Exames que não podem sair de moda

Casal deve procurar seus médicos antes e depois do casamento
sexta-feira, 17 de maio de 2013
por Jornal A Voz da Serra

Falar em exames pré-nupciais parece coisa do passado. Mas não é. Nesta entrevista, a médica Vera Barcellos Leal, ginecologista-obstetra e mestre em sexualidade humana, fala sobre a importância desses exames e os riscos que assumem ao não realizá-los.


LIGHT – Qual a importância dos exames pré-nupciais? 
VERA LEAL - Falar em exames pré-nupciais hoje em dia pode soar estranho para muitos, já que grande parte dos casais quando opta pelo casamento já tem uma vida sexual ativa. Alguns até já moram juntos. Porém, os exames pré-nupciais devem ser um dos itens obrigatório na lista de providências pré-matrimoniais. Eles são preventivos e têm como objetivo verificar as condições de saúde e de fertilidade do casal. Determinados exames são essenciais para quem deseja ter filhos.
 
O mais recomendável é marcar uma consulta num período de seis a três meses antes do casamento, com um ginecologista e um urologista de inteira confiança dos noivos

 LIGHT – Quais os exames que precisam ser feitos?
Alguns ajudam a determinar o grau de fertilidade do casal e possíveis alterações cromossômicas relevantes. O espermograma, por exemplo, mostra as condições de fertilidade do homem e permite o tratamento de infecções assintomáticas que diminuem o número de espermatozoides. Com orientação e tratamento, muitos desses problemas são reversíveis. Outro é o cariótipo, que avalia a existência ou não de alterações cromossômicas, que podem causar problemas reprodutivos como infertilidade, abortamentos de repetição e fetos malformados. Caso sejam diagnosticadas alterações cromossômicas é possível determinar riscos específicos. Existem outros exames preventivos que visam garantir a saúde do bebê e da mulher que deseja engravidar. Entre eles, o da sorologia para rubéola, que determina a imunidade para essa doença e a necessidade da vacinação, que protegerá o feto. Em caso de vacinação, deve-se evitar a gravidez por pelo menos três meses. Tem também exame para a toxoplasmose, que identifica infecções provocadas pelo protozoário Toxoplasma gondii, possibilitando o tratamento para evitar a transmissão vertical, isto é, da gestante para o feto. Caso a mulher não seja vacinada para o HPV, ela deve tomar providências o mais rapidamente possível. Por fim, realizam-se os exames que garantem a saúde tanto do homem, quanto da mulher: o VDRL, que detecta a sífilis, possibilitando o tratamento; o hemograma completo, que avalia anemias e alterações de glóbulos brancos e plaquetas; o clamídia (Chlamydia trachomatis), que identifica a doença sexualmente transmissível e de grande prevalência, que pode provocar infecções oculares, urogenitais e infertilidade; a sorologia para a hepatite, que detecta a infecção pelos vírus B e C, permitindo encaminhamento ao especialista no caso de infecção e indicando vacina do tipo B nos casos de sorologia negativa; o de aids, que detecta a infecção pelo vírus HIV, de importância fundamental para o início de um tratamento adequado e aconselhamento para casos de gestação; exame de urina, que possibilita detectar eventuais infecções assintomáticas e doenças renais; e exame parasitológico de fezes, que permite o diagnóstico e tratamento de parasitoses assintomáticas que podem trazer consequências indesejáveis no futuro.

LIGHT – E depois do casamento? Existe alguma recomendação?
Sim, mesmo depois do casamento, é aconselhável continuar de olho na saúde do casal, principalmente se acontecer uma gravidez, pois, à exceção da tipagem sanguínea, todos os outros exames devem ser refeitos durante o pré-natal, principalmente os de toxoplasmose, hepatites, HIV e citomegalovírus.

LIGHT – Quando os noivos devem marcar estes exames? 
 O mais recomendável é marcar uma consulta num período de seis a três meses antes do casamento, com um ginecologista e um urologista de inteira confiança dos noivos. Ainda durante a consulta, são avaliados os medicamentos e as vacinas que o casal já tomou, bem como o mapeamento de vícios. Além disso, é preciso verificar anomalias genéticas nas famílias, episódios de aborto ou gravidez anterior. Outro fator importante a ser considerado é a faixa etária do casal, pois quanto mais avançada for a idade dos pais, maiores são as chances de o bebê vir a apresentar alguma anomalia.
 
LIGHT – Estes exames estão disponíveis na rede pública?
Alguns, sim. O casal deve fazer o que o SUS dispuser. O fato de não ter o cariótipo, por exemplo, não pode servir de desculpa para não se fazer nada.
Deve-se marcar com bastante antecedência, pois a realização dos mesmos, provavelmente, é demorada.

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