Se alguém pensa que meus artigos são somente de críticas as autoridades responsáveis pela segurança da cidade, cometem um tremendo engano. Adoro essa cidade e me acho responsável também por ela. Minha intenção é simplesmente acordar a todos indistintamente, autoridades e população, sobre os sérios problemas que estamos atravessando e precisam de solução urgente. Que cada um faça a sua parte.
De todos os problemas, trânsito é uma questão essencialmente cultural, e o pior se esconde atrás do volante. Basta ver o que vou narrar abaixo, um caso verídico, pois aconteceu comigo.
Na tarde de uma quarta-feira (28/07), estava indo ao fórum da cidade onde tinha uma audiência. Dirigia atento na minha mão de direção pela Av. Comte Bittencourt. O trânsito, como sempre, estava bastante complexo, quando, intempestivamente, por um lado e pelo outro ao mesmo tempo, fui ultrapassado por duas motocicletas em alta velocidade que pareciam estar disputando um Grande Prêmio. Obviamente tomei um susto com aquele quadro inusitado, ser ultrapassado pela direita por uma é normal na cidade, mas por duas. Mas mais assustado ainda fiquei quando observei mais atentamente o carona de uma das motos, ele estava com o capacete em baixo do braço e falando ao celular. Não há mais o que fazer? Há sim, e vamos fazer.
Dirigir falando ao celular é infração de trânsito
Se dirigir automóvel falando ao celular é perigoso, quanto mais em cima de uma motocicleta, sendo carona ou não.
Volante e celular é uma combinação perigosa e fácil de flagrar nas ruas de nossa cidade. Difícil é fazer o motorista confessar a irregularidade, aceitar sua culpa e reconhecer que o agente de trânsito tem razão.
As desculpas dos motoristas não convencem nem ao mais inocente mortal:
- Estava coçando a orelha.
- Estou desligando o celular porque está acabando a bateria.
- Estou vendo se tem recado
- Eu vejo sempre, identifico a chamada, aí se for caso importante eu atendo.
Quem é pego falando ao celular tenta se explicar.
- O sinal está fechado, aproveitei pra usar só um pouquinho.
- Vou comprar um fone, porque realmente é muito perigoso.
A distração é a causa de um em cada quatro acidentes de carro. E o celular cada vez mais tem sido o motivo da falta de atenção. Um estudo feito nos Estados Unidos mostrou que não há diferença entre ter de segurar o celular junto ao rosto com a mão ou usar modelos ou acessórios que deixem as duas mãos livres – o perigo é o mesmo nos dois casos. Falar ao celular e dirigir aumenta em quatro vezes o risco de um acidente.
Onde mora o perigo?
Ao atender o celular em quanto dirige, o motorista está usando a audição e não a atenção requerida para guiar o carro. “Dizer que é fácil fazer as duas coisas ao mesmo tempo não é verdade: o cérebro precisa fazer contas, calcular ações e desviar a atenção do controle visual e motor para o auditivo. As reações ficam mais lentas e isso propicia a ocorrência de acidentes. A audição é decodificada em uma área no cérebro e a visão, em outra. Ou seja, ele faz duas coisas quando deveria fazer uma só”.
O celular tocando desvia a atenção de quem está guiando e dá início ao procedimento de risco: a primeira ação do motorista quando o aparelho toca é procurá-lo. “Para atender, será necessário o uso de uma das mãos. Se for colocado no ouvido, haverá restrição do campo visual”, dizem os especialistas.
Se telefone e direção já formam uma combinação de risco, digitar uma mensagem ao celular potencializa o perigo. “Quem tenta fazer isso tem que tirar as mãos do volante, se concentrar em um teclado minúsculo e ainda pensar na elaboração dos textos”. Aí o risco de acidente é de 90 para 1.
E pra finalizar, pondo um ponto final em qualquer discussão sobre o assunto:
- O risco de acidente, como já dito acima, aumenta quatro vezes quando o motorista está falando ao celular
- Além de aumentar o tempo do percurso, a falta de atenção por causa do celular retarda a reação do motorista.
- O número de infrações dobra e a chance de se envolver em acidente triplica. “A conversa em si, o fato de o indivíduo estar prestando atenção em alguma coisa que não está relacionada à direção é que faz com que esse tempo de reação aumente”, afirmam médicos e diversos estudiosos do assunto.
- Os médicos ainda comparam o uso do celular ao efeito do álcool. “É como se a pessoa tivesse tomado dois copos de cerveja ou uma dose de destilado. É como se estivesse dirigindo ligeiramente embriagado”. Prestem a atenção se não é assim. Ele começa a dirigir de lado, fecha todo mundo. Parece que está embriagado. Quem tiver andando atrás pensa que o cara está bêbado. Na verdade está falando ao celular.
Tem gente que diz não adianta fazer nada, o povo é baderneiro, desobediente, sem educação, mas a minha fé em mudar esse quadro é imortal.
Dizem ainda, os mesmos céticos, que não adianta mudar, falar, escrever, alertar pra nada, aqui são todos mesmo sem educação e ainda fazem ouvidos moucos.
Sei que não dá pra mudar mais o começo da história, o costume errado é grande, já pagamos um preço bem alto, mas podemos mudar o final com a diminuição dos acidentes desnecessários.
Pense nisso. Seja mais um nessa caminhada.
Celso Novaes
clpnovaes@grupo-ls.com.br
Diretor de Integração Institucional
CONSEG
Deixe o seu comentário