipe de reportagem de A VOZ DA SERRA entrou em contato com a Subsecretaria de Comunicação Social da prefeitura para esclarecer as causas do problema. Em nota, a pasta informou que: “Segundo o diretor administrativo do posto, tal marcação de consultas via sistema não é para agendamento somente para os médicos desta unidade. A direção do posto ressalta que os especialistas desta unidade são marcados sempre no mesmo dia da semana e horário (sextas-feiras às 7h), e que todos são sempre atendidos. Informamos ainda que a marcação que foi realizada hoje [10 de novembro] é feita mensalmente através do sistema (para outros ambulatórios) e que provavelmente houve problemas na rede devido as fortes chuvas desta madrugada, mas que os mesmos foram sanados em 2 (duas) horas”.
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