A Sociedade Musical Euterpe Lumiarense completa 125 anos nesta quarta-feira, 20, mesma data do aniversário do distrito de Lumiar e do padroeiro da localidade, São Sebastião. A comemoração, no entanto, será no próximo sábado, 23, às 19h, na Praça Carlos Maria Marchon, no centro de Lumiar. A Euterpe Lumiarense foi fundada cinco anos antes da banda do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro, criada por Anacleto de Medeiros (1866-1907) em 1896. Nova Friburgo tem tradição em bandas de música. A Euterpe Friburguense, por exemplo, nasceu em 26 de fevereiro de1863; a Campesina Friburguense, em 6 de janeiro de 1870 e a Euterpe Lumiarense, em 20 de janeiro de 1891.
O escritor Maurício Siaines, morador do distrito e entusiasta da Euterpe Lumiarense destaca: “A banda do Corpo de Bombeiros, empregando inúmeros músicos do Rio de Janeiro e registrando em partituras sua produção, contribuiu muito para a estabilização do choro como gênero musical. Somente este fato afirma o significado cultural do movimento de criação de bandas de música", atesta ele. Ainda de acordo com Siaines, a Euterpe Lumiarense é fortemente enraizada na vida local e por este motivo afirma-se ser ela “referência cultural na região desde 1891”.
A trajetória da banda ao longo de 2015
O ano de 2015 foi marcado por diversas atividades envolvendo a Euterpe Lumiarense. Em 17 de janeiro, integrantes do grupo Sanfoneiros da Serra e amigos se reuniram na sede da Euterpe para relembrar histórias da sanfona e da vida social em que o instrumento tinha presença garantida.
Em janeiro, a banda de Lumiar foi convidada a participar das homenagens a Heitor Villa-Lobos, pelo centenário de seu concerto em 2015 no Theatro Dona Eugênia. Diversas peças do maestro foram incluídas nas apresentações. O livro Rodízio de contos temperados com humor, de Enéas Heringer, foi lançado em março. Era um sonho lançar o livro na Euterpe Lumiarense, cenário de muitas de suas lembranças. Nascido e criado na localidade de Ponte dos Alemães, em 1925, Enéas jogou futebol no campo do Lumiar Futebol Clube, em frente à sede.
A Semana do Choro também foi marcada entre 18 e 25 de abril dando continuidade as comemorações do dia 23 de abril - Dia Nacional do Choro e aniversário de Pixinguinha. Alfredo da Rocha Vianna Júnior, o Pixinguinha, cresceu no bairro do Catumbi, no Rio de Janeiro, em ambiente de grande movimentação musical, e tornou-se uma das figuras mais importantes da música popular brasileira.
E para dar sequência ao dia do Pixinguinha, foram selecionados filmes a respeito de sua obra. As apresentações foram enriquecidas com ideias de Sérgio Prata, cavaquinista e pesquisador, vice-presidente do Instituto Jacob do Bandolim, membro do conselho gestor da Euterpe Lumiarense.
A semana foi encerrada com um espetáculo de rara qualidade com a roda de choro, no sábado, 25 de abril. Os ganhadores foram os moradores locais e os turistas que aproveitavam o feriado desfrutando das belezas de Lumiar. “O acontecimento evidenciou o quanto as atividades culturais podem significar para o turismo.", explica Maurício Siaines.
O Ponto de Cultura do distrito foi contemplado no edital lançado em 2009 pela Secretaria estadual de Cultura do Rio de Janeiro, em convênio com o Ministério da Cultura e a Euterpe Lumiarense, também em 2015, obteve o reconhecimento pelo Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), como Ponto de Memória, passando a ser o primeiro Ponto de Memória de Nova Friburgo.
Siaines, por ser um declarado apaixonado por Lumiar: "Por força do trabalho de reconhecimento da memória local, tanto da música, como de saberes e fazeres tradicionais, criou-se na estrutura da sociedade local, um centro de cultura e memória, cujo nome escolhido foi uma homenagem póstuma a Maria Damasco Mouta, mulher de fibra, professora, ícone na região como lutadora pela educação.
A banda e a comunidade
O intuito da Euterpe Lumiarense é desenvolver um trabalho comunitário, por isso, visa atender outras demandas da localidade. Em apoio à Secretaria de Cultura de Nova Friburgo, da qual a banda recebe apoio, desenvolve desde 2010 em Lumiar oficinas de balé, resultado das parcerias com a escola de dança Studio 3, e teatro com Edmeio Gomes, professor de artes e organizador do teatro infanto-juvenil. Com isso, a banda acolheu o Quinteto Arte Itinerante, formação musical compostas por jovens, criada por eles mesmos.
O quinteto se destacou no lançamento do livro de Enéas Heringer. Esses jovens e outros, também músicos da banda, percorrerão as escolas da região, a partir deste ano, a fim de estimular o gosto pela música. A atividade será administrada por Sandra Castro, coordenadora de projetos da banda Euterpe Lumiarense.
Todas as iniciativas desenvolvidas ou abraçadas pela banda estão de alguma forma unidas a sua banda de sopros e percussão. Para Sandra é importante a parceria e afirma: “Não nos interessa simplesmente ocupar o espaço. É preciso esforços no sentido de fortalecer a memória desta genuína cultura tradicional local: a centenária Sociedade e sua banda musical.
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