Dalva Ventura
A informalidade foi a tônica da última Reunião de Apoio Terapêutico (Ratera), realizada na quinta-feira, 29, no auditório do Hospital São Lucas. Brincalhona e descontraída, a cardiologista Claudia Carvalho Rocha transformou o que costuma ser uma simples palestra num bate-papo, onde todos os presentes puderam tirar dúvidas e falar de suas angústias.
Formada em sua maioria por pacientes que fizeram cirurgias cardíacas ou angioplastias, a plateia acompanhou com interesse as explicações e conselhos da médica. Cardiologista especialista em medicina desportiva e reabilitação cardíaca, Claudia destacou a importância da atividade física para a saúde e foi além. Falou sobre problemas sexuais, depressão, ansiedade, obesidade, sempre lembrando que o exercício combate tudo isso.
Ela começou a conversa falando sobre um britânico de 101 anos que começou a correr aos 89 anos e disputou sua última maratona recentemente, batendo o recorde mundial do homem mais velho a participar deste tipo de competição. Em seguida, Claudia perguntou quem na plateia era atleta e ninguém se manifestou. Depois, ela quis saber quantos eram revascularizados, ou seja, haviam passado por algum procedimento para “desentupir” alguma artéria do coração. A maioria levantou o dedo.
“O exemplo deste senhor com mais de cem anos mostra que idade não é desculpa”, disse Claudia. “Reparem que ele começou a praticar exercícios tardiamente, com quase 90 anos”, continuou. “Minha avó aprendeu a nadar aos 72 anos”, ressaltou.
Sempre é hora, portanto, de começar. Aos poucos, todos conseguem aumentar sua capacidade funcional. O importante é praticar alguma atividade física, qualquer que seja ela. Até porque, nunca é demais lembrar, a condição que mais mata gente neste mundo, juntamente com o tabagismo, o diabetes e a história familiar, é o sedentarismo. Em outras palavras, mais vale um cardiopata que se exercita que uma pessoa saudável mas sedentária.
Nada de sedentarismo
Não precisa ter dinheiro para pagar uma academia e se exercitar. Ela propõe a utilização de escadas, em vez de elevador. Se a pessoa sentir palpitações ou fica cansada? Não tem problemas. É só subir devagar. O cansaço, aliás, é o melhor termômetro. Cansou? Para. E depois que descansar, recomece.
Não importa o tipo de exercício. Bicicleta, natação, hidroginástica, pilates, entre outros. Quem é faxineira e trabalha diariamente é uma pessoa ativa. Quem varre o quintal todo dia, na mesma velocidade, idem. “Não tem desculpa para ser sedentário”, disse. Você pode ir trabalhar a pé. Se for muito longe, é só descer do ônibus três ou quatro pontos antes ou depois. Quem não gosta de caminhar, pode procurar outra atividade física, até encontrar uma que lhe dê prazer. Pode ser até pingue-pongue, que ao contrário do que muita gente pensa, não é só um jogo, pois induz os participantes a exercitar de maneira constante os braços e as pernas.
Além de ser fundamental para a saúde física, o exercício estimula a produção da endorfina, combatendo a depressão e a ansiedade. Nunca é demais também lembrar que ele diminui a circunferência abdominal, um problema a cada dia mais comum.
Para concluir, ela fez um alerta àqueles que são “sedentários por convicção”, como se diz. São pessoas que não praticam nenhum tipo de atividade física, só andam de carro ou ônibus, odeiam caminhar e, muito menos, frequentar academias. A médica afirmou que elas já estão no grupo dos chamados “pacientes de risco”. Ou seja, está mais do que na hora de mudarem seus hábitos de vida porque na verdade, estão correndo sérios riscos.
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