“O Brasil ocupa a 88ª posição nos índices de desenvolvimento educacional e o salário do professor brasileiro é o terceiro pior do mundo.(...)”
Márcia Cardoso de Barros
O alto número de professores deixando o magistério e a desvalorização dos profissionais de educação foram alguns dos principais pontos apresentados pelo Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Rio (Sepe) e da União dos Professores Públicos no Estado (Uppes) durante audiência pública realizada, nesta quarta-feira (10), pela Comissão de Educação da Assembleia Legislativa do Rio. De acordo com o presidente do colegiado, deputado Comte Bittencourt (PPS), praticamente todas as questões apresentadas pelos sindicatos têm sido permanentemente debatidas na Casa. “Essa desconstrução da escola pública de qualidade vem acontecendo ao longo de vários governos, com a desvalorização dos profissionais e a falta de um projeto político pedagógico mais efetivo, que garanta a qualidade que a gente vem buscando. Da audiência de hoje ficam dados e informações que reforçam a nossa luta. É muito importante quando essa reflexão é feita junto aos sindicatos”, afirmou o parlamentar.
No estado do Rio, somente 44,5 % dos jovens concluem o ensino médio. Essa afirmação foi feita pela psicóloga Márcia Cardoso de Barros, da Uppes, que apresentou um diagnóstico da educação no País. “O Brasil ocupa a 88ª posição nos índices de desenvolvimento educacional e o salário do professor brasileiro é o terceiro pior do mundo. Só não é pior que os salários pagos aos professores do Peru e da Indonésia. Esses fatores nos fazem entender o aumento da evasão escolar por parte dos alunos e dos professores também. O profissional da educação precisa ter condições físicas e psicológicas para executar com qualidade as tarefas pertinentes à profissão”, defendeu Márcia. Ela acrescentou que o número de professores que se afastaram do magistério em 2009, 2.263 profissionais, cresceu muito na comparação com os 535 que pediram exoneração em 2008. Segundo a presidente da Uppes, Teresinha Machado, “é fundamental que o Governo cumpra todas as dívidas que tem com a categoria. Em 2009, não tivemos sequer o reajuste anual”, reclamou.
O diretor do Sepe, Tarcísio Motta, destacou a necessidade da realização de concursos públicos para a área educacional. “Hoje temos uma carência de mais de 21 mil professores, já que 16 mil profissionais estão trabalhando em jornada dupla e 5 mil vagas estão em aberto”, avaliou Motta. Coordenadora do Sepe, Maria Beatriz Lugão defendeu uma política pública para valorizar o professor “em todos os seus aspectos”. “O que temos visto nos últimos anos é o que se pode chamar de efeito cascata: o poder público não valoriza a educação, e o setor privado também não. Há uma opção clara do governo do estado em gastar com tecnologia e não investir no profissional. Perece que não se importam com o nosso trabalho cotidiano e, sim, com grandes obras. Precisamos mudar essa política”, reclamou.
Membro da comissão, o deputado Marcelo Freixo (PSol) ressaltou a importância de o governo aumentar os investimentos no setor de ensino. “Investir na educação é investir na sociedade. O governo, atualmente, gasta menos do que poderia gastar. Isso é uma escolha política. Quem faz a escola são professores, funcionários e alunos. Não adianta investir em tecnologia se não cuidar do que é essencial na educação, que são as pessoas. A escola está morrendo pedagogicamente”, enfatizou Freixo. Também estiveram presentes na audiência os deputados Alessandro Molon (PT), Paulo Ramos (PDT) e Rodrigo Dantas (DEM), além do superintendente de Gestão de Pessoas da Secretaria de Estado de Educação (Seeduc), Marcos Medina.
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