“Não há... Oh, gente... Oh, não, lugar melhor para essa comemoração!”
Numa adaptação dos versos da conhecida canção “Luar do Sertão”, o locutor Benitez da Silva fez uma analogia com a comemoração dos cem anos de Luiz Gonzaga para anunciar que a Banda Sinfônica Euterpe Friburguense estava ali também para abrir oficialmente os festejos de seu sesquicentenário a ser celebrado em 26 de fevereiro próximo.
Encerrando a programação da data em que um dos maiores nomes da música brasileira foi festejado por todo o país, o concerto da banda friburguense no palco Jackson do Pandeiro da Feira Nordestina de São Cristóvão, empolgou muitos e emocionou a outros tantos, na noite da última quinta-feira, 13, no Rio.
Um exemplo foi o produtor musical, instrumentista, compositor e cantor Rildo Hora. Ele recebeu das mãos do presidente da banda, Francisco de Assis da Silva, o troféu “Amigo da Euterpe”, representando parentes de Luiz Gonzaga. Em rápido pronunciamento, depois de beijar a peça com as iniciais EF, formando uma lira, Rildo disse que “neste lugar santo [referindo-se ao território nordestino do centro de tradições] senti uma emoção muito especial, hoje, vendo essa orquestra interpretar lindamente o nosso Luiz”.
Colônias friburguenses representadas no evento com presente aos feirantes
Acompanhado do renomado cantor e cordelista Chico Salles, Hora fez questão de explicar que faz parte “da família musical” de Luiz Gonzaga. Referiu-se ao fato de o Rei do Baião ser padrinho de sua filha Patrícia e contou que aprendeu com ele uma expressão que nunca mais esqueceu: “‘Deus te guie e zelação’, dizia-me ele e fui procurar saber com dona Helena [mulher do cantor] e soube que significa ‘Deus te guie com zelo’. E é o que desejo e digo hoje a todos da sociedade musical Euterpe: muita zelação para vocês”.
Além do troféu entregue aos parentes do Rei do Baião, o diretor de marketing da Associação dos Feirantes, Gilberto Teixeira, recebeu um prato de porcelana com pintura decorativa do brasão do Município ao centro, ladeado pelas bandeiras dos 10 países colonizadores.
Ofertado pelo empresário Gilberto Sader, presidente da seção friburguense da Associação Líbano-Brasileira, representante da colônia libanesa na cidade, a peça traz também uma frase do Pastor Armindo Müller, que destaca a diversidade da miscigenação local: “Num mundo onde se mata por etnia e religião, aqui pelos mesmos motivos se vive como irmãos”.
O diretor de marketing da Feira, que já havia falado ao abrir o concerto da banda, também falou de sua emoção: “Não sou Roberto Carlos, mas tenho que admitir: são tantas emoções. Quero mais uma vez agradecer a Nova Friburgo por nos brindar com essa excelente apresentação. Realmente fechamos com chave de ouro essa noite em que, de verdade, a Feira Nordestina apenas começa o Centenário de Luiz Gonzaga”.
Momento histórico: Feira Nordestina recebe uma banda pela primeira vez
Agradecendo o presente, Teixeira afirmou ainda que tem um carinho muito grande pela Região Serrana e citou o fato de que chegou ao Rio de Janeiro pela cidade de Teresópolis, que o acolheu prontamente e que sempre atuou também em Nova Friburgo, onde desenvolveu vários de seus projetos. Ele disse ainda que o prato será incorporado ao acervo da Associação, que representa 700 feirantes, quatro mil funcionários diretos e dez mil indiretos, uma cidade dentro da Cidade Maravilhosa.
O diretor encerrou com uma afirmação importante para a Euterpe: “E realmente vivemos hoje dois momentos históricos para a Feira de São Cristóvão. Primeiro a comemoração dos 100 anos de Luiz Gonzaga, grande por mostrar a música do Nordeste para o Brasil e o mundo e, muito mais do que isso, por revelar a riqueza da cultura e as tradições nordestinas. E, depois porque, pela primeira vez em sua história, a Feira Nordestina apresentou uma orquestra deste nível nos brindando com esse concerto, com os cânticos e as músicas de nosso grande brasileiro, a partir de agora, Luiz Gonzaga do Brasil”.
Banner sobre o Concerto foi para o Museu de Gonzagão e Presidente convida banda para aniversário da Feira
Diretor de cultura da Associação de Feirantes, Carlos Marabá ficou muito impressionado com a Euterpe. Assistindo ao concerto em frente do palco, ele esteve o tempo todo prestando muita atenção à apresentação sempre com seu chapéu de couro se destacando em meio ao público. Marabá disse que gostou muito da sonoridade que juntou a orquestra e as músicas de Gonzagão.
O diretor também gostou muito do banner que a banda levou e recebeu entusiasmado a informação de que o diretoria estava ofertando a peça para o acervo da feira. De imediato, Marabá acatou a sugestão do presidente do Conselho Fiscal da Euterpe, Laênio Stutz Pereira, para que o banner fosse exposto no museu de Luiz Gonzaga. Laênio foi um dos integrantes da diretoria que acompanhou a Euterpe nesta apresentação. Além dele e do presidente Assis (Conselho Diretor), estavam: o presidente do Conselho Deliberativo, José Nilson da Silva; o segundo vice-presidente José Augusto Vianna Lontra e o euterpista Manuel Ricardo Salgueiro. Já o engenheiro Paulo Gomes representou o secretário estadual de Transportes, Julio Lopes.
Presidente da Associação dos Feirantes, Helismar Leite gostou tanto do concerto da Euterpe que propôs uma parceria entre a Feira Nordestina e a banda friburguense: para começar ele formulou convite à banda para se integrar aos festejos do aniversário do Centro Luiz Gonzaga de Tradições Nordestinas, em setembro do próximo ano.
Completando naquele dia 13, 33 anos de sua chegada ao Rio de Janeiro, a cearense Chiquita, dona de um dos mais badalados restaurantes da Feira—a Barraca da Chiquita—exatamente em frente ao palco onde a Euterpe tocou, se dividia entre sua costumeira atenção aos clientes e assistindo à Euterpe. Com sua empolgação e expansividade características, ela disse que a apresentação da banda conferiu à festa um momento especial e diferente: “O que vi aqui nesta noite foi a banda ser o fortificante de nossa festa. Que vocês venham muitas outras vezes”, afirmou Chiquita se dizendo ainda feliz pela data coincidir com a sua vinda para o Rio.
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