Simbolizando o fim e o início de novos ciclos, a formatura é uma das etapas mais importantes na vida de um jovem estudante e merece comemoração. No último dia 21 de dezembro, os alunos do terceiro ano do ensino médio do Colégio Estadual Eduardo Breder viveram esse momento, mas a dor de cabeça e a aflição quase fizeram o sonho da bela cerimônia de comemoração ir por água abaixo. Depois de quase dois anos juntando dinheiro para a festa, os formandos da instituição de ensino localizada no Campo do Coelho levaram um calote da empresa que estaria responsável por fornecer o bufê da celebração.
Segundo o estudante Jefferson Araújo, integrante da comissão de formatura do colégio, o contrato do bufê, no valor de R$ 5.000, foi fechado em setembro deste ano e pago à vista.
“Pagamos mensalidades, fizemos cantinas, rifas, barraquinhas de festa e trotes. Mas, ao contatarmos serviços de bufê da cidade, nos deparamos com preços que não estavam cabendo no nosso orçamento. Quando estávamos prestes a desistir, encontramos uma indicação no Facebook de uma amiga nossa que se casou, elogiando os serviços dessa empresa. A partir disso, fizemos o contato, ele nos mostrou o valor total e ficamos entusiasmados em continuar com os planos de fazer a festa. Até pagamos à vista para ter direito ao desconto. Ele também já tinha realizado uma formatura da escola em 2014 e outros eventos no bairro, por isso confiamos”, explica Jefferson.
Os transtornos, entretanto, vieram bem antes da data do evento. Jefferson conta que a desconfiança de que algo estaria errado começou já na degustação dos salgados e doces. “Demoramos muito pra conseguir falar com ele e, quando conseguimos, disse que tinha sofrido um acidente de carro, mas que em breve nos encontraria. Quando finalmente foi marcada a degustação, ele simplesmente não apareceu. Horas depois, conseguimos fazer contato e ele disse que havia sofrido um acidente de carro no caminho. A partir daí, começamos a desconfiar”, afirma Jefferson, acrescentando que “na última tentativa de encontro para degustação, o contratado deixou os salgados e doces com uma das funcionárias da escola e pediu para nos entregar porque estava com pressa. Provamos cada um e ligamos pra ele para reclamar da conduta e pedir modificações em certas coisas. Ele só apareceu no dia 24 de novembro para autenticarmos o contrato. Depois disso, a última vez que conseguimos contato com ele foi no dia 29 de novembro”.
Sem o dinheiro para pagar um novo fornecedor de bufê para o evento e nervosos com a situação, alguns alunos quase desistiram de participar da formatura. “De lá pra cá, vivemos o verdadeiro inferno. Se não bastasse toda pressão, ansiedade e preocupação com um evento tão significativo que é a formatura, tivemos que procurar a casa dele, contatos de pessoas que o conheciam. Enfim, os dias que antecederam a formatura (em especial, a véspera) foram extremamente exaustivos e o stress foi tamanho que quase não participamos da solenidade”.
“Ele arruinou o nosso sonho. Mas graças a Deus, diversos responsáveis e amigos se mobilizaram e conseguimos, na última hora, comprar uns salgadinhos, refrigerantes, doces, que serão pagos por meio de mais trotes, rifas.” O caso foi registrado na 151º Delegacia de Polícia e está sendo investigado.
Para o gerente do Procon de Nova Friburgo, Júlio Siqueira Reis, “sem sombra de dúvidas, além do crime de estelionato, o que esse bufê fez viola flagrantemente o código de defesa do consumidor. O pagamento por um serviço não prestado dá ensejo não só à devolução de tudo que foi pago como também a uma indenização por danos morais para cada aluno lesado”, explica Júlio, acrescentando que “nessa situação só resta aos alunos ingressarem com uma ação judicial para tentar receber o que foi pago e mais a indenização por danos morais”.
Noivas temem estelionato
O caso dos alunos do Colégio Eduardo Breder gerou tanta repercussão nas redes sociais que diversos friburguenses começaram a se manifestar sobre a situação. De acordo com alguns internautas, inclusive, calotes desta mesma empresa já teriam acontecido com turmas de formandos de outras escolas do município e em eventos variados.
A noiva Cristiane Peixoto é uma das clientes da empresa de bufê e festas que tem se desesperado com a situação. Com o casamento marcado para daqui a pouco mais de dois meses, ela já tem procurado alternativas para não ficar sem a celebração. “Choro todos os dias, não consigo dormir direito. Ele não responde nossas ligações, mensagens e não mora mais no mesmo endereço. Estamos ficando doentes com essa situação e aflitos, não podemos ficar esperando até que ele apareça. Já ouvi boas referências dele mas, de uns tempos para cá, as coisas mudaram muito. Não sei o que está acontecendo”, desabafa a noiva.
Orçado em cerca de nove mil reais, o contrato assinado para o casamento de Cristiane e seu noivo Ronaldo contaria com bufê, bolo, doces, decoração, recepcionista, dez garçons e DJ. “São 200 convidados para a festa e já distribuímos convites. Estamos correndo atrás de tudo para, pelo menos, termos uma comemoração. Demos R$ 4.300 de entrada e iríamos dar o restante perto do casamento. Não temos mais dinheiro para investir além do que já tínhamos juntado, algumas pessoas estão até nos emprestando”, explica Cristiane, acrescentando que “a única coisa que ficamos sabendo é que a própria esposa dele não o vê há mais de um mês e que ele teria ido para São Paulo porque está sofrendo ameaças de outras pessoas”.
Amanda Santos é outra noiva que tem vivido um verdadeiro pesadelo. Com casamento marcado para maio de 2017, ela também não consegue mais entrar em contato com o fornecedor friburguense. “No último contato que ele fez com minha mãe, disse que realizaria meu casamento, mas iria trabalhar de uma forma diferente. Mas, depois disso, ele nunca mais apareceu. Mandei várias mensagens, fui até o endereço do contrato e nada. Não sabemos mais o que fazer”, conta ela, acrescentando que “ele pegou o dinheiro da entrada comigo dizendo que ia reservar o salão, mas entrei em contato com o responsável pelo espaço na semana passada e a pessoa não sabia de nada. Ele já havia feito o casamento da minha mãe e a minha formatura. Ele é uma pessoa boa, talvez esteja passando por algum problema, não sei, mas nós é que não podemos pagar por isso”.
A VOZ DA SERRA tentou entrar em contato com Gilmar Fonseca, responsável pela empresa envolvida no caso, mas até o fechamento desta edição não obteve respostas.
Deixe o seu comentário