Nova Friburgo tem agora um ano para consolidar o projeto de comemoração dos 200 anos, dando início à construção do legado que se pretende a partir de seu bicentenário, em 2018. O pontapé inicial será a divulgação de um calendário com a definição de eventos master para os próximos 12 meses. "São eventos como a Festa do Morango, da Flor, da Truta, do Chocolate, das Trovas, e tantas outras. Entre elas, feiras, que também nascem em seus locais de origem, com o respaldo de suas associações. Ao Executivo cabe proporcionar infraestrutura. Queremos que esses eventos cresçam e se fortaleçam para ganhar espaço na mídia das capitais e atrair turistas. Vamos nos empenhar ao máximo para corresponder em relação à educação, cultura, esportes”, disse o secretário de Turismo Wilton Neves ao A VOZ DA SERRA, destacando a “enorme responsabilidade de comandar uma pasta responsável pela imagem e pela conquista de visitantes para o município”.
Meandros são percorridos para conseguir realizar qualquer projeto, que exige aventurar-se pelos tortuosos caminhos da burocracia. “Nós temos uma mensagem muito clara para passar para todos os friburguenses e vou aproveitar a credibilidade que o jornal tem, junto à população, para dizer o seguinte: o governo do Renato Bravo está absolutamente comprometido com a cidade, que é fazer o que tem que ser feito. Uma das marcas deste governo é a nossa veia empreendedora. Mas a burocracia é um entrave que quebra o ritmo que gostaríamos de dar ao andamento dos projetos. Não que ela seja impeditiva, mas exige muita cautela e outras tantas tecnicalidades. Ninguém gosta nem quer ficar de braços cruzados esperando autorização para vencer cada etapa. Tanto quanto a população, nós queremos avançar, principalmente no tempo do anseio do cidadão”, enfatizou o secretário.
Para além de nossas fronteiras
A secretaria de Turismo está presente em mais de 200 eventos locais, por ano. Segundo Wilton, eventos direcionados para o público regional, como encontros religiosos, Festa da Canjica, shows, feiras, “todos são importantes e merecem a nossa atenção”.
Mas, ele questiona: “Quantos deles são turísticos? Quais devem constar de um calendário turístico? Cada um valoriza o seu, mas o evento tem características para entrar no portfólio deste calendário? Na maioria das vezes, não. São eventos para atender determinadas comunidades, com a perspectiva de atrair o morador de outros distritos, outros bairros, quer dizer, o “turista interno”, além de eventuais visitantes. A competição de motocross era um bom exemplo de um tipo de atração, realizado em Conquista, que atraía público de Amparo, municípios vizinhos mas também do Rio, o que ampliava a sua visibilidade. Era concorrido e badalado. Portanto, há eventos e eventos, e cada caso deve ser analisado de acordo com a sua capacidade de despertar interesses além fronteiras”, avaliou.
Quantos às festas de Lumiar e São Pedro da Serra, todas muito concorridas - principalmente pela presença de veranistas com casas na região -, atraem uma multidão de pessoas que lotam pousadas, hotéis, restaurantes, lojas, o que acaba por beneficiar toda a cidade. “O turismo é feito por empreendedores e a gestão pública tem que cuidar, basicamente, da infraestrutura e das políticas públicas. O que a secretaria tem que fazer é integrar esses empreendedores, ajudá-los a formatar seus produtos, dar refinamento, articulação, fazer lobby. Esse é o papel do Turismo, no contexto mundial, inclusive”, acrescentou.
Sejam todos bem vindos
Para receber os 400 suíços que virão a Friburgo em maio de 2018, famílias descendentes e de outras ascendências estão oferecendo acomodações e atenção. O secretário entende que a cidade do Rio, provavelmente, deve também se beneficiar da presença da comitiva suíça. “Não vamos perder a oportunidade de noticiar o fato nos órgãos de imprensa do estado do Rio, e divulgar a fundação do município por um decreto de Dom João VI. Toda essa história merece espaço na mídia. No que diz respeito ao fator institucional, certamente teremos apoio. Temos mantido contatos permanentes com o cônsul Giancarlo Fenini e o cônsul-adjunto Christophe Vauthey, desde o início do ano”.
