Euterpe Lumiarense: a emoção da volta

terça-feira, 12 de abril de 2011
por Jornal A Voz da Serra
Euterpe Lumiarense: a emoção da volta
Euterpe Lumiarense: a emoção da volta

Maurício Siaines

A banda-escola da Sociedade Musical Euterpe Lumiarense se apresentou no último sábado, 9 de abril, enchendo de gente a Praça Carlos Maria Marchon, no centro de Lumiar, em um fim de semana tido como “morto” pelos empresários locais do ramo da gastronomia e da hotelaria, sensíveis às oscilações no movimento da localidade.

Foi o rompimento de mais 40 anos de silêncio de uma banda que marcava a vida da região, desde 1891 — contrariando as previsões dos céticos. A emoção que a volta da Euterpe Lumiarense provocou pode ter significado simbólico de uma nova vida que se desenvolve na região. Ivone Maria Heiderich, de 74 anos, presidente de honra da Euterpe Lumiarense, emocionada dizia que muito temia morrer sem voltar a ver a banda tocar, porque “era a atração dos moradores” o que a fazia ter o sonho de “ver esta banda funcionar novamente”.

Posicionada discretamente na praça, o contentamento de Ivone aumentou ao ouvir o comentário de Sérgio Prata, cavaquista e diretor de pesquisa do Instituto Jacob do Bandolim, que se impressionara com o grau de afinação da banda. Evidencia-se aí o importante trabalho de Gilney da Silva Oliveira, 35 anos, músico da Euterpe Friburguense e professor da Euterpe Lumiarense, responsável também pelas aulas de prática de conjunto, atuante na formação de todos os jovens que se apresentaram no sábado, em um ação que se harmoniza com o do regente da banda, Maurício Barreto. Também favoravelmente impressionado estava Mário José Bastos Jorge, o Marinho, da Campesina, hoje coordenador de projetos musicais da Secretaria Municipal de Cultura.

Os primeiros acordes do Hino de Nova Friburgo, a primeira peça executada pela Euterpe Lumiarense em seu retorno, mexeram com muitos sentimentos. Houve quem chorasse enquanto cantava. Em seguida veio “Asa Branca”, de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, depois, a marchinha de carnaval “Jardineira”, encerrando-se a apresentação com “A Banda”, de Chico Buarque. O renascimento da banda de Lumiar é um elo simbólico entre as antigas tradições locais e a realidade atual, depois de 40 anos de mudanças extremamente radicais experimentadas pela sociedade vivente nas localidades de Lumiar e São Pedro da Serra — quinto e sétimo distritos de Nova Friburgo — que, sem mudar de lugar, deixou um mundo quase que exclusivamente agrícola para se integrar a um grande desconhecido e globalizado universo, através da ponte do turismo.

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