Ex-vocalista do Iron Maiden inicia turnê sul-americana em Nova Friburgo

Mais um artista internacional de peso se apresenta em Nova Friburgo. Desta vez, quem sobe o palco é o primeiro vocalista a gravar um disco com o Iron Maiden, Paul Di’Anno, que tocará na íntegra o primeiro álbum do lendário grupo britânico, o homônimo "Iron Maiden”, de 1980, e também músicas do segundo disco — e último do qual participou — Killers”, de 1981. A apresentação será no próximo dia 2 de abril, na Evok, e será uma chance de ouro para as gerações de fãs do heavy metal daqui e da região de ouvir dois dos maiores clássicos do gênero musical com a voz original de quem os gravou.

Quem traz o artista inglês para Nova Friburgo é o empresário Jean King, que já promoveu outros shows bem-sucedidos na região, inclusive de outro ex-vocalista do Iron, Blaze Bayley. Jean, caso o show do mês que vem dê casa cheia, estuda trazer uma atração de maior notoriedade ainda — cujo nome prefere manter em sigilo por enquanto. Sobre o show de Di’Anno, a importância para Nova Friburgo é notória, visto que, junto com artistas estrangeiros que já se apresentaram aqui — como Groundation, Blaze Bayley e Ja Rule — é mais uma realização no currículo da cidade, que passa a ser cada vez mais avaliada como uma opção viável para atrações internacionais em turnê pelo Brasil — algo até então considerado impensável ou mesmo piada não muito tempo atrás. "Eu era tratado como maluco por muitos, e ainda sou!”, brinca Jean King, a respeito da primeira atração internacional que promoveu, o show de Blaze Bayley. "Mais uma vez, porém, Nova Friburgo será vista em sites nacionais e internacionais, isso porque vem aqui dia 2 de abril o primeiro vocalista de uma das maiores bandas de rock do mundo. Ele fará aqui o primeiro show da sua turnê sul-americana. Vocês sabem o que é isso?”, afirma ele, que bancava do próprio bolso suas realizações mas que para este show conta com patrocínio da Stam, que reconheceu a importância cultural do evento para a cidade.

Paul Di’Anno tem 55 anos e nasceu em Londres, Inglaterra. Ingressou no ainda iniciante Iron Maiden em 1978, após a saída do vocalista Dennis Wilcock por problemas de relacionamento. Com a banda gravou os dois álbuns de estúdio citados acima, além do EP ao vivo ‘Maiden Japan’. Após sair da banda, em 1982, Paul Di’Anno criou uma banda chamada simplesmente de "Di’Anno”, seguindo-se de uma série de outros projetos, inclusive com músicos brasileiros, com quem Di’Anno possui franca simpatia. 

Mesmo o leitor menos afeiçoado ao rock conhece o nome "Iron Maiden”. É comum andar pelas calçadas da Alberto Braune e cruzar com pessoas de diversas idades vestindo camisas da banda. Gustavo Valladares, produtor do programa de rádio Rock Flu e fã de Iron Maiden de longa data, lembra-se de quando surgiram as primeiras camisas do grupo por aqui: "Foi uma verdadeira febre que invadiu Nova Friburgo bem no início da década de 1980 entre a molecada que frequentava a loja do Preguinho, a Rua Portugal, o bar do seu Adir e os fliperamas da cidade. Era uma camiseta que trazia o desenho da capa do álbum de estreia de uma banda que, até então, era novidade absoluta entre nós: um tal de Iron Maiden — e que tinha justamente Mr. Paul Di’Anno nos vocais. A estampa era meio tosca — impressa em uma única cor, o preto — e não trazia nenhum nome, nada, somente a representação do mascote da banda, que, pouco mais tarde, e quando já de posse dos discos de vinil na mão, descobrimos chamar-se ‘Eddie’.” O mascote da banda, que aparece em todas as capas de discos até então, certamente é algo que aumentou o fascínio em torno do grupo, e se tornou parte da cultura popular global — até mesmo uma torcida organizada de futebol, a Força Jovem do Vasco, o adotou também como seu mascote. 

Ismael Carvalho, produtor do programa Rock Company, também compartilhou conosco suas lembranças sobre a banda e o impacto de ouvir pela primeira vez o Iron Maiden, ainda com a voz de Paul Di’Anno, e a expectativa de assistir ao show do vocalista aqui, em Nova Friburgo. "Foi em 1982, na época eu era adolescente e estava passando pela pracinha do Centro de Turismo e um grupinho de amigos estava por ali conversando e me chamaram. Eram o Alex e o Zé, da banda Holocausto, e mais dois carinhas. Alex me apresentou um deles, o Ricardo Polo, e me disse: ‘Olha isso, Ismael, essa banda é demais, conhece? Iron Maiden!’. Daí Ricardo me mostrou o vinil que tinha em mãos e me deparei com aquela capa sensacional com a caveira de cabelos longos. Era o ‘Killers’. Nossa, imaginem, nós, adolescentes, fãs de heavy metal, e o impacto daquela ilustração na capa de um disco. Dali fomos pra casa de um deles, não me lembro bem de quem, mas chegando lá pusemos o vinil pra tocar e fui impactado ao ouvir pela primeira vez ‘The Ides of March’, ‘Wrathchild’, ‘Murders in the Rue Morgue’ e as outras depois... E quem diria que anos depois estaríamos assistindo aqui em Friburgo mesmo um show do Paul Di’Anno? Naquela época nem em sonho imaginaríamos isso, e ele ainda vai tocar o primeiro álbum do Maiden na íntegra!”

Gustavo Valadares já teve a oportunidade de conferir um show de Paul Di’Anno no Circo Voador, em 2005, e, é claro, recomenda a experiência a todos os fãs de rock, dizendo que o artista é bem-humorado e que Bruce Dickinson, sucessor de Di’Anno no Iron Maiden, tecnicamente nunca conseguiu cantar aquelas músicas dos dois primeiros álbuns tão bem quanto o Paul. "É mais ou menos isso daí que eu espero, enfim, para o show de 2 de abril. E só lamento (sinceramente) uma única coisa: não ter guardado a minha velha camiseta branca, pra poder pescar um autógrafo caprichado nela. Seria sensacional. Porém, ainda tenho aqueles velhos discos de vinil — e assim, quem sabe, com o autógrafo dele, essa história ainda possa ter um final feliz.”