De acordo com o secretário, Fenini está interessado em incrementar o setor educacional, incentivando intercâmbios de estudantes entre as duas cidades (Friburgo-Fribourg), na área de tecnologia. “Também conversamos sobre agricultura, sobre os avanços em pesquisa e tecnologia, e sobre a nossa capacidade de contribuir. Nos interessa aprender mais sobre produção de leite e chocolate, atualizar nossos conhecimentos sobre os mais recentes avanços, desde a criação da Queijaria Escola, e reativar a Chocolataria”, informou.
A implantação de um polo audiovisual é outro tema que desperta o interesse para uma parceria entre o governo suíço e o governo friburguense. O secretário, Christophe Vauthey comentou que gostaria de ajudar a desenvolver o setor de audiovisual. “A criação desse polo tem muito a ver, também, com turismo, em face da diversidade de locações naturais, nossa topografia, rios, arquitetura. Temos um meio ambiente exuberante, além de construções históricas, como a Chácara do Chalé, o atual Country Clube. Trata-se de um espaço simbólico, único em toda a região. E ainda construções como os colégios Anchieta, Nossa Senhora das Dores, hotéis e restaurantes de estilo europeu, uma gama de paisagens sem igual”, listou.
Há pouco tempo, um diretor de cinema procurou o secretário para avisar que seu projeto de um longa-metragem havia sido aprovado e seria rodado em Friburgo. A notícia não podia vir em melhor hora. “Um trabalho desse porte movimenta a cadeia de hotéis, restaurantes, pousadas, comércio de todo tipo, além de serviços, como iluminação, som. Temos mão de obra técnica qualificada e elenco profissional, o que vai desonerar de maneira significativa a folha de pagamento da produção. Enfim, todos saem ganhando: nós, a produção, e a cidade através de divulgação na mídia”, argumentou Wilton.
Outro dado que ele percebeu é que os “atores”, as pessoas que se dedicam à produção cultural local, estão dispersos. Wilton acredita que é necessário integrá-los e motivá-los para a construção de um projeto artístico-cultural que não se esgote nas festas do bicentenário. “Esse é o primeiro desafio a ser enfrentado para trabalharmos juntos na definição de projetos que realmente possam ser implementados e principalmente, estabelecidos. Ao investir tempo, dinheiro e energia das pessoas, é natural esperar resultados consistentes”, defendeu.
Tesouros friburguenses a serviço do Turismo
O Convention Bureau é um dos entes mais atuantes no setor, responsável pela comercialização do destino turístico. “Comercializar o destino é papel do Convention ao contrário do governo municipal que não pode “comercializar” nada. Prefeitura não faz comércio. O Convention Bureau é uma associação da maior importância e uma grande parceira”, destacou.
Entre os polos a serem incrementados ao longo dos próximos 12 meses, segundo o secretário, estão o gastroturismo e seu importante circuito de refinadas cozinhas internacionais, em Mury e no Cônego; o ecoturismo, que oferece interessante diversidade de esportes radicais, com suas trilhas, montanhas, rios e cachoeiras. “Neste setor há uma modalidade, a trilha ecológica, que exige ordenamento, organização, acesso, segurança, capacidade de carga, entre outros cuidados, que precisa de uma parceria muito bem definida entre o poder público e o privado”.
Já o turismo rural é feito em propriedades particulares, de produtores de pequeno porte, da agricultura familiar, da floricultura. “O produto turístico final é privado, mas esse destino precisa do acabamento de infraestrutura, que é fornecido pelo poder público para propiciar visitação e oportunidade de negócios”, explicou.
Outro setor de extrema importância é o artesanato local, que é forte e diversificado. “Esse é um setor que precisa de apoio logístico e já começamos a recadastrar* todos os 96 artesãos. Queremos que o nosso artesanato seja chancelado, reconhecido com um selo de qualidade”, defendeu o secretário.
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