Faixas de pedestres são ignoradas por motoristas

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013
por Jornal A Voz da Serra
Faixas de pedestres são  ignoradas por motoristas
Faixas de pedestres são ignoradas por motoristas

Dalva Ventura
Avenida Alberto Braune cheia de gente querendo atravessar. Paro na faixa de pedestres, como manda a lei e recomenda a boa educação. Já nem ligo mais para os xingamentos dos motoristas que vêm atrás de mim, mas esta semana um deles extrapolou e bateu no meu parachoques.
Detalhe: dirijo devagar e cautelosamente. Já sabendo que parar na faixa de pedestres está longe de ser um hábito no Brasil, ainda tento avisar quem vem atrás que tem gente querendo atravessar e que... estou parando para alguém atravessar. Portanto, ele vai ter que parar também. 
O pedestre agradece, coitado, como se eu estivesse lhe fazendo uma gentileza, um favor, e não cumprindo a minha obrigação. Mesmo assim, ele vai ter que tomar cuidado, pois o fato de um motorista parar não significa que o que segue a seu lado vai parar também. E aí o risco que se corre é maior ainda.  
O fato é que atravessar ruas de grande movimento é uma dificuldade e tanto. Sem opção, o pedestre fica parado durante horas, com cara de bobo, sem que nenhum motorista se digne a parar o veículo. 
 É bem verdade que os pedestres também não respeitam as faixas. Atravessam em qualquer lugar, descuidadamente, sem olhar para os lados, inclusive nas esquinas e cruzamentos mais movimentados e perigosos. É verdade também que as faixas de pedestres da cidade não veem uma tinta há séculos. Estão apagadas demais, quase não dá mais para enxergar. Por isso mesmo, todos têm mais é que tomar cuidado. E os pobres dos pedestres, precisam lutar por seus direitos. Como alguns passaram a fazer quando querem atravessar, avisando aos motoristas que se fazem de desentendidos que existe uma faixa reservada para eles.    
Como acontece em qualquer cidade civilizada, onde sequer são necessárias faixas de pedestres, pois estes têm prioridade absoluta no trânsito. Quem está dirigindo deve parar o carro (ou moto) imediatamente ao ver alguém na calçada querendo atravessar a rua pela faixa de pedestres. 
Poucos, muito poucos motoristas se dão ao trabalho de parar para um pedestre ou um grupo de pedestres atravessar em segurança. Por isso mesmo não são raros os atropelamentos nas principais ruas da cidade. Um número que tende a crescer à medida que aumenta o número de carros e motos em circulação.
Outro dia mesmo, na esquina da Rua Fernando Bizzotto com Avenida Alberto Braune, pelo menos dez pessoas tentavam atravessar na faixa sem que nenhum carro tivesse a bondade de parar. Até que uma moça, mais afoita, invadiu a faixa e, gesticulando, interrompeu o trânsito. “É um absurdo, dona. Será que esses motoristas não sabem o que significa faixa de pedestre?”, questionou. 
Ela contou que quase foi atropelada ao fazer a mesma manobra arriscada a que a reportagem assistiu. Segundo a pedestre, o motorista chegou a acelerar, manifestando claramente sua indignação com o fato de ela estar no meio da rua. “É o único jeito, senão eles não param mesmo”, afirmou, revoltada. Rita diz que não quer nem saber: “Invado a avenida, xingo mesmo”, declara. 
Na esquina da Praça Dermeval Barbosa Moreira com a Rua Monte Líbano é outro Deus nos acuda. Muito pior, aliás, pois quando um sinal fecha, permitindo a travessia dos pedestres que estão indo ou voltando da Alberto Braune, o que fica em frente ao cruzamento, abre. Então é um salve-se quem puder. “Se a gente não forçar a barra não atravessa mesmo”, afirma um estudante. “Faixa de pedestres? Que nada, os motoristas nem sabem que aqui tem uma”, diz. 
Outro ponto crítico é a Praça Getúlio Vargas. As faixas estão pintadas na rua—muito apagadas, é verdade—mas estão, embora em outras ruas da cidade já tenham praticamente desaparecido. De uma forma ou de outra, parecem invisíveis aos olhos dos motoristas (e motociclistas). Outro dia quase aconteceu um atropelamento perto da Rua Monsenhor Miranda, porque dois motoristas pararam os carros civilizadamente para uma mãe atravessar empurrando o carrinho de seu bebê. Só que entre os dois carros surgiu inesperadamente uma moto em alta velocidade. Por pouco, muito pouco, não atingiu o carrinho. E o piloto, claro, saiu em disparada. Felizmente, foi só um susto. 
A situação de Nova Friburgo não é isolada, pelo contrário. Pode-se afirmar, sem medo, que se repete em quase todas as cidades do país. Mas há pelo menos uma exceção: Brasília. Há dez anos, a capital federal colocou em prática uma campanha acompanhada de fiscalização eficiente e rigorosa. Resultado: hoje em dia, cem por cento dos motoristas observam as faixas de pedestres, espontaneamente, sem a presença de sinal vermelho, sem fiscais de trânsito e sem controle eletrônico. Que bom seria se nas outras cidades do país acontecesse o mesmo. 


O que diz o Código de Trânsito

Ao respeitar a faixa de pedestres, o motorista não está apenas seguindo uma norma de boas maneiras no trânsito, mas também respeitando do Código de Trânsito Brasileiro (CTB). 
De acordo com o artigo 70 do CTB, pedestres que estiverem atravessando a rua sobre as faixas delimitadas para esse fim terão prioridade de passagem, exceto nos locais com sinais. Nestes locais os pedestres que não terminaram de atravessar terão preferência, mesmo se o sinal abrir, liberando a passagem dos veículos. Ao parar nas faixas de pedestres, os veículos dificultam a travessia dos pedestres, que se arriscam a ser atropelados. 
Vale ressaltar que cabe ao órgão ou entidade com circunscrição sobre a via—no caso, a Autran—manter as faixas e passagens de pedestres em boas condições de visibilidade e sinalização.
Duvidamos que o leitor conheça alguém que já tenha sido multado por parar na faixa, mas, de qualquer forma, vale destacar que, de acordo com o artigo 182 do CTB, este ato é considerado uma infração leve. Mas pode render multa. 


Respeitando a faixa de pedestres

* Familiarize-se com os locais onde existem faixas para travessia de pedestres.

* Não dirija a mais de 60 km/h em ruas com muitas faixas para o pedestre. 

* Se observar pessoas querendo atravessar a rua, diminua a marcha bem antes da faixa, com atenção ao retrovisor para o carro que vem atrás.

* Não movimente o carro antes de o pedestre alcançar a calçada do outro lado. 

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
TAGS:
Publicidade