No início de maio, seis jovens franceses, alunos do Lycée Saint-Exupéry onde estudam Comércio Internacional - chegaram a Nova Friburgo para estágio e intercâmbio por dois meses. Escolheram a cidade serrana para conhecer a cultura brasileira e praticar o português. A vinda do grupo ao país foi organizada pela Aliança Francesa em parceria com empresas locais como o jornal A VOZ DA SERRA - que recebeu a estudante Rousanna Feckler -, e famílias friburguenses.
Killian Glanec, Charlene Chausson, Anaïs Diby, Marie Perrayon, Sarah Couadier e Rousanna Feckler embarcaram nessa aventura com a expectativa de vivenciar o dia a dia de um povo e de um país desconhecidos, pelo qual tinham interesse em conhecer. Costumes, culinária, comportamento, hábitos, lazer, educação e cultura, tudo lhes despertava a curiosidade. E, aproveitar para conhecer a cidade brasileira que mais atrai turistas de todo o mundo, o Rio de Janeiro.
Os seis - cinco moças e um rapaz - vivem em La Rochelle, uma pequena cidade da França, de 80 mil habitantes. Aperfeiçoar o idioma é um dos objetivos principais da viagem, já que quanto mais e melhor se expressarem em línguas estrangeiras, mais preparados estarão para desempenhar suas funções na carreira que escolheram seguir. Vejam como avaliaram sua passagem por Nova Friburgo.
As impressões da cidade
Killian GLANEC, 18, conhece a Inglaterra e Espanha. Tinha a expectativa de encontrar um país sem problemas, onde tudo sempre vai bem. Concluiu que os brasileiros são simpáticos, mas se impressionou com o ‘mau comportamento no trânsito’.
“Me sinto muito bem aqui, é como se estivesse na minha cidade. Posso fazer tudo sozinho, as pessoas são carinhosas e parecem mais felizes do que na França. Tive muitas experiências, entre positivas e negativas. A positiva é sobre um retorno pra casa, de ônibus, no qual um amigo brasileiro pediu a uma senhora para me avisar onde descer. Ela foi atenciosa e ficou do meu lado todo o tempo, foi uma companhia muito agradável. A negativa foi o “encontro” com um grupo que nos cercou e, de acordo com meu amigo, eles queriam dinheiro e celular. Eu não entendi nada, mas ele conseguiu que fossem embora sem levar nada. Foi só isso de ruim. Eu sabia que esta viagem seria boa, mas não pensei que fosse tanto. Fiz muitos amigos, encontrei pessoas que nunca esquecerei. É a melhor experiência da minha vida. O meu português também melhorou. Da comida, adorei frango com cenoura (ensopado).”
Charlene CHAUSSON, 20, conhece a Alemanha, Espanha, Inglaterra e Suécia. Falou da paixão do brasileiro pelo futebol e destacou a simpatia das pessoas. O choque cultural ficou por conta da (des)organização familiar, por causa do horário das refeições, já que as pessoas, principalmente as que trabalham fora, têm o hábito de fazer as refeições fora de casa. E o contraste entre as classes sociais.
“Me sinto muito bem no Brasil, são todos muito calorosos. Gostei de descobrir as diferenças culturais entre o Brasil e a França. Um dado negativo é a enorme diferença entre as pessoas muito ricas e as pobres. De positivo, as experiências humanas e profissionais, o aprendizado, em geral. Melhorei muito o meu português (agradeço a paciência da família que me recebeu e que está sempre corrigindo os meus erros). Tudo tem ficado acima das minhas expectativas. Descobri muitas coisas sobre mim, sobre o mundo e estou feliz com tudo. Pretendo compartilhar tudo isso com os franceses. Adorei a farofa!”
Anaïs DIBY, 19, conhece Portugal e Espanha. Considera os brasileiros carinhosos, a comida boa e a natureza linda. Mas, assustou-se com o comportamento das pessoas no trânsito.
“Estou feliz de ter vindo. As pessoas são ótimas, me ajudam no que preciso e aprendo com elas. Por aqui aceitam melhor as diferenças, cada um pode ser como é, sem olhares reprovadores. Não deixam que comentários negativos as façam mudar. Mas gosto de morar na França, onde tenho a minha família, os meus amigos e outras coisas. Sinto falta disso, às vezes. De positivo, se você tem um problema todos ajudam, mesmo que só um pouco. Aqui, é natural ajudar os outros. De negativo, penso que o governo não ajuda a população como deveria, em Saúde e Educação. Na França estamos acostumados a ter ajuda do governo. Algumas coisas são melhores do que eu pensava, como as paisagens, é tudo muito bonito e grande. O país é maior do que eu achava e a comida é como eu tinha imaginado, boa e diversa. Adorei a farofa e a banana à milanesa.”
