Facebunker - Vencer voluntário

Por Leonardo Amando - leonardoamando@hotmail.com
sexta-feira, 03 de agosto de 2012
por Jornal A Voz da Serra

“O trabalho voluntário precisa passar de altivo à pró-ativo na medida da falência da atuação do Estado como provedor universal de bens, serviços e soluções. Nova Friburgo precisa, muitas cidades também”

No dia 22 de julho passado ocorreu mais uma ação humanitária em Nova Friburgo. A instituição Laje (Lar Abrigo Amor a Jesus), no bairro Lagoinha, recebeu uma série de donativos voltados ao atendimento das necessidades mais urgentes de seus hóspedes em face do inverno que já se encontra em curso. Com efeito, toda a estimativa de arrecadação foi superada em larga escala, configurando o sucesso da empreitada.

Definitivamente somos um povo solidário. Solidário e reativo. Sim, reativo no sentido de não nos mobilizarmos na prevenção, tão-somente no socorro ou remediação de um mal recém-estabelecido ou de uma situação limite. Antes uma constatação do que propriamente uma crítica. Até porque, sou um deles...

Tentando compreender esse modelo de conduta que, por razões diversas, deixa para amanhã o que deve ser feito hoje, me coloco na posição daquele que sai de sua zona de conforto para se lançar no papel de arauto da esperança. Por que não existe o hábito, massificado, de se atuar rotineiramente na busca de soluções que atenuem o sofrimento do próximo? Por que tantas e tantas ONGs atuando em projetos educacionais e culturais, e uma quantidade infinitamente menor operando no âmbito do voluntariado? Faltam políticas públicas de fomento e sensibilização para tanto? Ou o brasileiro acha que já faz demais pagando impostos?

Não é incomum ouvir da boca de gente bem formada que só o fato de contribuir com qualquer quantia já o isenta de uma participação presencial nos eventos de voluntariado. Esse contribuinte se coloca como um legítimo possuidor do direito de não fazer nada, além de esperar resultados, quase como uma contrapartida, ou ainda criticar autoridades na medida do tamanho de sua ajuda. Complicado. Urge mudar posturas. Já não bastam mais as estratégias reativas, nem tampouco o voluntarismo de resultados. Já se passou do tempo em que somente contribuir significaria comprar um bilhete para o céu.

O trabalho voluntário precisa passar de altivo à pró-ativo na medida da falência da atuação do Estado como provedor universal de bens, serviços e soluções. A lentidão da máquina pública não nos interessa. É preciso mais. Nova Friburgo precisa, muitas cidades também. E não só no escopo da tragédia que se abateu, mas principalmente nas estratégias de longo prazo. Para se estar vigilante, para se estar atuante, para se estar cidadão.

Você está convidado, venha conosco! Separe um tempo de sua agenda, tire um dia no mês. Que seja. Cidadania também se pratica.

Visite: www.laje.org.br.

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