Faculdade Santa Doroteia deverá ser federalizada

Se aprovado pelo Ministério da Educação, Cefet será o novo mantenedor do estabelecimento de ensino superior
quarta-feira, 11 de julho de 2012
por Juliana Scarini
Faculdade Santa Doroteia deverá ser federalizada
Faculdade Santa Doroteia deverá ser federalizada

Após um longo tempo de silêncio sobre o futuro da Faculdade de Filosofia Santa Doroteia (FFSD), a diretora da instituição, irmã Celma Calvão, falou sobre as negociações com o Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet). Fundada em 1956, a faculdade é responsável pela formação de professores, inclusive, para cidades vizinhas, e o término dos cursos tende a prejudicar o mercado, já que hoje ainda são poucos os jovens que se sentem atraídos em fazer um curso superior voltado para formação de professores. Segundo a diretora do Cefet em Nova Friburgo, Fernanda Rosa dos Santos, as negociações estão em andamento desde 31 de janeiro deste ano.

Atualmente, a FFSD tem como mantenedora a Congregação Santa Doroteia, que anunciou no ano passado a possibilidade de fechamento da instituição caso não encontrasse uma nova mantenedora disposta a assumir os cursos da faculdade. Segundo a congregação, além das dificuldades financeiras oriundas da queda no número de alunos, há também a falta de um quadro de irmãs para assumir o comando da instituição. A notícia do possível fechamento da FFSD mobilizou alunos e professores, que realizaram diversas assembleias e abaixo-assinados pedindo que as atividades não fossem encerradas.

“Nós procuramos, em primeiro lugar, várias instituições religiosas perguntando se essas instituições não teriam interesse em absorver os nossos cursos, ou seja, tornarem-se mantenedoras dos nossos cursos para que nós pudéssemos nos retirar. E todas as universidades católicas, inclusive escolas salesianas, vieram aqui para conhecer a instituição, porém nenhuma apresentou condições de assumir. Eles apresentaram suas dificuldades, então, como nós não conseguimos a transferência de mantenedora para alguma instituição católica, partimos para consultar instituições públicas. Consultamos a Uerj, a UFF, mas nenhuma delas manifestou interesse ou tiveram problemas que as impediram de absorver nossos”, declarou Celma Calvão, lembrando que o Cefet foi procurar a FFSD e manifestou interesse de assumir os cursos.

Só no Rio de Janeiro o Cefet tem núcleos no Maracanã, Nova Iguaçu, Maria da Graça, Petrópolis, Nova Friburgo, Itaguaí e Angra dos Reis, oferecendo cursos técnicos. Segundo irmã Celma, em reunião com a direção do Cefet, eles explicaram que os seus projetos estão sendo ampliados e que aqui na cidade, por exemplo, já é oferecido o curso de licenciatura em Física. “O objetivo das irmãs é não privar a comunidade local e adjacências dos cursos que nós oferecemos há mais de 50 anos e temos certeza que foi muito importante para várias gerações”, frisou, dizendo que a direção, professores e irmãs estão muito animados com essa nova possibilidade.

Para que o Cefet assuma como novo mantenedor da Santa Doroteia é preciso que o Ministério da Educação aprove a federalização da FFSD. As intenções já foram enviadas à Brasília e o ministério solicitou que eles fizessem um projeto que apresentasse a proposta. “Nós recebemos uma cópia desse projeto no final de junho para ver se nós concordávamos. Eles foram muito educados e nós não tivemos nada a acrescentar, já que estava bem enxuto e os objetivos educacionais do Cefet não entravam em conflito com os objetivos educacionais da nossa faculdade, pois a gente sempre primou pelo respeito à pessoa, pelo o interesse maior em fazer com que as pessoas se descobrissem. E eles provaram no projeto que também querem isso”, contou Celma Calvão.

De acordo com a diretora do Cefet em Nova Friburgo, Fernanda Rosa dos Santos, no momento, “o Cefet permanece em negociação, aguardando que o Ministério da Educação aprove a federalização da instituição”. Ela lembrou também que o objetivo é manter a FFSD como ela está, mantendo e dando continuidade aos seus cursos.

A princípio, o Cefet precisará utilizar o espaço da FFSD, já que o seu campus, localizado no Prado, não tem mais salas disponíveis. “Naturalmente, eles irão ampliar este espaço. A nossa congregação deverá providenciar aos advogados um documento de contrato de locação. Isso é resolvido com as irmãs superioras que moram em São Paulo, através dos advogados que assistem elas”, esclarece irmã Celma, ponderando que a concessão do espaço não pode ser por tempo indefinido já que o Colégio Nossa Senhora das Dores, pertencente à mesma congregação, precisará ampliar suas instalações futuramente, utilizando todo o campus da FFSD. Ela também argumenta que sabe da necessidade do novo mantenedor e que a direção está estudando uma forma de ajudá-los no início, disponibilizando o espaço.

“Creio em Deus que as coisas vão evoluir de maneira pacífica e vão atender às nossas necessidades e do nosso novo parceiro que é o Cefet”, garante Calvão. Atualmente, a faculdade está com mais de 200 alunos, porém, no fim do ano, cerca de 70 alunos devem se formar. Alguns professores também já estão deixando a instituição por falta de disciplinas. “É um processo doloroso para nós, porque a gente vai vendo, aos poucos, a diminuição da nossa comunidade acadêmica, alunos e professores. Então, eu não vou dizer que esse processo que está acontecendo há um ano e meio tenha sido agradável. Tem sido doloroso para todos. Os professores também sofrem bastante com isso, porque eles sempre declararam que trabalhar aqui é muito bom. Estou aqui há mais de 50 anos e eu digo que 99,9% dos professores afirmaram, ao longo desses anos, que foi bom trabalhar na Santa Doroteia. Então, existe um clima de tristeza sã, sadia. É uma tristeza saudosa. Mas eu acho que tudo na vida muda, seja cedo ou tarde, as pessoas passam, as coisas mudam”, comentou irmã Celma.

Ela também declarou que tem conversado com várias pessoas sobre a transferência de mantenedora. “Todo mundo que eu conversei apresentou um pensamento muito positivo com relação ao Cefet e ao trabalho desenvolvido por eles. E vai ser muito bom para Nova Friburgo ter mais uma universidade federal”, finalizou.

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