Marie PERRAYON, 18, conhece Escócia, Luxemburgo, Creta (ilha da Grécia), Irlanda, Inglaterra, Espanha e Alemanha. Observou que as pessoas são simpáticas e estão sempre atrasadas. Acha curiosa a maneira como os brasileiros se cumprimentam, raramente usando o tradicional ‘bom dia’, preferindo o ‘oi, como vai, tudo bem?’ Enquanto na França se diz formalmente o ‘bonjour’, aqui os cumprimentos são efusivos.
“Estou muito bem no Brasil, gosto do jeito ‘zen’ do povo. As pessoas são carinhosas e o país é um lugar para o qual gostaria de voltar. Estou com muita saudade da família. Foi positivo conhecer tanta gente. Aprendi muito sobre pessoas e eu mesma. Algo negativo é que parece que os brasileiros não falam o que pensam, nem quando têm problemas. Esperava muito dessa viagem, foi um desafio partir para um país tão longe do meu. É a minha primeira viagem sozinha. Estava muito impaciente por encontrar e morar com uma família brasileira para descobrir a cultura desse país. Queria melhorar o meu nível de português, e melhorei, mas não tanto como esperava. Me sinto mais madura depois dessa viagem e muito mais capaz. Queria também que a minha família ficasse orgulhosa de mim. Ainda é difícil saber, mas acho que eles vão ficar orgulhosos, sim. O que mais gostei da cozinha brasileira foram as frutas, exóticas e gostosas”
Sarah COUADIER, 19, conhece a Inglaterra, Espanha, Itália e Estados Unidos. Sabe da adoração dos brasileiros pelo futebol e a primeira impressão que teve foi a simpatia. Ficou impressionada com a quantidade de pratos da nossa gastronomia, achou tudo muito diferente e principalmente, variada.
“As pessoas são muito mais acolhedoras do que os franceses. De negativo, penso que os brasileiros não falam o que acham. Agora, tem muita coisa positiva… por exemplo, os brasileiros estão sempre dispostos a ajudar. Essa viagem superou as minhas expectativas. Não sabia que ia me sentir tão bem aqui, que seria tão bom e que encontraria pessoas tão legais. Adorei os brigadeiros!”
Rousanna FEKLER, 18, conhece a Armênia, Rússia e Suíça. Considera os brasileiros um povo calmo e simpático e chama sua atenção o fato de estarem sempre sorrindo, mesmo com estranhos. Observou que as pessoas fazem as refeições a qualquer hora, não seguindo uma rotina.
“Quando cheguei, foi muito difícil. É tudo muito diferente, não sabia falar português, não estava com a minha família, a comida era muito diferente também. Agora, não quero ir embora. Depois de tentar falar e escutar mais, me envolvi e comecei a gostar de tudo: da comida diferente que agora eu adoro, do idioma tão diferente, de poder me encontrar com mais pessoas, descobrir mais coisas. Me sinto muito mais livre aqui do que na França, eu acho que nunca me senti tão bem como no Brasil. Aqui, as pessoas não ficam se julgando, se aceitam muito mais, respeitam suas diferenças e tentam usar isso para se enriquecer, interiormente. Tipo: o que ele tem de diferente posso usar para ser melhor e entender isso.
Boa experiência: quando cheguei não praticava nenhum esporte. Aí, fiz muai thai, capoeira, dança de salão, zumba... Quando voltar à França vou continuar fazendo muai thai, mas não sei se vou gostar tanto, porque talvez seja a maneira de fazer é que me fez gostar tanto, com as pessoas sorrindo todo o tempo, fazendo o que gostam. De negativo, eu tenho problemas nos tornozelos e caminhar aqui nas ruas é muito difícil. Ando me segurando, olhando o chão. Já caí muito aqui por causa disso.. deve ser muito difícil para as pessoas com mais dificuldades para se locomover em cadeiras de rodas, com muletas, e crianças e idosos.
Essa viagem foi uma experiência inacreditável para mim. Nunca achei que podia sentir-me tão bem num país tão diferente do meu. Vou ficar com muita saudade do sorriso e do bom humor dos brasileiros. Os franceses são muito fechados e aqui aprendi a ser mais positiva, mais tranquila (todavia, tenho que trabalhar um pouco mais isso, rsrs). Eu sei que vou voltar porque tem muitos lugares para visitar e muitas pessoas para encontrar. Adorei o pastel de carne e a paçoca (doce de amendoim)”.
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