Por Leonardo Amando
leonardoamando@hotmail.com
E “Mãe é amor! Os Supermercados Qualquer Nota têm picanha a R$ 19,99, batata lavada a R$ 0,98 e açúcar Mais Docinho a R$ 2,09!”.
Hã? Diga-me lá, atento leitor, que parte você não entendeu aí? O que há de errado? Achou a picanha barata, hein? Talvez seja a pouca procura, derivada do fato de termos quase um padrão de conduta em festividades do gênero, que deságua em filas intermináveis na porta de restaurantes... O churrasco fica para o dia dos pais. Ok, não me joguem o sal grosso que sobrou do último “churras”; só estou partilhando da minha incredulidade e desesperança...
Lugares comuns não nos faltam para delimitar e adjetivar a data que se apresenta como “o dia daquela que nos deu a vida, que nos cuidou e nutriu, desde tenra idade, até encontrarmos nossa maturidade física, emocional, cognitiva, financeira”. Um texto dessa magnitude deveria ser compatível com um mês inteirinho de festividades, não? Todavia, parece que tudo já foi escrito, comemorado, presenteado. Sem nos darmos conta, ou ainda assim, derivamos para um terreno nebuloso, onde a motivação mais pura para essa homenagem parece ter se perdido entre prateleiras de supermercados e shoppings. Estamos felizes e saciados com isso? Creio que não.
Sendo assim, julgo pertinente tentar fazer diferente amanhã. Reconheço: está meio em cima da hora para uma mudança de rota... Concordo que atrasei na entrega da minha coluna de estreia, não posso propor quase nada. Ainda assim, devo relembrar o dia em que comecei a encarar as datas festivas de outra maneira...
No distante 1979, aos 15 anos, me virava para defender uns trocados para o sábado à noite lavando o carro do pai, os banheiros da casa, a louça do almoço, o que fosse rentável, digno, suficiente para garantir o cineminha com a namorada. E naquela semana do dia das mães, recheada de provas no colégio, não me programei para a tão óbvia compra do presente da Dona Sônia. Só na véspera, um sábado, como o de hoje, me dei conta da urgência daquele momento. Meu pai, em viagem, só retornaria no domingo pela manhã. O que fazer? Qualquer tarefa caseira não me renderia o suficiente. Se fosse pedir mais dinheiro à minha mãe jogaria por terra o fator surpresa obviamente.
Decidi então fazer o que julgava possível: ser eu mesmo. Concretizar em palavras tudo aquilo que sentia por ela. Escrevi o que o meu coração mandou... Juntei ao texto uma rosa. Sônia Rosa era o nome dela (a única Rosa que não morreu no jardim da minha memória).
Neste domingo vou me lembrar mais uma vez que o que segue vivo não se estraga. Simples assim. Afinal, mais que um dia de presente, o dia das mães é um dia de presença. E é certo que só o amor pode fazer a diferença.
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